Capítulo 14

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Capítulo 14: (Lavinia)

A semana havia passado rápido. Não houve nenhum grande acontecimento nele. Mas uma coisa permaneceu: Juan continuou perguntando sobre minha vida. Só que eu segui o conselho do Leo, e parei de dar as informações que ele queria. Na verdade, ele é estranho mesmo. Apesar de ter vindo lá por causa de uma depressão, ele nunca apresentava sinais de uma. No começo, ou melhor, no primeiro dia que o vi, até dava para ver como ele estava triste por ter perdido a namorada de um jeito tão cruel, mas agora não mais. É tudo tão estranho.


Um dia desses o pai dele havia vindo visita-lo. E foi assim que eu descobri que a mãe dele havia morrido em um acidente quando o Juan ainda tinha apenas três anos de idade. E quando saí do quarto para deixa-los a sós, escutei pela porta alguma coisa do tipo "você está indo muito bem, filho". Achei aquilo meio estranho, mas não comentei nada.


Hoje eu iria ficar na clínica até bem tarde. Teria que dormir lá, pois meus pais faziam aniversário de casamento e eu queria que eles comemorassem por isso me ofereci para tomar conta da clínica, e como não teria como eu voltar muito tarde, meus pais acharam mais seguro eu dormir no escritório deles. Leonardo não gostou da ideia e tentou convencê-los, mas nem eu nem meus pais gostávamos da ideia dele sair de tarde da noite só para me buscar. Já bastava que ele havia me buscado todos esses dias, e me levado algumas vezes.


Então hoje eu era responsável pela clínica. E estava um pouco insegura. Não é como se eu estivesse cuidando só do meu paciente, eu iria ficar aqui a noite toda, e só poderia descansar assim que a clínica fechasse e os funcionários do turno da manhã fossem embora.


- Vou ficar bem, meu amor.- falei no telefone para o Leo pela centésima vez no dia.


- Tem certeza de que não quer que eu vá te buscar?


- Tenho, Leo. Eu vou ficar bem, juro. Daqui poucas horas eu vou estar dentro do escritório dos meus pais, e a maioria dos funcionários irão embora. Não vai acontecer nada. O que poderia acontecer, afinal?


- Hum... Não sei. Sei lá. Só não gostei muito da ideia...


- Leo, não se preocupe. Fique bem. Boa noite. Amanhã de manhã juro que ligo pra você.


- Tá. Mas liga mesmo, viu? Boa noite, princesa. Beijos.


- Beijos.


Desliguei e fui para a área dos funcionários. Guardei meu celular na minha bolsa que estava no armário. Deparei-me com a minha agenda, que eu gosto muito. Sim, aquela agenda que eu anoto frases e guardo recados. Peguei-a, e olhei para sua capa, que eu tanto amo. Deixei meu calendário da faculdade cair, me abaixei para pegar e o analisei. Minhas férias estavam acabando. Logo minha rotina normal iria voltar. Eu trabalhando e estudando, e quase sem tempo para minha vida social. Mas a vida é corrida. Fazer o que né.


Andei em direção ao quarto do Juan. Já eram 20:30h, ou seja, meu turno com ele já havia acabado, mas eu queria conferir se estava tudo certinho, e dizer boa noite. Depois disso eu iria ficar no escritório dos meus pais organizando uns relatórios.


Parei de andar assim que comecei a sentir algo estranho dentro da minha bota. Comecei a mexer meu pé dentro dela para ver se melhorava. Bom, deve ser alguma pedrinha, ou coisa do tipo. Voltei a ir em direção ao quarto do Juan.


- Boa noite, Juan.- falei assim que abri a porta do quarto dele.


Ele estava deitado em sua cama, lendo um livro que o pai dele trouxe quando veio visita-lo.


- Boa noite, Lavinia. Até amanhã.


- Até.


Fechei a porta, e fui em direção ao escritório de meus pais.


E assim foi minha noite, até às dez horas fiquei apenas arrumando papéis e papéis. Bom, pelo menos há essa hora meus pais estavam passando uma noite sossegada, coisa que eles não fazem a muito tempo.


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- Lavinia, por favor, vá embora. Liga pra mim, não importa o horário, só liga e pede para eu vir te buscar!


Olhei para trás e contemplei meu namorado, que estava com uma expressão desesperada.


O cenário era a clínica, fria e branca como sempre. E Leonardo estava no corredor a alguns passos longe de mim.


- Leo, eu vou ficar bem.- falei tentando acalmá-lo.


- Não, você não vai!


E foi naquela hora que eu percebi que ele estava chorando. Mas por quê? O que iria acontecer?


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Acordei meio confusa. Olhei em volta, e percebi que ainda estava sentada na mesa da minha mãe, e com um monte de papéis em baixo de meus braços, que era onde minha cabeça estava apoiada.


Pois é. Eu havia pegado no sono.


O relógio que estava do meu lado marcava que eram 23:00h. Levantei da cadeira e comecei a recolher os papéis, que eu tinha que levar na sala de arquivos.


Com certeza toda a clínica deveria estar dormindo, claro, menos os enfermeiros que faziam plantão de noite.


Andei pelo corredor rumo à sala dos arquivos. Mas de repente comecei a ter a impressão de que alguém estava me perseguindo. Parei no mesmo instante. Virei para trás, mas não vi ninguém. Continuei andando. Mas parei quando...


- Indo para algum lugar, Lavinia?



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