Quinze minutos depois cheguei ao restaurante. Ele vai me achar tão irresponsável e mal educada! Assim que entrei um rapaz me recepcionou.
— Boa noite, seu acompanhante a aguarda. Venha comigo, por favor.
O segui e ele me levou para uma parte afastada de onde as outras pessoas estavam. Logo localizei Johann sentado confortavelmente em uma mesa perto da janela, usando calça jeans bem sociável, camisa social com as mangas puxadas exibindo seus antebraços fortes e o blazer sobre os ombros da cadeira de madeira.
Ele sorriu ao me ver e se levantou.
— Desculpe o atraso. —Pedi. — Acabei demorando um pouco mais no banho...
— Está tudo bem. Valeu a pena esperar. Está linda.
— Obrigada. Você também.
Ele riu e serviu-me de vinho. Escolhemos o prato de entrada e depois o silencio baixou sobre nós.
— Gosta daqui? —Puxou assunto.
— É lindo... Uma boa escolha.
O rapaz voltou com nosso primeiro prato e nos serviu mais vinho. Procurei não exagerar, vinho sempre me pegou rápido, não poderia cometer tal deslize. Comemos em silencio, e sentia o olhar avaliador e atento de Johann sobre mim. Pousei os talheres, limpei a boca com o guardanapo e o olhei de volta.
Os olhos estavam vivos e intensos, como um desenho em 3D daqueles que prendem totalmente o imaginário da criança.
— Por que me olha assim? —Ele perguntou.
— Você também me olha "assim". —Falei.
Ele riu brevemente e pousou as mãos sobre a mesa.
— Você é um tanto misteriosa. —Ele disse.
— Você é um jovem muito rico e bem sucedido, ninguém sabe nada sobre sua vida pessoal, onde mora, o que faz no tempo livre, gostos, prazeres... E eu sou a misteriosa? —Ri levemente. — Você é o mistério, Johann.
Levei minha taça de vinho à boca e bebi um longo gole. Ele me observava atento, e um sorriso brincava em seus lábios delicados.
— Morei em muitos lugares, não faço nada no tempo livre, meus gostos são simples, os prazeres são os mesmos que os seus, acredito, e você é misteriosa.
Suspirei observando sua postura formal e divertida, e movida pelo vinho, o enfrentei.
— Você não deu nenhuma resposta. —Falei firme. — Creio que para um homem que tem a vida que você tem, exibir-se pode ser um prazer ou um clichê desnecessário. —Arrisquei.
— E o que acha do meu caso? —Ele parecia curioso.
— Acredito que você acha desnecessário.
— Está certa. —Ele me serviu mais vinho. — Agora me fale de você.
— O que quer saber?
— É uma moça realmente atraente e muito educada, seus modos na empresa me fazem me perguntar se você também é assim em sua... Roda de amigos?
Pensei um pouco sobre a introdução dele, e achei que poderia responder. Não tinha nada demais em falar um pouco sobre mim, talvez assim ele falasse um pouco sobre ele também. Sorri vagamente e pensei sobre sua pergunta. Johann aguardava com o olhar fixo no meu.
— Não. Não sou tão formal e educada quanto mostro na empresa. É uma conduta profissional, apenas.
— Imaginei. Agora me pergunto se aqui, neste momento, você está sendo cordial ou assumindo a conduta profissional?
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Pulsação
VampireCristina Levy é estudante de medicina e é sorteada junto com mais cinco colegas de classe para assistirem uma dissecação de um cadáver encontrado por arqueólogos na Espanha. O que ela não esperava era que uma simples gota de seu sangue despertaria...