Capítulo 4

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Já estávamos no terceiro andar, ele continuava firme atrás de mim, mas eu já estava ofegando.

— Quanto falta? —Ele perguntou entediado.

— Seis lances de escada.

— Você parece cansada.

Antes que eu pudesse responder, ele me agarrou no colo e começou a correr velozmente escadas acima. Sentia o chão longe de mim, e a velocidade me deu náusea. Ele parou diante de uma porta, estávamos no meu andar.

— É aqui? —Perguntou me olhando.

— Me largue.

Ele obedeceu e não disse nada. Eu abri a porta e olhei em volta, não havia ninguém no corredor.

— Aqui está a chave. —Entreguei em suas mãos ensanguentadas. — É a quinta porta, use sua velocidade para entrar sem ser visto, eu estou logo atrás.

Ele me olhou desconfiado, mas me deu um voto de confiança.

— Se não entrar dois minutos depois de mim, vou caça-la e mata-la. —Garantiu.

Assenti nervosa e então ele sumiu diante meus olhos. Recuperei o fôlego e segui discretamente pelo corredor, parei diante minha porta e quando estava prestes a abri-la, minha vizinha surgiu.

— Oi, Cris! —Me cumprimentou alegre.

— Oi Biela. — Respondi sem o mesmo ânimo.

— Você anda sumida, garota... —Comentou puxando assunto. — Muito puxado na faculdade?

— Ah, sim. —Respondi rápido.

Vi a sombra mover-se atrás da porta e tive medo que ele saísse e atacasse a garota.

— Preciso ir, Biela. —Falei rápido. — Foi bom vê-la.

Dizendo isso a porta se abriu sem eu ao menos girar a maçaneta. Cambaleei para dentro e dei de cara com aquele individuo parado à minha frente. Ele fechou a porta e trancou-a. Desabei no chão ao lado da porta, encostada na parede e fiquei quieta. Prendi as pernas junto ao corpo e fiquei imóvel.

Ele moveu-se de um lado à outro pela sala, olhando tudo ao redor, adentrou no apartamento, mas eu não o segui, continuei em meu refugio no chão. Logo ele voltou e parou frente à mim.

— Onde posso tomar um banho? —Perguntou.

— No banheiro. —Falei em tom obvio.

— Sou seu hospede, me mostre a casa! —Rosnou.

Levantei-me devagar e segui pelo corredor de casa, ele me seguiu em silencio. Mostrei o banheiro, mostrei como ligar e desligar o chuveiro, expliquei como funcionava o sanitário, mostrei onde estava meu shampoo e condicionador, sabonete e pasta de dente e dei-lhe minha escova reserva.

— Não deixe sangue pelo banheiro. —Pedi em tom ríspido.

— Como desejar, minha cara.

Saí do banheiro e logo ouvi o barulho do chuveiro ligado. Fui para o quarto de hospede e preparei-o para ele. Meu Deus, como isso podia acontecer? Essa criatura me ameaçou de morte duas vezes em menos de duas horas, e eu aqui hospedando-o na minha casa. Mas ia fazer o quê? Se fugir, ele me acha e morro. Se pedir ajuda, provavelmente eu também morro...

Preparei o quarto, coloquei travesseiros e cobertor sobre a cama. Deixei tudo bem à vista para que ele não me incomodasse. Sentei-me um minuto, sentindo o medo dar lugar ao cansaço emocional e ao aborrecimento.

— Não deixei sangue pelo banheiro, como pediu. —A voz dele me assustou.

Virei-me e dei de cara com aquele homem nu.

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