Preparei ovos mexidos e um suco para meu café, e comi sozinha e em silencio. Lavei a louça de hoje e de alguns dias atrás e depois guardei tudo. Coloquei algumas roupas para lavar na maquina, e depois para secar na secadora, enquanto outras roupas iam para a lavagem.
Terminei todas as minhas peças em menos de duas horas e lembrei-me de Karan. Ele não tinha saído do quarto e não tinha roupa dele aqui para lavar. Ele pode ser um louco matador, mas eu não iria deixar ele andar com roupas sujas... As roupas que EU comprei.
Deixei a maquina de lavar ligada e fui ate seu quarto. Bati e ele abriu antes que eu batesse pela segunda vez. O cabelo estava molhado, ele já tinha tomado banho, vestia outra calça jeans de lavagem clara e um camisa rosa, estava lindo.
— Ela já respondeu? —Ele perguntou serio.
— Ah... Ah, não. É que eu... Estou lavando roupa, vim buscar a sua pra lavar também.
Ele permaneceu parado à porta, calado e me encarando. Parecia que eu tinha dito que iria espanca-lo.
— Vamos, Karan, não tem nada demais nisso. —Falei. — Na sua época as mulheres não lavavam as roupas? —Brinquei.
Ele suspirou e entrou no quarto deixando a porta aberta, eu o segui para dentro do quarto. Karan apanhou a calça jeans que tinha usando ontem, mas não me entregou a camisa nem a boxer. Continuei parada esperando que ele procurasse pelas peças, mas ele não procurou.
— A boxer também, Karan. —Falei. — A camisa que você usou ontem, onde está? Vou lavar também.
Ele pareceu incomodado, mas pegou a boxer que estava dentro na gaveta e caminhou ate a cama e puxou a camisa de debaixo do colchão. Eu comecei a rir.
— Por que você escondeu a camisa, Karan? —Perguntei ainda rindo.
Ele se virou serio e colocou a camisa em minhas mãos. A cor da camisa era quase irreconhecível pela mancha grande e escura que a cobria por quase todos os lugares. Meu riso sumiu, fiquei entorpecida. Ele usou essa camisa ontem, como...? Lembrei que boa parte da noite ele ficou sem camisa.
Levantei meu olhar para ele e ele sondava meu rosto, a expressão seria e sombria. Eu engoli em seco e sem dizer uma palavra, fechei o tecido entre as mãos e saí do quarto. Coloquei a calça jeans e a boxer primeiro, para não manchar sua lavagem com a mancha da camisa. Quando me virei, Karan estava lá, me olhando.
A camisa ainda estava entre minhas mãos e não pude evitar de olhar para a mancha escura. Quando ele sairá? Quem matou dessa vez? Imagens dele naquele estado sem vida me vieram à mente e estremeci.
— Está lembrando de novo. —A voz dele soou alta e me sobressaltou.
Quando o olhei, Karan já estava bem próximo à mim. Sua expressão estava sombria e o olhar assustador.
— Estava lembrando, não estava? —Insistiu se aproximando mais.
Instintivamente, eu recuei e bati na maquina. Karan me encurralou e me fez olhar para seu rosto.
— Não quer saber quando eu saí? —Sugeriu maldoso. — Não vai fazer perguntas?
Neguei com a cabeça. Isso não o fez desistir...
— E por quê?
— Quanto menos eu souber, melhor. —Falei baixinho.
— Tem medo que aconteça o mesmo com você, Cristina? —A voz dele era debochada.
Assenti positivo, sentindo minha garganta fechar. Ele estava me assustando de novo. Ele parou de falar e se afastou, seu olhar ainda em mim, mas agora sua expressão estava diferente. Parecia arrependido.
— Desculpe. —Falou. — Prometi não te assustar.
Eu só assenti de novo e me voltei para a máquina. Tirei a calça jeans e a coloquei para secar e coloquei a camisa na lavagem. Karan sentou-se na mesa e ficou me olhando em silencio, não disse mais nada, eu tampouco tentei puxar assunto.
Por volta de meio-dia todas as roupas já estavam lavadas, secas e passadas. Separei minhas roupas e peças intimas de sua muda de roupa e deixei que ele levasse para guardar. Ele assentiu sem dizer nada e eu segui com meu cesto de roupas para o quarto. Guardei tudo e voltei para a cozinha.
Karan já estava lá. Ignorei-o e fui para a geladeira, peguei um frio no refrigerador e esquentei no micro-ondas. Comi um pouco, quando lembrei-me de checar os e-mails. Levantei da mesa sob o olhar constante de Karan e fui dar uma checada. Havia uma resposta!
— Ela respondeu, Karan. —Avisei animada.
Imediatamente ele estava ao meu lado, abri o e-mail:
"Que bom que entrou em contanto, aguardo-a no mesmo local e hora. Vá sozinha.".
— Direta. —Comentei.
— Direta demais. —Respondeu ele desconfiado. — "Vá sozinha" não me parece confiável.
— Parece mesmo muito esquisito, mas sei lá, o que aconteceu foi muito bizarro, ninguém acreditaria...
— Ainda assim, não tenho um bom pressentimento.
— Você disse isso antes. —Reparei. — Acha que ela pode tentar algo?
— Não sei, mas não vou esperar você chegar para descobrir. Vou junto.
Suspirei e mandei um ultimo e-mail confirmando que iria. Karan passou o restante do dia trancado no quarto, e quando saía estava de cara amarrada. A ansiedade era tão grande que o dia pareceu se arrastar. Um milhão de coisas se passou pela minha cabeça.
Quando finalmente anoiteceu, Karan se adiantou em tomar banho e logo depois foi a minha vez. Me vesti com um vestido de renda rosa e forro branco, com um cinto branco marcando sua cintura, e uma sapatilha rosa bebê. Deixei o cabelo solto, mas coloquei um arquinho branco que destacava-se entre minhas madeixas negras. Quando acabei fui para a sala, e Karan já me esperava.
— Você vai de carro. —Ele disse me entregando a chave.
— Achei que você fosse também...
Estendi minha mão pare receber à chave, mas ele hesitou.
— Eu vou, mas não vou com você. —Explicou. — Se ela não sabe que estou com você, chegar comigo vai levantar suspeitas. Mesmo que ela não conheça meu rosto. Se você achar que tem algo errado, qualquer coisa, chame. Entendeu Cristina?
O jeito como ele falou me deu medo, senti um arrepio ruim subir pelo meu corpo. Assenti engolindo em seco e saímos. Descemos juntos e ao chegar à garagem, Karan me olhou mais uma vez antes de eu entrar no carro. Dei partida e saí. Ele permaneceu para trás, mas quando olhei, ele não estava mais lá. Respirei fundo.
e.Reso٘
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Pulsação
VampirgeschichtenCristina Levy é estudante de medicina e é sorteada junto com mais cinco colegas de classe para assistirem uma dissecação de um cadáver encontrado por arqueólogos na Espanha. O que ela não esperava era que uma simples gota de seu sangue despertaria...