Capítulo 24

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Karan.:

Tentei impedir que Johann levasse Cris, mas fui impedido por Walkiria. Rezei para que pelo menos ela pudesse ficar segura ate que eu fosse encontra-la. Fui obrigado a me concentrar na cena à minha frente: Walkiria furiosa jogava todas as cadeiras do lugar em mim. Todos os humanos já haviam fugido, ate os empregados do restaurante.

— Você vai me pagar, Karan! —Esbraveja ela enquanto arremessava as cadeiras. — Por todos os anos malditos que desperdicei o procurando, pela maldita joia que não me deu, mas ousou dar àquela humana!

— Você está ainda mais louca, Walkiria. —Debochei desviando uma à uma das cadeiras.

Ela urrou de raiva e veio na minha direção com uma perna quebrada de uma das cadeiras que arremessou. Walkiria tentou me acertar, uma, duas, três vezes, mas errou todas, e eu devolvi a gentileza agarrando-a pelo ombro e cintura e a arremessando sobre uma mesa que se quebrou com a força do impacto.

— Sabe o que eu não entendo, "Kiara"? —Continuei com o tom de voz debochado. — Qual o seu problema comigo. Ao longo dos anos eu superei tudo que houve, superei a paixão avassaladora, e a raiva e magoa que quase me sucumbiram. Mas e você? Não bastou me ver no fundo do poço? Tinha que me aprisionar naquele caixão? Por que, Walkiria?

Enquanto eu falava ia me aproximando dela que se levantava devagar. Parei bem a sua frente e fiquei olhando em seus olhos. Ela parecia ainda mais furiosa, porem... Arrependida! Pelo o quê?

— Não fui eu. —Respondeu. — Enzo Desclarie me seduziu. Na época eu não sabia, mas ele sabia sobre você. Queria tudo que você tinha, e viu em mim uma oportunidade. Ele me prometeu tantas coisas, eu fiquei cega, não pensei nas consequências... Quando caí em mim, já era tarde. Você tinha perdido tudo e era culpa minha.

Ela o ajudou a me roubar?! A maior beneficiada de minha riqueza foi quem me fez perder quase tudo? Eu tive que rir.

— Por que ri? —Perguntou confusa.

— Da sua estupidez. —Respondi. — Tudo que eu tinha era seu também, não me importava perder o dinheiro, pra mim tudo que importava era ter você. Eu nunca ficaria pobre! Você foi tão estupida, me fez perder bens dos quais você era a maior beneficiada!

Ela suspirou baixando o olhar e então arremessou a mesa contra mim, me acertando no abdômen. Enquanto eu ainda estava caído sobre os destroços da mesa, Walkiria veio ate mim e me olhou com ódio.

— Acha que não sei disso? —Perguntou amargurada. — Acha que não me dei conta disso, Karan? Sei o quanto fui estupida, me deixei levar por uma paixão passageira e trai o homem à quem verdadeiramente amei. Fui estupida, e me condenei por isso diversas vezes.

— Acho justo, mas ainda é pouco. —Zombei.

Ela grunhiu de raiva de novo e me agarrou pelo ombro me jogando contra a parede. Quando ela se aproximou e tentou repetir o movimento, eu a impedi e a segurei pelos dois braços, arremessando-a no chão e logo depois lancei uma cadeira em sua direção, mas ela desviou se deitando no chão.

— Eu tentei consertar o que fiz, Karan. —Disse ela se erguendo. — Eu matei Enzo, fiquei com suas riquezas...

— Isso é obvio, já que era tudo que você amava: meu DINHEIRO. —Lancei um pedaço de madeira contra ela.

— NÃO! —Defendeu-se. — Eu amava você. Sempre amei. Ainda amo.

Parei ao ouvir aquelas palavras, só podia ser piada!

— Sei que Conrad sabe de todos meus passos nos últimos anos, confira com ele, eu estive em diversos lugares do mundo procurando você.

— Ele já me contou. —Confirmou desconfiado.

— E imagino que ele, assim como você, não sabia o que mais eu poderia querer já que supostamente eu havia lhe tirado tudo que queria.

Eu assenti com a cabeça a olhando de olhos semicerrados, deixando claro minha descrença em suas palavras.

— Eu queria lhe trazer de volta, te despertar. —Continuou. — Dar a você à chance de me julgar pelo que fiz, e não nego, alimentava a esperança de que me perdoasse e ficássemos juntos outra vez.

Eu ri de novo. Walkiria deixou cair uma lagrima e suspirou.

— Eu nunca deixei de ama-lo, Karan. —Sua voz suplicava que eu acreditasse. — Quando soube que estava na Espanha, mandei Johann comprar a propriedade, mas aquela mulherzinha insuportável já havia te encontrado. E então quando você despertou, simplesmente sumiu. Fui obrigada a vir eu mesma te procurar. Quando percebi que Cristina estava mentindo, cheguei a segui-la por dias, mas você nunca apareceu. E agora está você aí com ela e ainda por cima deu para ela a única joia que eu realmente sempre quis.

— Nunca fui capaz de dá-la à você. —Dei de ombros. — Não sentia por você o que sinto por Cristina.

— VOCÊ ME AMAVA! —Gritou aos prantos.

— Acredito que sim, que te amei. —Confirmei. — Mas nunca foi como é agora. Não sei explicar, com Cristina eu me sinto um homem de verdade, eu me sinto livre dos meus erros, dos meus pecados. Sei que a amo de verdade.

— NÃO! —Gritou de novo. — Eu esperei por você todos esses anos. EU! Eu nunca desisti de você. Não vou permitir que me troque por uma humana! Vou mata-la, Karan, não deixarei que fique com ela.

Senti um arrepio ao ouvir sua ameaça. Se algo acontecesse a Cristina, eu não sei o que faria.

— Não vai fazer nada contra ela. —Avisei, mas estava com medo.

— Ah, eu vou. —Riu ela. — E farei com todas que ousarem passar pelo seu caminho, matarei todas elas. Ate você entender que EU sou a única mulher para você. E se não entender... Matarei você também, Karan!

— Não!

— Não? —Ela riu. — Vou deixar que veja com seus próprios olhos então.

Dizendo isso, Walkiria me atravessou a costela com um pedaço de madeira da mesa. Enquanto eu sangrava no chão, sentindo a dor agoniante e tentando tirar o maldito pedaço de madeira, Walkiria sumiu. Eu precisava ir atrás dela, precisava proteger... Cristina.

Soltei um grito de dor quando puxei a madeira de dentro do meu corpo e comecei a puxar suas farpas. Sentia o medo tomar conta de mim. Medo de chegar tarde demais e perder Cristina. Eu nunca perdoaria Walkiria se a tirasse de mim.

*** 

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