Karan.:
Ouvi toda a discussão de Cristina com aquela mulher, ouvi as agressões e as tentativas de Cristina de se defender. A louca atacava Cristina com ódio, eu sentia todo o corpo dela enfurecido contra o de Cristina que apesar da situação não transmitia medo. Eu queria intervir, quebrar as mãos dela por tocarem Cristina daquela forma, mas precisava ouvir o que a mulher sabia sobre mim.
Ela disse ter me estudado, saber minha vida, e levado anos me procurando, mas não disse a Cristina como chegou ate mim ou ficou sabendo sobre mim. O cheiro do sangue doce já invadia todo o lugar, ela ia matar Cristina. Então entrei no apartamento. Cristina estava no chão, ferida e quase inconsciente.
— Como sabia de mim? —Rosnei. — Como me encontrou? O que queria? ME DIGA!
— Não... Consigo... Fa...lar...
Larguei-a no chão e deixei que respirasse. Ela me olhou como se não acreditasse no que visse. Seus olhos desviaram de mim por um segundo e foram ate Cristina já desmaiada e senti o ódio e inveja toma-la.
— FALE! —Rosnei de novo.
— Eu ouvi... Ouvi falar sobre você. Por favor, não me machuque, fui eu quem te encontrou... Eu levei os alunos para você, eu te alimentei...
Ela sorria como se pudesse me fazer vê-la como uma amiga, alguém querido. Senti a ira crescendo dentro de mim. Mostrei as presas e ela arregalou os olhos.
— Onde ouviu? Quem falou? Fale logo, antes que eu perca a paciência e desista de saber.
— Um professor em Genebra, Paulo Conrad... Esse é o nome. Ele me disse sobre você, disse o que havia lhe acontecido e que você seria eternamente grato à quem lhe despertasse... Tudo que sei foi ele quem me disse. Por favor, eu imploro... Eu lhe dei ela... —Apontou para Cristina.
Conrad estava vivo? Ele era humano na ultima vez que o vi... Pelo menos tenho um ponto de partida agora. Há uma chance de recuperar tudo, desde que encontre Conrad. Olhei para a mulher jogada ao chão... Eu ia mata-la, mas devia isso à Cristina.
— Você não me deu ela nem nada. —Cuspi as palavras. — Jogou aquelas pobres pessoas como iscas, e nada teria acontecido se ela não tivesse se ferido. Foi ela quem me despertou, não você e sua tentativa fracassada e estupida de ser imortal.
— Está com ela? —Ela parecia chocada. — Deixou-a viva para que cuidasse de você? É claro... Eu posso fazer isso, Denski, sou melhor que ela... Aposto que ela tem medo, e o repudia... Eu serei leal... Lembre-se que fui eu quem te encontrou...
— E é só por isso que vou deixa-la viva.
Dei às costas e fui em direção à Cristina largada no chão, a louca ainda murmurava...
— Eu não sou a única atrás de você, Denski... —Falava ela. — Ele conhece ela... Vai ser fácil chegar até você através dela...
Me virei e a encarei.
— Ele quem?
— Johann Vicent... —Ela começou a rir. — Ele quer você... —Agora gargalhava. — Ele é como você, e tem contato com a estupida. —Apontou Cristina. — Ela gosta dele, vai lhe trair se ele pedir... Eu não trairia.
Peguei Cristina do chão com cuidado e pulei pela janela. Deite-a no banco de trás do carro e assumi o volante. Eu não sabia dirigir esse treco, mas prestei atenção todas as vezes que Cristina dirigiu e aprendi o necessário para sair do lugar.
O aroma de seu sangue preenchia o carro, quase me enlouquecendo. Aquele mesmo aroma que senti quando despertei. A lembrança de seus olhos escuros me fitando cheios de medo e pavor me veio à mente. Eu a achei linda assim que a vi, exatamente como na primeira vez.
Olhei para seu rosto adormecido e pensei nas palavras de Hanna Hales. Quem é esse Johann e o que ele quer comigo? Por que está atrás de mim? Será verdade que Cristina gosta dele? Ela me trairia? Eu não tinha como saber, não agora.
Cheguei ao seu prédio e entrei para a garagem com o carro. Peguei-a no colo de novo e entrei no prédio movimentando-me velozmente, ela não gostaria de chamar atenção. Parei quando estávamos dentro de seu apartamento, e a deitei no sofá.
Fui buscar algo para curativos quando ouvi ela me chamar.
— Karan... —Estava delirando.
Peguei a caixinha pequena e me sentei ao seu lado. Tirei o caco de sua perna e seu sangue escorreu pelo ferimento aberto, me fazendo respirar fundo contra a vontade de beber. Eu não faria isso com ela. Limpei os ferimentos, mas ficariam marcas. Não queria sua pele marcada por aquela louca. Cortei meu pulso e deixei algumas gostas de meu próprio sangue cair sobre os ferimentos.
Sangue de seres como eu podia ser usado para o bem, como cura, ou para o mal, como veneno. Eu escolhia curar. As feridas foram fechando-se rapidamente, e em poucos segundos não havia nenhuma evidência de ferimentos. Ela ficaria bem. Porém minha cabeça estava à mil.
Cristina tem sido fiel à mim, mesmo com medo e sendo muito teimosa às vezes, em menos de dois dias ela tinha passado a cuidar de mim, lavado minhas roupas, parado de fazer perguntas e ate tentando esconder seu medo, apesar de eu senti-lo.
Levei-a para seu quarto em meu colo e a coloquei na cama. Tirei suas sapatilhas, o cinto e o arco da cabeça. Cobri seu corpo com o cobertor e sentei-me frente à cama. Ela iria dormir muito, o sangue vampiresco em contato com o sangue humano, se não matar, deixa muito cansaço. Ela já aparentava estar extremamente cansada.
Seria tão fácil beber de seu sangue... Tão fácil... Cerrei os punhos e me obriguei a sair de perto dela, não pensar em todas essas coisas... Eu não iria machuca-la. Não a ela.
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Pulsação
VampireCristina Levy é estudante de medicina e é sorteada junto com mais cinco colegas de classe para assistirem uma dissecação de um cadáver encontrado por arqueólogos na Espanha. O que ela não esperava era que uma simples gota de seu sangue despertaria...