Estávamos chegando na faculdade, eram quase oito horas e eu estava meio nervosa. Karan estava usando jeans com rasgos desfiados, bota de couro preto e uma camisa cinza de gola preta. O cabelo estava desalinhado e ele tinha a expressão distante. Vez ou outra olhava para mim, me pegando olhando-o e esboçava um sorriso sedutor.
Estacionei o carro e tirei o cinto. Respirei fundo algumas vezes e o olhei. Karan olhava as pessoas indo e vindo, o lugar em si, parecia interessado.
— Nervoso? —Perguntei.
— Não. —Disse calmamente. — Mas você está. Fique calma, somos amigos de infância, lembra?
Ele estava debochando, mas eu ainda me sentia um pouco tensa. Respirei fundo de novo e descemos do carro. Eu levava a bolsa no ombro e alguns cadernos junto ao corpo, Karan caminhava lado a lado comigo, quando entramos no campus. Todo mundo pareceu nos notar imediatamente.
Todas as mulheres e homens viravam-se ou paravam para nos olhar. Senti meu corpo começar a gelar à medida que os olhares seguiam-nos com cochichos. Karan roçou levemente em meu braço, sabia que ele podia sentir meu nervosismo.
Mal chegamos as escadas e Julia apareceu em meu campo de visão. Ela abriu um sorriso de orelha a orelha ao nos ver... Ou será que foi ao ver Karan? Acho que a segunda opção. Ela correu em nossa direção e me envolveu em um abraço apertado, nos fazendo girar.
— Quem é esse gato? —Perguntou baixinho em meu ouvido.
Olhei sobre seu ombro e vi Karan sorrindo convencido. Revirei os olhos e larguei dela.
— Julia, esse é Karan. —Apresentei. — Karan, Julia.
Eles apertaram as mãos e demoraram um tempo desnecessário para soltar.
— Onde se conheceram? —Ela quis saber, ainda o olhando de cima à baixo.
— Ele...
— Somos amigos de infância. —Karan me cortou.
Julia ficou visivelmente derretida ao ouvir sua voz, ate mordeu o lábio daquele jeito que quer dizer "Eu pego".
— Cris nunca falou de você. —Comentou ela me cutucando.
— Nós nos distanciamos por muito tempo, Cris preferiu morar aqui, e a tia continuou na França com tio Fernando.
Eu o olhei de olhos semicerrados, fala serio! Uma coisa é fingir fazer parte da minha infância, outra é forçar a barra chamando minha mãe de tia. Ele abriu ainda mais o sorriso.
— Como se reencontraram? —Julia quis saber.
— Ela esteve uns dias na França, foi visitar os pais, e eu estava de passagem para uma rápida visita. Ela acabou chegando quando eu estava lá. —Deu de ombros com a mentira. — Quase não a reconheci.
— Que fofo! —Ela fez um "ownt".
— Pois é, a gente tem aula agora, né não? —Perguntei cortando o clima.
— Ah, na verdade não. —Julia respondeu sem me olhar. — Essa aula é livre. Karan não quer tomar um café na lanchonete aqui perto?
— Não.
— Claro!
Olhei feio para Karan, ele estava se expondo muito desse jeito. Julia me ignorou por completo, caminhando ao lado de Karan, e ele tampouco se importou comigo. Eles iam à frente e eu mais atrás. Chegamos ao café e nos sentamos em uma mesa nos fundos e fizemos os pedidos. Eu pedi um suco de laranja, Julia pediu um café e Karan pediu um whisky. Eu o fuzilei, mas ele não se importou.
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Pulsação
VampirosCristina Levy é estudante de medicina e é sorteada junto com mais cinco colegas de classe para assistirem uma dissecação de um cadáver encontrado por arqueólogos na Espanha. O que ela não esperava era que uma simples gota de seu sangue despertaria...