Cristina.:
Abri olhos de manhã por uma sensação diferente, estava fazendo muito frio. Por mais que eu me encolhesse embaixo do cobertor, eu continuava sentindo frio. Levantei da cama, tocando o chão frio com meus pés descalços, me enrolei com o cobertor e saí do quarto. Ouvi leves batidas no vidro da janela da cozinha e quando fui ver, era chuva.
Estava chovendo forte lá fora. Sorri timidamente para a chuva e decidi que não iria para a faculdade, Karan que me desculpe, mas eu iria pegar outro cobertor e voltar pra cama. Me cobri com os dois cobertores e esperei a temperatura amenizar, estava quase dormindo de novo quando reparei uma folha sobre minha cabeceira.
Estiquei o braço para fora dos cobertores e o peguei, assim que li as primeiras palavras, soube que era de Karan. Mal acreditei quando acabei de ler, ele tinha ido embora? Assim, desse jeito, feito um fugitivo? Sem dizer uma palavra, simplesmente saído de madrugada?
Levantei da cama, ignorando meu corpo reclamar pelo frio e fui ate seu quarto. Parte de mim sabia que iria encontrar o quarto exatamente como estava agora: vazio. Mas a outra parte queria abrir a porta e encontrar Karan ali, com um sorriso debochado no rosto. Mas não estava.
Uma onda de decepção invadiu meu peito, e um nó se formou em minha garganta. Abri o guarda-roupa e só havia uma camisa. Uma única camisa. Ele tinha deixado as loções e essa camisa, mas o resto... Ele tinha mesmo ido embora.
Me senti abandonada. Um soluço fugiu de mim, desencadeando as lagrimas. Não sabia exatamente por que eu chorava, mas sabia que apesar de tudo, sentiria muito a falta daquele vampiro. Peguei sua camisa e a levei comigo, deixei a porta de seu quarto, aberta, pois fechada me daria a ilusão de que ele estava trancado lá dentro. Vesti meu travesseiro com sua camisa e o abracei, sentindo aquele cheiro de loção e vinho antigo. Fechei os olhos e imaginei que fosse ele aqui comigo.
Antes de cair no sono, admiti para mim mesma que gostava mais dele do que queria aceitar. Karan tinha conquistado lugar na minha vida, mesmo que daquele jeito estranho dele, e agora simplesmente foi embora. "Por que, Karan?", foi a ultima coisa que pensei.
***
A chuva continuou insistente pelo resto do dia e o dia seguinte, e isso contribuiu para que meu humor ficasse péssimo. Me obriguei a ir à faculdade e também voltar a trabalhar, já havia faltado muito tempo quando Karan esteve aqui. Marcia contou-me que Johann havia reclamado minha ausência, mas nada preocupante, e que ele iria passar a semana fora, à negócios, mas uma de suas sócias ficaria em seu lugar.
Segundo Marcia, a mulher que estava no controle se chamava Kiara Madison, e tinha uma relação muito "pessoal" com Johann, mas quando perguntei se eram namorados ou coisa do tipo, Marcia encarou como ciúme de minha parte. Por favor!
Numa quarta-feira, Kiara finalmente deu as caras, e eu a reconheci. Era aquela loira que apareceu no primeiro dia de Johann aqui e me pediu a garrafa de vinho. Ela era muito bonita em seu vestido branco justo, saltos altíssimos pretos, as madeixas loiras presas no topo de sua cabeça, brincos com joias incrustradas, e uma maquiagem extremamente forte.
Sua boca de lábios fartos ficava impressionantes com o batom vermelho sangue que usava, e os olhos azuis-prateados pareciam uma piscina ressaltada na moldura da sombra preta e cílios longos. Eu não conseguia desgrudar os olhos dela enquanto ela conversava com Marcia. Sua voz era extremamente sedosa e confiante.
Lembrei da definição de Karan sobre vampiros: "Feitos para atrair". Então essa Kiara é...? A voz dela pronunciando meu nome me assustou, como uma criança que é pega fazendo algo errado.
— Cristina?
— Ah, sim?
— Me acompanhe.
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Pulsação
VampireCristina Levy é estudante de medicina e é sorteada junto com mais cinco colegas de classe para assistirem uma dissecação de um cadáver encontrado por arqueólogos na Espanha. O que ela não esperava era que uma simples gota de seu sangue despertaria...