Eu acordei sentindo o peso do braço de Mingyu sobre mim. Forte, quente, confortável demais.
Mais uma noite casual.
Amigos com benefícios.
Era o que dizíamos para nós mesmos.
Piscando algumas vezes para afastar o sono, deixei meu olhar vagar pelo quarto mal iluminado. O cheiro dele ainda impregnava os lençóis, misturado ao perfume que sempre ficava na minha pele depois das nossas noites.
Suspirei baixo e encarei o teto por um instante, sentindo o aperto no peito.
Seu braço forte ainda estava em volta da minha cintura, e minha mão hesitou antes de tocá-lo.
Eu gostava do calor dele contra minha pele, da forma como seus lábios tomavam os meus com uma fome contida, como se sempre quisesse mais. Gostava do jeito que seus toques me marcavam, de como ele me fazia sentir bem.
Gostava do jeito que ele me fazia sentir amado.
Amado?
Não.
A primeira e única regra sempre foi clara: não se apaixonar.
Mas essa regra estava por um fio de se romper.
Com cuidado, deslizei para fora da cama, pegando a primeira peça de roupa que vi—uma cueca jogada no chão. Meu corpo ainda estava quente do que havia acontecido horas antes, mas o ar da manhã trouxe um breve alívio quando caminhei até a janela do apartamento.
Eu precisava ir. Antes que fosse tarde demais.
Mas então, atrás de mim, ouvi o colchão se mexer.
— Ji?
Meu coração falhou uma batida.
Eu apertei os dedos contra a moldura da janela, mas não virei o rosto. Não podia. Se eu olhasse para ele, se visse seu rosto sonolento e a expressão que sempre fazia quando me chamava assim, talvez nunca conseguisse ir embora.
Ouvi seus passos descalços se aproximando e então, senti os braços fortes me envolvendo por trás.
Um arrepio percorreu minha espinha, e por um momento, fechei os olhos. Seu queixo encostou no meu ombro, e sua voz soou baixa.
— Por que não está na cama comigo?
Engoli em seco. Eu precisava me afastar. Precisava ir antes que dissesse algo que não podia.
— Eu já vou embora.
Os braços ao meu redor desapareceram no mesmo instante.
Quando me virei, vi Mingyu parado ali, me olhando como se não acreditasse. Seus olhos escuros brilharam com alguma coisa parecida com... dor.
— Então é isso? — Sua voz saiu baixa, mas firme. — Você simplesmente vai embora?
Eu abri a boca para responder, mas ele continuou:
— Eu pensei que você gostasse...
Suspirei e passei uma mão pelos cabelos, sem saber direito o que fazer.
— E gosto. — O encarei, tentando soar indiferente. — Mas é só sexo.
Mingyu franziu a testa.
— E se eu não quiser só sexo?
Eu vacilei por um instante.
— Você concordou com isso no começo.
Mingyu soltou um riso fraco, mas não havia humor nele. Apenas frustração.
— Mas agora meus sentimentos são diferentes.
Ele deu um passo à frente, e meu peito apertou. Minha mente gritava para eu recuar, mas meu corpo se recusava a obedecer.
— Me responde. — Ele me encarou de perto, o rosto carregado de algo intenso. — Eu sou tão fácil assim pra você me deixar?
Não, ele não era. Nunca foi. Mas admitir isso seria entregar uma parte de mim que eu tentei proteger esse tempo todo.
Minha garganta secou. Ele estava perto demais. Quente demais. Intenso demais.
— Caramba... não. — Confessei — Muito pelo contrário. Toda vez é uma luta pra ir embora.
O alívio nos olhos de Mingyu foi imediato, mas não era só isso. Ele parecia determinado. Ele segurou minha cintura e me puxou pra perto. Em um instante, sua mão subiu até minha nuca, segurando minha pele, me mantendo no lugar.
— Então não vá.
A respiração quente dele roçou minha boca antes que nossos lábios se tocassem. O beijo não foi apenas um pedido, foi uma marcação. Um lembrete de que resistir a ele era inútil.
— Eu quero você. — Mingyu murmurou contra meus lábios, a voz carregada de posse.
E aquilo foi suficiente para me fazer ceder.
Dessa vez, não foi apenas desejo. Dessa vez, nos permitimos amar.
E que se dane a regra.
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