Seis

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Desculpem a demora  :/

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                    Lembro-me pouco dos meus sonhos, mas as pequenas partes que o meu cérebro por vezes se esquecera de apagar sempre me deram esperança que aquilo que imaginei enquanto dormia acontece-se num futuro próximo. Mas hoje foi diferente. Hoje o meu cérebro esqueceu-se de apagar grande parte do meu sonho. Assim que acordei, por culpa do despertador, a maior parte do sonho que tive permaneceu na minha mente. O meu sonho foi algo estranho, uma mistura entre a imaginação e a realidade. Vivia nesta cidade, ia para a escola, como também ia até à cascata para relaxar depois das aulas acabarem. A diferença é o facto de não sofrer, tal como as pessoas não me olhavam de lado nem criavam rumores estúpidos sobre mim. Esse é o mundo que quero viver desde que me mudei para esta cidade e talvez seja por esse motivo que eu passei a não dar esperança aos meus sonhos. Vivo aqui há dois, e esse mundo que imaginei e que tive esperança que existisse no futuro ainda não se realizou, deixando-me agora sem esperança. Se a realidade que vivo não mudou em anos, nestes meses que me faltam para acabar de vez o secundário tal não irá acontecer. A minha esperança desvaneceu por completo.

                   Olho para o meu relógio de pulso e levanto-me do banco em que me encontro sentada desde que cheguei à escola minutos atrás. Pelas minhas contas faltam apenas três minutos para a primeira aula do dia começar, que no meu caso é História. Admito que a minha vontade de ir para a aula é nula, mas se não fizer tal coisa não só perderei a oportunidade de fazer um teste de recuperação a cada disciplina, devido ao meu excesso de faltas -que a diretora me forneceu com a condição de eu não faltar mais sem ser com um atestado médico - como também poderei ficar de castigo por parte da minha mãe, pois esta começou a estar mais atenta ao meu registo de faltas. Se eu ficar de castigo não poderei ir até à cascata durante o tempo que a minha mãe disser e isso é algo que não quero que aconteça tão cedo, pois o meu dia não se completa sem a minha habitual visita ao meu refúgio.

                   O corredor onde me encontro começa a ficar mais cheio assim que o toque é soado por todos os recantos da escola. O meu olhar foca-se nos meus pés, uma fútil tentativa de evitar que as pessoas ali presentes não verem as marcas deixadas por aquelas raparigas que me esqueci de tapar hoje de manhã por já estar um pouco atrasada. Levanto um pouco a cabeça apenas para ver se me dirijo na direção correta para a sala onde a aula irá decorrer. Felizmente a aula irá decorrer no piso térreo e não no primeiro andar deste edifício, como acontece nas outras disciplina que tenho, o que facilita a minha chegada à sala de aula sem que alguém veja a minha cara por completo. Dirijo-me até às últimas mesas da sala ao pé da janela e começo a retirar os livros e o caderno correspondentes à disciplina que irei ter, como também o estojo. Enquanto o professor não chega olho para a janela à minha esquerda apenas para observar o céu um pouco nublado. Por detrás de todas aquelas nuvens é possível observar um pouco do sol, mas as nuvens são sem dúvida aquilo que mais se nota no céu outrora azul. E é quando o céu está coberto de nuvens que eu aprecio observá-lo enquanto estou na floresta, como também neste momento. O céu nublado é comum por aqui, até durante o Verão, mas isso não me impede de apreciar todos os dias o quão bonito fica com estes tons cinzentos. É algo que nunca me canso de olhar, e até agora ainda não encontrei uma palavra que descreva com sinceridade o quão bonito eu acho o céu nesta altura do ano.

                    Desvio a minha atenção das nuvens e olho para à frente, podendo observar um professor a explicar a matéria sobre algo que ainda não prestei atenção. Tento controlar a enorme vontade de olhar lá para fora e apenas estar atenta à aula para no futuro poder passar com um excelente nota a esta disciplina que sempre gostei.

Waterfall |h.s|Onde histórias criam vida. Descubra agora