Prólogo

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Atenção! Wattpad está com um bug que alguns capítulos aparecem com frases cortadas para alguns leitores. Por favor, caso isso aconteça retire o livro da biblioteca e coloque novamente. Se não resolver, me avisem  que eu duplicarei os capítulos com este bug, ok?


Olho para o céu e noto que não há estrelas esta noite. Está escuro e um vento frio bate em meu rosto. Tenho uma sensação ruim, então me encolho entre as flores do quintal da minha casa. Não quero que minha mãe me veja aqui. Deveria ter colocado um casaco e não ter saído às pressas de pijama, mas ouvi gritos na casa ao lado e sabia que algo não estava bem.

Escuto um leve barulho e a porta que partilhamos com os vizinhos se abre. Chris aparece carregando seu violão e algo a mais em suas costas e senta-se ao meu lado. Ele ama a música e isto não seria um problema se não fosse o querido papai dele: "O Delegado Sargento Ditador". O velho tolo acredita que música é para perdedores, vagabundos, tatuados e drogados. Ter um filho músico seria a pior das traições.

– Ouvi os gritos, vim para cá assim que li sua mensagem. – digo para ele.

Mesmo na penumbra vejo o quanto está abatido. Seu cabelo loiro e liso cai cobrindo seus olhos e desce até a altura dos ombros. Eu o acaricio com a mão, colocando uma mecha solta para trás, quando ele me olha e começa a falar em um tom triste, porém decidido.

– Não posso mais viver assim, Elle. Sei o que quero da vida e não é seguir o legado da família.

Há cinco gerações sua família tem se dedicado à carreira policial, então seu destino estava traçado antes mesmo do nascimento. Para seu pai, isso era uma questão de honra. Contudo, viver os próximos setenta anos se achando o dono desta cidade só porque era o chefe de polícia não estava nos planos de Chris.

– Ele descobriu sobre as aulas de música. Acabou, porra! – Chris esbraveja.

Ah, merda. Esta tinha sido minha última ideia brilhante. Oficialmente, eu era a aluna matriculada, mas era ele quem participava das classes. Franzo minha testa e olho para Chris, pensando em como esta situação está ficando sem solução:

– Ele brigou muito? O que aconteceu?

Temo o pior. Delegado ou não, tenho certeza que papai me ajudaria a chamar autoridades de fora da cidade. Não iríamos tolerar espancamentos! Mas não vejo sinal de agressão, não do tipo físico, pelo menos.

Como alguém tão bom pode ser filho de um imbecil desse?

– Ele pensou em me bater e eu já estava pronto para a briga, mas ao invés disso me mandou escolher: a música ou ele, não poderia ter os dois – Chris dá uma risada sem humor – A decisão não foi difícil, não o queria em minha vida mesmo... Mas quase o escolhi por você.

Ele me dá um olhar triste, como se me pedisse desculpas. Que poder teria eu de influenciar qualquer decisão dele?

– Por mim? Por quê? – pergunto confusa.

Ele estende a mão e toca de leve em meu rosto. Com o polegar, seca uma lágrima que eu havia derramado sem perceber.

– Eu escolhi a música, mas perdi você, não entende? Ele disse que nunca mais queria me ver aqui ou mandaria me prender.

Isto não faz sentido! Onde ele viveria? Como eu vou saber se ele estará bem? E se a música não fosse suficiente? Notas musicais não alimentavam ou protegiam do frio e do crime. Abraço-o com força, como se pudesse impedi-lo de partir.

– Mas você não pode ir sozinho, eu vou com você!

Ele acaricia meus cabelos para me acalmar como fazia quando eu era pequena e estava chateada:

Elle - música, amor e amizade (Volume 1) - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora