Capítulo 13 - Cristalino

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A porta se abre e Chris me recebe com um sorriso complacente.

– Minha garotinha pequena se perdeu no meio do caminho, foi?

Eu respondo imitando uma voz de criança:

– Sim, papai Chris, eu pedi que o avião me levasse para a banda de maior sucesso mundial! Fui parar na Inglaterra, mas o One Direction não estava lá, então voltei para encontrar vocês.

Termino com um sorriso doce e os protestos indignados dos homens na sala eram impagáveis. Apenas Kim começou a rir e se levantou para me abraçar. Ela era a bela baterista do Jack Rock. Tinha rosto delicado com sobrancelhas grossas e bem marcadas, olhos verdes e longos cabelos ruivos. Seu sorriso é caloroso e parece ser sincero quando me cumprimenta:

– Já gostei de você, a propaganda não foi enganosa.

Como é?

– Propaganda? Que propaganda?

Ela olha para mim e pisca. O que diabos isso significa?

– Chris sempre falou de você, só coisas boas, claro... – ela finge cochichar.

Uma voz grossa fala atrás de mim:

– Sim, maravilhosas até onde posso ver.

Me viro para encarar o dono da voz: Alysson. Ele era lindo, com um rosto em formato de coração, olhos verdes e sorriso encantador que exalavam ares de bom moço. Porém, ele não me enganava: era um lobo na pele de cordeiro. Levanto minha sobrancelha para ele:

– E eu pensava que todo baixista era obrigatoriamente magricela e cabeludo.

Ele ri e diz:

– Nem todos precisam se parecer com Steve Harris!

– Claro, porque gastar um tubo de gel para deixar o cabelo espetado assim é tão rock 'n roll! Espera aí, foi você que o jornalista confundiu com uma mulher, não foi?

Todos na sala começam a rir. A história era bem conhecida: eles foram a uma premiação quando a banda não era conhecida ainda e um jornalista estrangeiro confundiu os dois – os nomes Kim e Alysson são considerados unissex em alguns países. A gafe foi tão grande que virou meme nacional em questão de horas. Na realidade, isto ajudou a deixar o Jack Rock mais conhecido. Alysson me fulmina com o olhar.

– E o John disse que você era gostosa e mal-humorada. Acho que ele não mentiu também.

Procuro indignada pelo John, mas ele não está na sala. Chris bate no ombro do amigo:

– Muito bem, Aly, deixe minha garota em paz. Ela não pode respirar direito com você em cima desse jeito.

Sua garota? Esta é nova para mim. Me viro para o Chris que encara o baixista com uma expressão feroz:

– Ei, macho alfa, você é meu guardião pelas próximas duas semanas e não meu dono.

– Sob minha responsabilidade ou não, já avisei que você está fora dos limites para todos aqui, Elle! – Chris fala irritado.

Que audácia! Não estamos mais no jardim da infância, quando ele precisou me proteger do valentão da escola. Sei me defender sozinha. Estava prestes a continuar a briga quando Kim segura meu braço e me leva até um terraço anexo. Estava na penumbra e o vento frio é bem-vindo para acalmar meu ânimo. Kim fala rápido e em tom de apelo:

– Ele bebeu, Elle. Não adianta discutir agora, vai acabar ouvindo o que não quer. Por favor, fique aqui um pouco enquanto eu acalmo os ânimos lá dentro. – dito isto ela sai.

Mas que merda foi esta? Chris bancando protetor é normal, eu que estava desacostumada. Mas o que Kim quis dizer com ouvir o que não quero? E a bebida? Estar embriagado é normal, assim como discutir com os próprios amigos? Pelas portas de vidro vejo os três conversando, não consigo ouvir, mas parecem se entender. Talvez se eu abrir um pouco a porta...

– Você sempre tenta ouvir a conversa alheia?

Quase grito de susto com a voz rouca. John estava tão próximo que senti sua respiração quente soprar em meu ouvido.

– Você sempre assusta as pessoas?

Pergunto com raiva enquanto me viro. Como ele não se afasta, tenho que esticar meu pescoço para ver seu rosto.

De perto – e de longe – John era perfeito. Nunca fui fã de homens com barba, mas a dele parecia deixar seu olhar mais intenso, sexy... Nunca fico corada e isto já está provando ser uma ótima habilidade no meu futuro emprego. Com o calor que estou sentido por dentro, se eu fosse branca como a Sam, estaria mais vermelha que a roupa do Papai Noel.

Como seria beijá-lo? Ter estes lábios desenhados nos meus? Seriam macios e quentes? Doces ou rudes? Urgentes ou saboreando o momento? Seu olhar desce para a minha boca. Estaria pensando a mesma coisa? Em me beijar? Minha respiração acelera e seu olhar desce um pouco mais. John lambe os próprios lábios.

Ele me quer e eu o quero.

E ele é meu futuro chefe. Droga.

– Que eu saiba só a você. – sua voz é grossa e me arrepia.

Do que ele está falando mesmo?

– O quê? – pergunto confusa.

Ele se aproxima e coloca uma mão no vidro atrás de mim, diminuindo o já pequeno espaço entre nós.

– Eu geralmente encanto as pessoas, você é a única que parece assustada quando me vê.

Ele está muito próximo, coloco minhas duas mãos em seu peito. O cara deve malhar. Ele me dá um sorriso vencedor e eu pisco de volta. John se aproxima mais e eu o empurro com toda minha força. Não é muita coisa, considerando que o homem é um tanque de músculos comparado a mim, mas é o suficiente para ele se afastar.

– Olha aqui, seu babaca presunçoso, não é porque você é famoso que pode ir encurralando garotas. Isto não te dá um passe livre para as calcinhas de todas as mulheres do mundo! A partir de amanhã serei sua funcionária, vai me respeitar ou isto não irá funcionar. Está claro?

Seu rosto demonstra surpresa e não indignação. Isto deve significar que mantenho meu emprego. Por enquanto.

– Cristalino. – John responde com um sorriso no canto da boca enquanto passa por mim e entra na casa.

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