Capítulo 11 - Lar

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A casa é só um bem material feito com tijolos e cimento.

Ser inanimado.

Então por que depois que os donos morrem parece não ter mais luz? Está cinza, escura e silenciosa. Triste.

Vazia.

Chris e John foram embora. Eu não acreditava que O Delegado fosse cumprir a ameaça, mas não quis arriscar. Além disso, eles tinham compromissos com a gravadora. Estavam em uma pausa entre turnês enquanto faziam o novo álbum, tinham uma agenda a cumprir e já tinham atrasado três dias por mim.

Estava afundada em pensamentos quando ouvi um grito:

– Vadia, venha aqui!

Sigo a voz e berro de volta:

– O que eu fiz para ser chamada de vadia, Tinkerbell?

Começo a rir pela primeira vez no dia. A resposta irritada que recebo já era esperada:

– Você ainda pergunta? Vai me abandonar, morar do outro lado do país com os dois caras mais gostosos do mundo e acabou de me chamar da maldita Sininho de novo!

– Você acabou de chamar seu irmão de gostoso, minion? – pergunto curiosa.

Chego na sala de televisão, ou no que sobrou dela, cheia de caixas e roupas espalhadas por todos os lados, a TV ligada em um canal de fofocas e no meio de tudo uma enorme cama com lençóis púrpura. Algum furacão deve ter passado por aqui.

– Eca! Meu irmão pode até ser bonito, afinal compartilhamos os genes, mas estava falando do sonho molhado e do deus grego do rock, John e Alysson.

Claro, o baixista.

Por detrás de um biombo chinês que costumava ficar em meu quarto sai um pequeno furacão loiro chamado Samantha. Ela me olha irada:

– Espera, você acabou de me chamar de minion?

– Você é pequena e amarela! E o que diabos aconteceu com minha sala? O que minha cama está fazendo aqui em baixo? – digo assustada com a bagunça.

– Pelo que eu ouvi falar, esta não é mais sua casa mesmo! – Sam diz emburrada.

Ela tem um grande coração, mas ainda não desenvolveu muito tato e não tem um filtro entre cérebro e boca. Mesmo assim, fico boquiaberta em choque.

– Desculpa! Não quis falar isso, você vai embora depois de amanhã e não pode subir escadas, então resolvi acampar aqui também. – ela fala com desespero. É tão branca que está com o rosto vermelho de vergonha pela gafe.

Tento aliviar, sei que não é por mal:

– Eu sei, relaxe, como você conseguiu fazer tudo isso sozinha?

– O bundão do meu irmão e aquele presente dos deuses às mulheres que fizeram a parte pesada...

E assim, Sam me distrai contando sobre como eles três empacotaram todas as minhas coisas e colocaram aqui para o caminhão de mudança.

Ela molhou de propósito a camisa de John, assim ele teve que ficar metade da tarde com o peito nu enquanto ajudava a carregar as caixas e a cama para baixo.

– Elle, que peitoral! Eu queria lamber as tatuagens dele. Quando estava acabando eu ainda tentei levar caixas escondidas de volta para cima, só para ele ter mais coisas para descer novamente. – Sam diz enquanto se abana com uma das mãos.

– E por que não levou? – pergunto imaginando a cena, apenas Sam para me fazer sorrir.

– Eu ainda levei duas, mas Chris viu e me fez devolver... aquele sem graça! – ela diz chateada, mas há um brilho em seu olhar.

– É bom ter o Chris de volta, né?

Sam me dá um sorriso sincero:

– Sim! Estava com saudades do bundão... Pena que é por pouco tempo e ele agora vai levar você e eu vou ficar sozinha...

Samantha não sorri mais e nem eu. Gostaria de levá-la comigo.

– Se eu pudesse, te levaria. Você sabe disso, não é? – digo com sinceridade.

Ela sorri para mim e dá de ombros.

– Quem sabe um dia – pega o controle da TV e aumenta o volume – Agora vamos fazer um pouco de pesquisa sobre a vida do seu futuro chefe gostoso.

E assim passei dois dias falando sobre tudo e ao mesmo tempo nada, vendo canais de fofoca e cercada por caixas do que restou da minha infância, escondida na casa que um dia chamei de lar.

♪♫ ♪♫ ♪♫ ♪♫

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Elle - música, amor e amizade (Volume 1) - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora