Capítulo 12 - Vida nova

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Meu aniversário aconteceria em duas semanas, mas eu já estava dando o primeiro passo para minha independência. Ainda poderia ficar em casa este tempo, mas qual seria o sentido disso? Aqui não era mais o meu lar e eu me sentia como uma intrusa. Assim que eu embarcasse no avião, minha vida entraria em uma nova etapa. Se eu estivesse mais empolgada, sairia cantando "Dó-Ré-Mi" pelo aeroporto como uma versão drogada da Julie Andrews em A noviça rebelde.

Quanto aos meus pais, seguiria o conselho do John: guardaria as boas lembranças e viveria por eles. Se eu pudesse levar uma pessoa a mais, seria um dia perfeito... Sam me abraça com os olhos marejados de lágrimas:

– Você promete que vem me buscar, Elle?

– Sim, Sammy – respiro fundo. Sinto que voltei à noite em que me despedi do Chris – Você sabe que não pode ficar longe de mim por muito tempo, quem te tiraria dos problemas?

Ela sorri e dá de ombros:

– Você é a causa de metade deles mesmo!

– Isto não é exatamente a verdade, sabe? – digo com um meio sorriso.

– Mas também não é mentira. – Sam me abraça novamente – Pelo menos de você eu consegui me despedir...

Beijo o topo de sua cabeça. Sei que Sam ama o Chris, mas ela ainda sente que foi abandonada por ele. Iria um dia superar isto?

– Te amo, Sam! E voltarei por você mesmo que tenha que enfrentar O Delegado! – não a deixaria para sempre sob o comando daquele ditador.

– Também te amo, Elle. Pegue uns gostosões lá por mim... – ela me olha maliciosa – Pensando bem, pegue só alguns e deixe os melhores para mim!

Esta é minha Sam...

Sigo para o portão de embarque. Em meia hora o avião partiria e o mundo seria minha ostra...

♪♫ ♥ ♪♫

Quatro horas... QUATRO HORAS de atraso!

Eu estava estressada, cansada, faminta e não havia mais ninguém esperando por mim no destino. "Nova vida", o caramba! E eu ainda esqueci do pequeno detalhe que não tenho mais celular e não tinha o telefone da Sam por perto. Quando finalmente desembarco, não sei ao certo o que fazer, até ver um homem de terno segurando uma placa com meu nome escrito. Me aproximo dele com cautela:

– Olá, eu sou a Helena.

Apesar do porte militar rígido, ele me dá um sorriso sincero de boas-vindas.

– Boa noite, senhorita Helena, me chamo Gabriel – ele estende a mão e pega as minhas bagagens – John pediu que eu viesse buscá-la. Soubemos do atraso e estão todos a esperando na casa dele. Serei seu motorista esta noite.

Nossa, que formal! Pela sua forma de falar e postura acredito que ele seja mais do que um simples motorista. Chris podia ter esperado por mim...

– Chris também está na casa de John? – pergunto tentando sondar.

– Sim, não é recomendável que eles fiquem muitas horas em locais públicos, chama muita atenção. – sua expressão é estoica e ele não me diz mais nada.

Sento-me no banco de trás do carro e seguimos para um ponto mais alto e privilegiado da cidade. Paramos em frente a uma casa com um grande muro de pedra, portões de ferro e esquema de segurança acirrado. De fora só se via um extenso jardim, garantindo privacidade ao local. É tão bem cuidada e bonita! Pensei que seria algo mais despojado e cheio de mulheres... Mais rock 'n roll.

Não é o que eu esperava!

– Foi sugestão do arquiteto e da segurança, o exterior genérico despista possíveis curiosos que procuram qual mansão pertence à estrela do rock, senhorita Helena.

Assusto-me com o motorista, devo ter pensado em voz alta.

– Faz sentido... Mas você não precisa ser tão formal comigo, me chame de Elle.

Ele me olha pelo retrovisor ainda sério:

– Desculpe, mas não acho que seja apropriado.

Seu rosto é bonito, não tanto quanto o do seu chefe, mas poucos são. Gabriel deve ter um pouco mais de trinta anos, com um corpo atlético de quem levanta peso regularmente, perceptível mesmo usando um terno. Ele será meu colega de trabalho, não quero ser tratada diferente por alguém mais velho que eu.

– Não gosto que me chamem Helena, insisto em Elle, por favor? – digo em voz de apelo.

Ele me dá um sorriso contido, mas seus olhos escuros brilham para mim.

– Tudo bem, Elle. Só se você me chamar de Gab.

Finalmente o carro passa pela segurança e atravessa todo o jardim, parando apenas na porta de entrada.

– Prazer em conhecê-lo, Gab! A gente se vê...

– O prazer foi meu, Elle. Até mais.

Gab dirige para longe, me deixando sozinha na mansão de John. Chamar aquilo de casa era um sacrilégio. Era grande, moderna, iluminada e todos lá dentro estavam esperando por mim.

Showtime.

♪♫ ♪♫ ♪♫ ♪♫


O que vocês acham que vai acontecer nesta nova fase da vida dela?

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Elle - música, amor e amizade (Volume 1) - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora