Capítulo 9 - Proposta

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John ainda está olhando para mim e Chris com a testa franzida e fala irritado:

– Mais um pouco e os seguranças vão vir! Você, Chris, vai perder a guarda dela, que vai parar na porra de um abrigo público! – ele aponta para nós dois – É isso que vocês querem?

Eu e Chris nos calamos, cruzando os braços como dois meninos birrentos levando bronca do pai, e John continua.

– É preciso ter uma santa paciência para aguentar tanta besteira vinda de vocês! Como não se mataram quando crianças?

Aponta o dedo para Chris:

– Entenda de uma vez que ela não quer ser sustentada e pare de tratá-la como a uma garotinha de quatorze anos mimada!

Quando ele se vira para mim, seu olhar se demora em meu rosto. Com todas as contusões que tenho não deve ser uma bela visão. Então apenas empino o queixo, não vou deixar que ele me intimide.

– Helena, entenda que ele quer ajudar da forma que acha correto, deixe de ser ingrata e pare de agir como uma garotinha de quatorze anos mimada!

Como ele ousa?

– Olha aqui, seu imbecil...

Ele balança o dedo para mim:

– Não, não, não, nada de insultos! Adultos falando. Ainda não terminei.

Se eu quebrar o dedo e a cara dele poderia alegar insanidade temporária? Depois do dia que tive, creio que sim. Chris está emburrado, olha para mim como se eu tivesse chutado seu cachorrinho.

– Tecnicamente ainda faltam três semanas para ser adulta, garotinha, então escute minha proposta: ao contrário do nosso amiguinho ali, eu não cresci em uma casa fascista cheio de métodos de organização militar, então realmente preciso de ajuda. Nosso empresário tem enchido meu saco sobre algumas vezes em que perdi compromissos ou esqueci de responder cartas. Os fã-clubes não ficam felizes quando são ignorados.

John dá de ombros, como se isto não tivesse importância:

– Você parece nerd suficiente com toda esta conversa de faculdade... Acho que consegue dar conta do recado.

Eu o estava xingando mentalmente de todos os nomes até que registrei sua proposta.

– Você está me oferecendo um emprego? Um de verdade? Ou é inventado como o de Chris? – pergunto desconfiada.

Chris olha chocado para o amigo. Até esqueceu de respirar por uns dois segundos.

– Acredite, Elle, é de verdade. Mas John, não vou deixar você enterrá-la viva naquela montanha de cartas que você tem!

Chris se levanta e o arrasta pelo braço até a janela, eles discutem em sussurros e eu não entendo o que é dito, mas imagino que deve ser algo do tipo: "não encoste um dedo nela! ", "não se preocupe Chris, prefiro mulheres lindas e que não irão me castrar se eu fizer merda". Homens. Trabalhar para John? Posso tentar, não tenho muita opção, apesar do meu futuro chefe ser um idiota completo.

– Quieto, Chris! A decisão é dela. Além disso, tem seus benefícios. – John fala ríspido.

Benefícios?

– Que benefícios? – isso muito me interessa. E realmente, responder cartas de fãs deve ser o trabalho mais fácil do mundo.

Eles voltam para perto da cama, Chris ainda emburrado. Tenho certeza que ele preferia ser meu chefe, mas com ele eu não faria nada. John me explica os tais benefícios.

– Eu tenho uma casa de hóspedes que não está sendo usada. Não é muito, mas é suficiente para uma pessoa. Facilitaria para mim ter minha assistente por perto sempre e você não pagaria aluguel. Você ainda teria acesso ao mundo do rock, ficaria próxima do Chris e teria o maior benefício de todos... – diz com um ar de superioridade.

Elle - música, amor e amizade (Volume 1) - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora