Capítulo 8 - Pior ainda

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– Isso não é tudo, é? – pergunto desconfiada.

Chris responde resignado em me dar a notícia.

– Não, nos últimos meses seu pai teve que hipotecar a casa... E boa parte do salário dele era comprometido com empréstimos. Com sua morte, os bens ficam como garantia para o banco.

Primeiro meus pais, agora perderei meu lar. Sem porto seguro. Sem abrigo.

"Todos mortos, sozinha no mundo, não há ninguém, só a mim".

Por que isso não sai da minha cabeça?

Chris acaricia meus braços. Ele quer me dar apoio, mas eu gostaria de me erguer sozinha. Ele venceu sem ajuda, por que não posso fazer o mesmo?

– Estou por conta própria? Não tenho nada? – finalmente falo.

Chris tenta aliviar:

– Pelo que entendi, vocês estavam quebrados há pelo menos dois anos. Podem não ostentar, mas manter uma casa do tamanho da sua é caro e muito dinheiro foi perdido quando as ações caíram...

Eu balanço a cabeça em compreensão. Não estávamos no luxo das grandes estrelas de TV, mas tínhamos muito conforto. Meu Deus, a faculdade! Eles não teriam como me bancar em outra cidade, por isto estavam tão tensos? Eu era a culpada? Eu não precisava ser protegida sempre... Eles poderiam ter me dito.

– Elle, você entende o que isto significa? Em termos financeiros? – Chris diz preocupado.

– Não totalmente, mas tenho uma ideia. – digo cabisbaixa.

Chris me olha com pena. Até dele vou receber isto?

– A casa e o carro quitam as hipotecas, porém ainda restarão as outras dívidas. Você pode tentar uma pensão enquanto estiver na universidade... Mas ainda tem os empréstimos.

Chris engole seco e me lança o melhor sorriso garoto de ouro que ele tem. Ou seja, se não gostei da última, tenho certeza que vou detestar a próxima parte:

– O meu contador está negociando com o banco o valor total dos débitos para que eu possa quitá-los.

Sabia! Ele deixou o detalhe mais interessante para o final, não é? Tento me levantar da cama, mas não consigo. Droga de perna imobilizada! Não que eu seja ingrata, mas não quero que ele gaste o dinheiro que lutou tanto para conquistar com os erros do meu pai. Seguro suas mãos e tento expor minha alma para ele.

– Chris, menos de vinte e quatro horas atrás, minhas maiores preocupações eram a sua partida e como dizer aos meus pais que iria morar longe. Minha maior dor tinha sido quando quebrei o braço fugindo dos gansos... – tento secar minhas lágrimas, mas continuo falando – Menos de vinte e quatro horas atrás, o lar mais amoroso tinha sido o meu e minha maior esperança era rever você...

As lágrimas agora fluem livremente pelo meu rosto, Chris não chora, mas seus olhos estão vermelhos.

– Agora não tenho mais família, nem lar, meu coração está partido em pedaços e minha única esperança é que eu consiga juntar os cacos do que sobrou de minha vida e me reerguer com minhas próprias pernas.

Agora só tenho a mim mesma. Acho que finalmente ele entendeu.

– Mas você não está sozinha no mundo, você tem a mim, eu cuido de você! – ele grita com desespero.

Ou não. Chris está acostumado a sempre me tirar das encrencas quando era pequena, mas não desta vez.

– Elle, me diga quando quebrei uma promessa? Mesmo quando parti não te abandonei, liguei e mantive contato como combinamos, não foi?

– Eu sei disso, você sempre foi meu herói, mas desta vez eu preciso ser heroína também! Isso não é negociável!

Parte do salário do meu pai ainda é um bom dinheiro, posso vender algumas joias e conseguir um trabalho de meio período perto da faculdade. Poderei sim viver muito bem! Explico tudo para ele que escuta atentamente.

– Ok, eu concordo em não pagar a dívida por você, mas a oferta para quitá-la estará eternamente aberta. – ele diz com teimosia.

Descarto a opção assim que ele fala, a dívida de meu pai é minha obrigação. Chris então fala:

– Tenho outra proposta, você vem morar comigo e trabalhar para mim como minha assistente pessoal!

Seu sorriso é brilhante. Cara, ele nunca entende! Falo cansada:

– Chris, você compreende que eu quero um cantinho para mim?

Ser sua assistente pessoal? Não mesmo! Lembro bem o quanto ele era metódico no colégio, consequência de sua criação no estilo militar.

– Você sequer precisa de uma assistente, ou só quer me manter embaixo de sua asa e me dar dinheiro de graça? – pergunto desconfiada.

Estamos impacientes com a conversa, nenhum dos dois quer ceder o controle. Pensou que chegaria aqui quatro anos depois e eu apenas diria sim para tudo? Deve estar mal-acostumado com as pessoas fazendo todas as suas vontades.

– Isso importa? Se quiser posso arrumar uma casa grande para nós dois ou comprar um apartamento perto da universidade só para você ter seu cantinho! – ele diz as últimas palavras com desdém.

Ah, ele não falou isso! Isso importa? Isso importa? Grito com ele:

– Isso importa?! É sério, Chris? Tanta música deve ter te deixado surdo, merda! Pegue o seu dinheiro e enfie no...

Antes que eu consiga terminar a frase ele está bem na minha frente, com o indicador na minha cara e começa a vociferar. Eu vou torcer esse dedo, espero que ele use a outra mão para tocar.

– Helena! Não se atreva a terminar a frase, você é uma mal...

Vocês dois podem calar essa maldita boca?! – John praticamente grita.

Eu já tinha esquecido que ele estava no quarto, agora está em pé entre nós dois com cara de puto. Quem esse cara pensa que é para gritar assim com a gente?



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Quem aqui quer conhecer mais do John? #TeamJohn

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Elle - música, amor e amizade (Volume 1) - AmostraOnde histórias criam vida. Descubra agora