Capítulo 9

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- Bruno - ela disse entre dentes - Você... - ela parou por um momento e me fuzilou com os olhos - Que merda! Podia ter me buscado, imbecil! - ela fechou os punhos novamente. Recuei para trás. - Se eu ficar doente, a culpa será sua

Bianca Narrando:
Pois é, não tive coragem pra matar ele, infelizmente, falhei. Fui correndo pro meu quarto e me deitei em minha cama.
- Amiga, você está bem? - Anabel perguntou à mim. Pois é, eu tinha até me esquecido dela. Me levantei e me sentei em minha cama, ela fez o mesmo.
- Não sei, Ana. Não sei - me joguei em minha cama e bufei - Ele é um babaca, que merda! Em vez de buscar a gente ele vai na casa de uma menina fazer sei lá o quê, acredita?
- Oh, amiga. Claro que acredito, é lógico. Mas dá uma chance pra ele...
- Chance? Como assim? - interrompi ela.
- Senhora Muniz, você me interrompeu, se não percebeu - nós rimos - Deixa eu terminar de falar. A chance que eu estou dizendo é não descontar tudo nele, todo mundo erra, e se esquece de algo.
- Mas, Anabel... ele me deixou na chuva. Nos deixou na chuva - falei mais alto a palavra nos.
- Ah, dá um desconto, o menino não tem tanta culpa
- Está do lado dele, Anabel? - encarei ela, séria.
- Não, estou do seu lado, lógico. Mas, amiga, você está muito estressada, deixa o estresse de lado, viva!
- Essa idéia de deixar o estresse de lado... não funciona! Sou nervosa demais.
- Vamos, pare de ser nervosa então - ela sorriu - Bia, seja você mesma. Quem é você, aí dentro?
- Uma garota nervosa - nós rimos.
- Então pare de ser... você - ela disse ainda rindo
- Conselho estranho, mas irei segui-lo. Sem estresse, então.
- Isso mesmo! - ela pegou em minha mão. - Agora, se acalme - ela respirou fundo e me mandou respirar também - Respire - repetiu várias vezes - Respire - pulei da cama e comecei a rir - Qual foi?
- Isso é estranho - ri
- É estranho... respirar?
- Não, boba . É estranho isso que você ta fazendo. É estranho uma amiga tentar acalmar a outra, normalmente elas fazem as outras ficarem nervosas de propósito - ri e ela sem seguida.
- Ah, claro. Mas... dessa vez pode ser diferente. Tipo, você estava nervosa ao extremo, daí eu teria que te acalmar.
- Coloca um gostoso na minha frente que eu me acalmo na hora - ri e a porta do meu quarto se abriu. Bruno entrou. Pelo visto, pegou alguma parte da conversa

Bruno Narrando:
De boa, eu estava no corredor, minha intenção era sim pedir desculpas pra Bia. Quando ela falou aquilo, de um cara gostoso, aí sim que eu entrei né. Imagina. Ela pareceu um pouco assustada, desconfortável com a situação. Talvez ela imagine que eu tenha ouvido a conversa, ou parte dela. O que não é mentira. Ouvi tudo.
- Pediu um cara gostoso amor? Aqui estou - sorri convincente. Olhei a garota ao lado da Bia, ela sorriu envergonhada - Prazer, Bruno Cinna - apertei a mão dela.
- Anabel Lopez
- Solteira? - perguntei, mas era apenas pra provocar a Bia.
- Não, eu tenho namorado - ela riu
- Que pena - falei e olhei pra Bia, que em fuzilou com os olhos - Algum problema, Bia?
- Nenhum - olhou para Anabel e depois para mim - Já fizeram o almoço?
- Sim, encomendamos uma marmita da hora. Deliciosa, como você - fiz cara sexy, mas acho que não funcionou. Pois ela me olhou de cara feia, mas depois riu
- Anda, sai fora, eu vou tomar banho. Xô xô! - Bia falou
- Está me expulsando? - perguntei e fiz carinha de criança pidona
- Estou, anda sai
- Acho que não vai ter problema se eu ficar aqui, vai?
- Terá problemas comigo, com o Felipe e com o Pedro, anda sai
- Quem é Pedro? - perguntei
- O namorado da Ana. Anda sai - realmente, ela estava me expulsando do quarto. Saí e fui para a sala. Lá, o Felipe estava, assistindo um filme qualquer, no qual não me lembro o nome.

Bianca Narrando:
Graças ao meu bom Deus, ele saiu do quarto. Sim, eu gelei na hora. Será que ele escutou tudo?
- Bia - Ana estalava os dedos na frente dos meu olhos - Bia, Bia
- Ah, oi - falei e sorri - O que estava falando?
- Ah, claro. Você não prestou atenção - ela riu - Nada de importante. Bia, preciso de um banho urgente. Você me empresta alguma roupa?
- Claro - ri e fui até meu guarda roupa e tirei dele um vestido rosa que estava em um dos cabides. Entreguei para a Ana e ela sorriu
- Obrigada. Ah, em qual banheiro eu vou?
- Pode ir no meu, eu espero. Estou indo la na sala, se vira - ri e saí do quarto.
Passei pelo corredor e vi que estava tipo, morto. Sem vida, sem ninguém. Ouvi o barulho dos meninos la na sala e fui la.
- Pensei que iria tomar banho - Bruno falou sem tirar os olhos da televisão. Me sentei do lado do Felipe.
- E eu pensei que não precisava te dar satisfações - falei, ignorante. Também né, aquele menino tava merecendo um tratamento digno desses.
- Ih, cara, se ferrou - Felipe debochou - Parabéns, maninha - ele me abraçou
- Pensei que você não fosse assim, Bia
- Assim, como?
- Assim, ignorante
- Não sou ignorante - me defendi - Você que não foi me buscar na escola, eu tive que vir na chuva, queria o quê? Que eu te tratasse como? Como um rei? Me erra, garoto
- É melhor tu calar a boca, Bruno. Ela ta nervosinha - Felipe provocou
- Até você, Felipe? Oh shit - Impressionante, dois me irritando em um dia só.
- Já sei o que é isso - Bruno falou
- O que é? - perguntei, já sabendo a resposta.
- TPM - ele riu
- TPM é seu... seu... - não, eu não iria falar palavras tão feias. Não perto do meu irmão
- Seu, oquê? - Felipe falou me encarando
- Seu nariz - sorri e apertei o nariz do Bruno. Depois revirei os olhos
- Uau - Felipe falou e sorriu, olhando em direção a entrada da sala, aonde Anabel estava. - Linda - ele se levantou.

Ele estava indo até Anabel, fazer sei lá o quê. Me levantei rápido e segurei o pulso dele. Literalmente, os olhos deles estavam fixos nela. Posso dizer o mesmo de Anabel, que não tirava os olhos de meu irmão. Mas e o Pê? Ela é namorada dele. Não posso dar à ele uma expectativa de "pegar" a Ana. Ele se virou para mim.
- Linda, e comprometida - falei. Ele desmanchou automaticamente seu sorriso.
- Sério? - falou desanimado, agora olhando para Ana.
- É - ela falou e se jogou no sofá. O sofá dava perfeitamente para seis pessoas. No caso, sobraria dois lugares ( sou muito boa em matemática, vai dizer ). Ficamos lá de bobeira por alguns minutos, até que eu me lembrei que deveria tomar um banho. Fui tipo numa velocidade luz para o meu quarto e tomei um banho rápido. Lavei meu cabelo, é claro, pois estava uma nhaca, horrível, por causa da chuva.
Quando voltei a sala, arranquei todos do sofá para almoçarem. E sim, a marmita estava maravilhosa ( para quem não sabe o que é marmita, trate de pesquisar no google, pois estou com preguiça de digitar ). Sobrou pra mim e pra Ana lavarmos a louça, como o mundo é mal, né? Mas foi legal, coloquei umas musicas e ficamos cantando, dançando, e não, não lavamos a louça, pois como os meninos estavam na cozinha conosco, e cantando também, saímos correndo, deixando o trabalho todo pra eles.
Adivinha para onde fomos? Para a praia. Detalhe: Agora, o dia estava lindo, o sol estava com mais brilho que nunca, para o meu azar, por que o sol não ficou assim quando eu saí da escola? É o mundo fazendo a gente brigar com as pessoas por causas mínimas. Mas... não foi uma causa mínima. Aquele besta não foi me buscar, e foi na casa de uma menina. Não quero mais falar sobre isso.
Continuando, fomos para a praia, beira mar, na verdade, e ficamos andando por lá. Encontramos o Gui, e o Pê por lá ( pois é, agora tenho o luxo de chamá-los por apelidos fofos ) e ficamos de bobeira conversando com eles. Chamei os dois para irem lá em casa, sei lá, talvez eles se dessem bem com o Fê e o Bruno. Vai se saber, né.

Bruno Narrando:
Sobrou pra mim e pro Felipe levarmos a louça. Culpa da Ana e da Bia, que saíram correndo. Depois de muita luta e muito esforço para conseguir lavar os pratos ( ta bom, exagerei, mas lavar louça é serviço de mulher, e não de homem, viu ) e fomos para a sala fazer o que mais sabíamos, e o que fazíamos melhor, jogar videogame ( na verdade eu sou bom em outra coisa também, se é que me entendem, mas tá ). Depois de alguns minutos jogando, ouvimos a campainha tocar, e eu como bom moço, fui atender.
Juro, eu preferia não ter atendido. O menino que ficou com a Bia, estava lá também. E mais um menino. No total, quatro pessoas, Ana, Bia, e os dois meninos.
- Oi, Bruno - Bia falou, sorriu e me abraçou. Eu encarei aquele moleque retardado. Poxa, ele beijou a Bia, e eu não. Tenho sim uma pontinha de ciumes, e eu consigo admitir. Coisa que algumas pessoas não fazem - Bruno, esses são Pedro - ela apontou para um cara sorridente. Sim, ele parecia ser gente boa. Eu o cumprimentei com um aperto de mão - Ele é o namorado da Ana - ela riu - E esse é o Guilherme - ela sorriu. Eu o olhei tentando o matar apenas com os olhos, o que seria bom, se ele morresse, pois a Bia seria toda minha, mas enfim - Não vão se cumprimentar? - ela riu e ele estendeu sua mão para eu o cumprimentá-lo, assim eu fiz
- É, e eu sou o Bruno - falei rindo
- Já sabemos - Pedro falou e riu
- Vamos entrando, vou mostrar a casa pra vocês - Bia falou simpática, enquanto empurrava o pessoal para dentro do apê. Fechei a porta e fui novamente jogar com o Felipe.
Todos estavam na sala, necessariamente esperando que a Bia apresentasse eles ao Felipe, e foi o que ela fez.
- Então, Guilherme e Pedro, esse é o meu irmão, Felipe - ela falou, fazendo com que o Felipe desgrudasse os olhos da TV e se levantasse para cumprimentar eles.
- Oi - ele riu - Já sabem quem eu sou, então - eles riram - Vocês são amigos da Bia?
- Eu sou amigo, ele não - Pedro falou rindo, fazendo com que Felipe olhasse para Guilherme raivoso
- Shhhhhhh, cala a boca, Pedro - Guilherme riu
- Como assim? O Guilherme não é amigo da minha irmã? Então ele é o que?
- Ficante - Pedro tinha sim um bom humor, mas isso estava me incomodando.
- Não sou ficante dela - Guilherme se defendeu - Eu só dei um selinho nela, cara, nem foi nada. Que merda, Pedro.
- Ah, melhor assim - Felipe voltou a se sentar, jogando novamente comigo. Bia começou a mostrar para eles a casa.
Vi que o Felipe digitava algo no celular, logo recebi uma mensagem
Felipe: Não fui muito com a cara desses caras
Eu sorri, vendo que ele concordava comigo
Bruno: Digo o mesmo


O amigo do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora