Que se dane!

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- Você vai me explicar, e vai me explicar bem Emily! - Eu disse, tentando não exaltar a voz para não assusta-la.

Emily olhava para baixo, seus cabelos loiro-escuro emaranhando-se por seu rosto, as pontas de seus cabelos batiam no início de seus seios.

- Eu já lhe disse que não posso. - Ela me respondia num tom de voz de súplica. Ela suplicava para que eu parasse de fazer perguntas.

- Droga, Emily! - Eu me virei e soquei a parede com o lado direito do punho. Naquele momento, estávamos na rampa, parte fantasma da escola na hora do lanche. Eu queria ter aquela conversa sozinho com ela, sem interferências. Porém, devo confessar, até agora não tive nenhuma resposta que me ajudasse.

Emily esfrega o braço direito, como se estivesse sentindo-se acanhada.

- Eu..... não posso te contar.

- Por que Emily?! - Eu girei meu corpo na direção dela, meu punho ainda apoiado na parede.

- Meu pai não quer isto.

Finalmente uma resposta havia sido dita mas, não tinha nenhum sentido.

- Oi? - Eu indaguei.

- Meu pai, Marco, não quer isto.

- Isso o que? - Eu me aproximei dela. Meu tórax quase encostando no seu.

- Nós, Fred, ele não quer nós.

- Hahm, engraçado isso.

Ela adquiriu uma expressão confusa.

- Acho engraçado o quanto nós, humanos, tentamos controlar coisas que estão longe de nosso alcance. Como alguém pode achar que pode, que tem o direito, de dizer sim ou não para o amor de alguém? Nós não escolhemos amar, simplesmente acontece. 

Eu coloquei a mão no pescoço de Emily, sentindo os pequenos pelos de seu pescoço se eriçarem.

- Sentimentos são velas incandescentes, chegam na hora da escuridão, para nos mostrar a luz.

Eu virei minha cabeça e beijei-a. Eu a beijei como não tinha feito naquela noite em que invadimos o Ceret, eu a beijei não por apenas desejo, eu a beijei por que realmente tinha sentimentos por ela.

- Fred.... nós não devíamos. - Ela protestou.

Eu me afastei o suficiente para que eu conseguisse controlar a minha vontade de beija-la. Eu olhava fixamente para sua cintura e depois para seus olhos, o que me fazia enrubescer.

- Você o ama?

Ela me olhou, confusa e excitada.

- Quem?

- Hugo.

Ela abaixou a cabeça e tossiu.

- Sim. - Ela disse sem me olhar direto nos olhos.

- Não minta.

- Não estou mentindo.

- Talvez não para mim, mas para si mesma.

Ela respirou fundo e encostou-se na parede.

- Por que fica me perguntando essas coisas, Fred?

Eu coloquei minhas mãos nos bolsos, tentando esconder a minha tremedeira, ainda não havia me acostumado a beijar uma garota.

- Ok, vou reformular a pergunta.

Ela parecia aguardar pelas palavras que estavam prestes a sair de minha boca.

- Você sabe se Hugo te ama?

A pergunta pareceu pegá-la de surpresa. Eu vi os olhos de Emily encherem-se de lágrimas, eu via o esforço que ela fazia para não deixa-las rolarem pelo seu rosto ainda vermelho devido o beijo e o calor daquele dia.

- Seu pai não deve controlar sua vida. Não deve escolher as pessoas que você deve amar.

- Não é tão simples, Fred, você não consegue entender isso? - Ela falava pausadamente, tomando cuidado a cada palavra dita para que não desabasse em lágrimas.

- Não, não consigo.

Ela arregalou os olhos. Emily não esperava tanta sinceridade.

- Que merda! Por isso que se apaixonar é um saco! Você começa a se entregar, mesmo que aos poucos, e de repente alguém vem e te dá um soco na cara, te jogando involuntariamente de volta à realidade.

- Talvez.... - ela começou a andar, se aproximando de mim - nós estamos em realidades diferentes.

Eu respirei fundo e andei até ela. Agarrei seus braços e controlei minha força para não machucá-la.

- Nós estamos aqui e agora. Eu estou aqui, eu sou real. - Eu agarrei a cintura dela. - Faço aquilo que tiver vontade, não fique presa.

Ela olhou para meu rosto, minha mão comprimindo sua cintura cada vez mais contra minha virilha, então, de repente, Emily agarrou a gola de minha blusa e aproximou meu rosto do seu.

- Eu te quero, aqui e agora. - Disse ela com seu hálito fresco.

Nossos lábios encontraram-se com ardor, dois corpos se unindo. Eu inclinei meu corpo na parede e ela acompanhou meu movimento.

Já disse que beijar é bom? Não, talvez bom não seja uma palavra que resuma a sensação, um beijo é...... inimaginável. A sensação dos lábios..... a mão colocada na posição certa, não há razoes para acreditar que, aquilo, não possui sentimento. 

Se eu e Emily estivéssemos sem roupa ( você deve achar que estou precipitando as coisas), seria capaz de sentir o coração dela unindo-se à batida do meu. 

Marco, nome tipicamente italiano. O pai de Emily realmente parecia ser casca-grossa, afinal, qual seria a justificativa dele para que proibisse-a de me amar? De amar qualquer outro se não Hugo? Não fazia nenhum sentindo, mas que se dane, não estou ligando para o sentindo de nada agora, eu só sentia minhas mãos por baixo da blusa dela.

Eu me afastei por um segundo, retomando o folego e, por entre as lufadas de ar, eu disse:

- Viu, sem arrependimentos.

Uma coisa que o amor tinha acabado de me ensinar era que, quando você faz uma escolha, você deve faze-la sabendo que não irá se arrepender pois, depois de feito, você sempre sofrerá as consequências.

"Podem vir, consequências, eu aguento!"

Depois desse pensamento, a cada beijo que eu dava em Emily, um sorriso de canto de lábio formava em meu rosto.



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