Estrelas, sublimes Estrelas.

122 11 21
                                    


- Sabe, você ainda não me contou o porque de ter aceito ir atrás de Emily. - Disse ela, Heloise, devorando um hambúrguer cheio de bacon que tínhamos acabado de pegar num McDonnalds logo no início da estrada.

- É complicado. - Respondi já que, além de estar com a minha atenção compenetrada na estrada, queria evitar aquele assunto. - Me da uma batata.

Heloise pegou uma batata, como eu pedi, e disse:

- Abre a boca.

Eu estranhei, mas fiz o que ela pedira e, logo, senti o delicioso sabor da batata quentinha cheia de sal. Quando acabei de mastigar, disse:

- Você não vai me deixar em paz até que eu conte, não é?

- Até que você me conhece bem, Fred. - Disse a garota sentada ao meu lado com seus cabelos presos, agora, em um rabo de cavalo.

- Olha, o que eu falar nesse carro, fica nesse carro, okay?

Ela não respondeu.

- Okay?! - Disse elevando minha voz.

- Okay! - Ela respondeu meio surpresa e esbaforida. - Tenha mais calma, estava mastigando.

Eu sacudi a cabeça e larguei minha mão direita do volante, alcançando meu hambúrguer duplo de cheddar.

- Foi lá no nono ano que.......

- Não minta para mim, Fred. Você a conheceu neste ano.

- Não estava mentindo. Você me perguntou porque eu resolvi vir nesta viajem, nesta busca por assim dizer. Eu não vim por causa de Emily, apenas.

- Fred, melhor você explicar isso direito.

- Se você me der a oportunidade. - Disse, mastigando ferozmente um pedaço do sanduíche.

- Não precisa ser grosso.

- Eu só..... - Serrei minhas mãos em volto ao volante e respirei fundo. - Não é um assunto tão confortável assim.

Ela assentiu e comeu uma batata, depois tomou seu refrigerante e, por fim, disse:

- Okay.

Eu respirei novamente e comecei:

- Foi no nono ano eu...... me apaixonei por uma garota que....

- Qual o nome dela? - Disse Heloise, parecia uma criança mimada.

- Você faz muitas perguntas, senhorita.

Ela assentiu, percebendo que não deveria falar novamente.

- Eu fiquei apaixonado por ela por três intermináveis anos, mas só na nona série que eu percebi que aquilo já havia consumido minha alma, a minha existência por inteiro. Essa..... garota, disse que me amava uma vez, que eu tinha belas palavras e que eu era extremamente importante para ela, mas quando eu disse que a amava, ela não hesitou em dar as costas. Passou-se o decorrer do ano e eu, um tolo iludido, arrisquei novamente, pedindo-a em namoro, a resposta dela foi a pior de todas. Através de uma mensagem ela disse: Você ainda tem alguma esperança de ficar comigo? Achei que já tivesse deixado claro que não quero nada com você! Eu sofri muito por causa dela mas, um dia, numa tarde para ser mais exato, eu percebi uma coisa, eu percebi aquela última gota que faz um balde transbordar, eu percebi aquele medo súbito antes da morte e, nesta tarde, eu disse para mim mesmo: O amor é a nossa improbabilidade e, assim, eu estilhacei a mim mesmo.

Heloise estava quieta, concentrada em cada palavra que saía de meus lábios.

- Desde aquele dia eu não tenho esperança nas pessoas, eu não tenho aquela ousadia de arriscar novamente, aquela vontade de conhecer novas pessoas, eu me tonei recluso como jamais havia sido antes. Com o tempo, tudo passa, mesmo com dor e sofrimento, tudo passa. Porém, neste ano, tudo mudou. Quando eu conheci Emily, por mais excitante e empolgante que seria conhecê-la, eu estava com medo, aflito, não queria sofrer de novo, mas um tolo apaixonado sempre se arrisca.

3 Segundos.Onde histórias criam vida. Descubra agora