Passou-se uma semana desde que a realidade acordou-me com um tapa no meio da minha cara, a imagem de Emily segurando a mão de Hugo não saia da minha cabeça. Como pude deixar um sentimento me levar tão longe? Por que eu ainda tenho esperança?! Uma coisa engraçada sobre pessoas iguais a mim é que, mesmo depois de lhe mostrarem o que é a verdade, você ainda não quer aceitar. Neste momento, não quero aceitar que Emily esteja com Hugo.
Durante essa última semana, minha situação pai e filho também decaíra, nunca me senti tão afastado do meu pai quanto me sinto agora. Graças a deus minha mãe parece me entender, ela é meu porto seguro, um lugar que sei que posso recorrer à qualquer instante.
Hoje eu acordei com a cabeça um pouco mais leve, porem isso não significava que eu deixara de sentir repúdio por Hugo. Ele tinha uma garota incrível e, mesmo assim, a traiu. Meu deus, o que os garotos de agora tem na cabeça? Eu sempre fui julgado por não ser igual aos outros garotos, sempre fui julgados por não sair por ai pegando todas, quer saber? Foda-se! Eu me orgulho de ser como eu sou! Eu sei o que sou e é só isso que importa.
Eu desci as escadas até a cozinha e, a caminho dela, vi meu pai jogado no sofá de nossa sala de estar roncando. Quando cheguei na cozinha, abri a porta da geladeira e peguei um copo de Ades e um pequeno muffin que estava numa caixinha de plastico ao lado da pia.
- Se sentindo melhor filho? - Perguntou minha mãe com seu sotaque americano.
Eu olhei para ela, ela vestia um pijama lilás com algumas patinhas de cachorro em sua calça, já em sua blusa, estava escrito: Arf, uma onomatopeia para imitar o latido do cão. Seu cabelo emaranhado de todas as manhãs estava preso num coque.
- Um pouco, sabe, eu nunca dediquei sentimentos a ninguém além da família e, quando faço isso, dou de cara na parede.
- Essa foi só a primeira parede, amor.
- Nossa, fiquei muita mais animado mãe. - Isso soou um pouco rude, pensei.
Quando acabei de colocar meu Ades de laranja geladinho no copo minha mãe disse:
- Sentimentos...
Antes que ela pudesse completar a frase eu terminei de beber todo o liquido alaranjado do meu copo e disse:
- Mãe, me desculpa, te amo muito e tals, mas não me venha com metáforas à essa hora da manhã.
- Me desculpe, eu só queria ajudar.
Minha mãe sentou na mesa, cabisbaixa.
- Mãe, a ultima coisa que eu quero é te deixar triste, eu te amo incondicionalmente, porem me senti muito fraco na ultima semana.
- Isso são sentimentos, filho. Eles nos deixam fracos por fora para que possamos sentir o que há por dentro.
Então ela passou a mão por entre meus cabelos e voltou ao seu quarto.
"Ah, mãe, como te amo" eu pensei
.........
Decidi não acordar meu pai e, assim, fui para a escola a pé. Em menos de dez minutos estava frente daquele portão imponente.
.........
Hoje eu realmente assisti às aulas, eu não prestei atenção em Emily, em desenhos, em nada que não fosse meus estudos, bom, até agora.
Eu levantei meu rosto do meu caderno assim que acabei alguns exercícios de química e, quando olhei em direção à porta, eu a vi.
Heloise.
Eu não poderia dizer que sentia raiva dela, não, nem repúdio, mas alguma coisa naquela garota me chamava atenção.
Heloise. - Pensei novamente. - É claro! - Uma ideia explodiu em minha cabeça. - Ela pode me dar respostas, não tem ninguém mais envolvido nisso do que ela.
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Novela JuvenilFreduardo, um cara tímido, nunca teve muita esperança sobre relacionamentos - os quais acreditava ser perda de tempo - até cruzar com Emily, a garota que seu coração ousou desejar. Loira, delicada, sonhadora e com personalidade forte porém, ao se a...