Fantasmas

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"Merda!Merda!Merda!" era tudo que eu conseguia pensar naquele momento.

- Vamos fazer o seguinte então - Marco disse, sua voz entorpecida e dramática devido a bebida - se eu te encontrar, eu te dou um tiro. - Ouvi o barulho da arma sendo engatilhada. - Me parece justo e, além disso, quem cala consente. - Ele riu novamente.

Eu fiquei num silencio absoluto, minha respiração e o batimento acelerado do meu coração eram as duas coisas que mais me atormentavam.

"Okay, calma, você precisa achar um telefone e ligar para a polícia" aquela ideia me pareceu muito boa no incio, porém, novamente, me lembrei de que mais da metade da polícia era comandada pela máfia. "Pensa, idiota, pensa!"

No final de tudo, eu decidi arriscar e abrir uma pequena fresta da porta. Meus olhos estranharam a cena que viram, Marco estava apenas sentado, um copo de conhaque no braço do sofá e uma arma na mão direita enquanto, com a outra, digitava rapidamente algo em seu celular.

- Ei, Freduardo! - Ele gritou meu nome - adivinha para quem acabei de mandar uma mensagem? - Ele virou o copo e bebeu o líquido, que desceu queimando por sua garganta. - Vai, você não é tão burro assim, já me mostrou isso milhares de vezes.

"Emily!" Era tão ruim não me mexer, era tão ruim ficar parado e ver o quão inútil você é.

- Bom, se você pensou "Emily", acertou, mas se você pensou "Heloise", obviamente está errado - Ele riu e engasgou com o resquício do conhaque em sua boca. - Porque ela já está morta! - Ele concluiu depois de pigarrear.

E...e..... eu não sei o que aconteceu depois, foi tudo tão rápido, eu olhei para o lado e vi um pequeno espelho na parede do banheiro, mostrando o meu rosto. Senti o sangue subir por todo o meu corpo, a raiva chegando aos meus punhos e coração. Agarrei o suporto de escova de dentes que estava na pia, abri a porta e lancei o objeto na direção de Marco, acertando-o em cheio. Eu corri até ele, subi em cima de seu corpo e o derrubei do sofá, fazendo com que a arma de sua mão voasse para mais longe.

Meus punhos não esperaram - eu não sei como eu fazia aquelas coisas, parecia que eu não estava ali, era como se um lutador de box profissional tivesse coordenando meu corpo, como se eu estivesse com a força e o peso de um rinoceronte - , eles socaram furiosamente o rosto cínico de Marco e, de certa forma, aquilo me deu certa calmaria, uma tranquilidade estranha.

- Acha que isso vai parar, Fred? - Ele disse. - Ela já está vindo para cá - Eu soquei o rosto dele e o velho mafioso tossiu com seu sangue. - Eu vou matar vocês dois em um dia. - Ele me deu um soco na garganta, tirando-me todo o ar, fraquejando todos os meus músculos. - Você está me ajudando a acabar com todos os meus problemas. - Ele agarrou o meu pescoço e me jogou contra a parede.

Minha cabeça ficou tonta, estava de certo de que iria desmaiar, mas meu coração parecia dizer outra coisa, conforme ele bombardeava meu corpo com sangue, ele parecia também bombardeá-lo com esperança. A adrenalina subiu em minhas veias e eu consegui me afastar de Marco, empurrando-o a alguns metros de distancia de meu corpo.

Olhei para o lado e vi um telefone, logo, meu instinto foi correr para pegá-lo, mesmo sabendo que  a maior parte da polícia pertencia à máfia, não custava tentar.

- Acha que vai ligar para quem? - Marco provocou, chamando minha atenção. 

Eu me virei e vi um arma apontada na minha cabeça.

- Agora você se mostrou realmente muito patético.

Eu fechei os olhos rapidamente e pensei em todas as pessoas que eu amava, pedi desculpas mentalmente à todos que eu pudesse ter feito algo e desejei poder ver meus pais e Emily uma última vez, queria dizer o quanto eu os amavas e, assim, comecei a chorar.

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