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Assim que saio da escola encontro o carro a minha espera. Caminho lentamente até o carro e durante o caminho meu olhar se encontrou com o dele. Paro no meio do caminho e o encaro fixamente. Ele está encostado em uma árvore com um cigarro na boca, ele acena com a cabeça pra mim e vai embora, na direção dos dormitórios. Pelo visto mora aqui. Confesso que senti uma vontade absurda de segui - lo mas fui tirada de meus pensamentos pela buzina do carro.

******

- Liesel!!!! - Escuto a voz grossa de meu pai. Reviro os olhos, fecho meu livro que estava lendo e saio do quarto.

- Sim, papai? - Pergunto quando me aproximo dele.

- Vamos ao meu escritório. - Opa! O que ele quer comigo? Obviamente é algo sério. Me sento na cadeira de frente pra ele.

- O que quer falar ? - Pergunto já impaciente.

- Sobre seu futuro. - Sorrir.

- Meu futuro? - Franzo a testa.

- Oh claro. Lis, você já tem 16 anos. Acho que já sabe em que quer se formar, não é ? - Pergunta.

- Oh sim! Já tenho uma escolha. - Digo com um sorriso. Uma coisa que eu adoro é a arte da expressão. E uma das formas que me sinto encantada é registrar as emoções das pessoas. Sejam elas tristes, felizes ou raiva. Registrar as emoções que elas estão sentindo é uma coisa que adoro ver e pretendo realizar isso.

- Então, o que é ? - Pergunta cruzando os dedos uns nos outros pondo - os em cima da mesa.

- Fotografia! - Abro um largo sorriso mas, o de meu pai desaparece.

- Então o que você quer fazer é fotografar ??? - Ele solta uma gargalhada alta. Meu sorriso some. Como ele pode debochar de mim ?

- Sim, fotografar! Algum problema ? - Acabo por gritar com ele e logo me arrependo. - Er .. desculpa, papai. Não quis gritar com você. Perdão!

- Vá para o seu quarto, Liesel. E trate de pensar melhor em seu futuro. Fotografar não vai te beneficiar. O melhor pra ti é a Engenharia ou Direito. Ou até mesmo Medicina. Isso sim vai te garantir um futuro de verdade. - Diz de forma arrogante.

- Sim, papai. - Abaixo a cabeça e vou pro meu quarto. E mais uma vez deixo minha felicidade nas mãos de meus pais.

*******

Nesse momento estou no telhado de meu quarto deitada olhando as estrelas. Odeio não conseguir dizer o que sinto pra eles. Odeio ter que deixar minha vida ser controlada por eles. Odeio deixar que eles suguem minha felicidade. Odeio minha vida!

- AHHHHH!!! - Solto um grito enquanto deixo as lágrimas rolarem livremente pela minha face. As lágrimas são as únicas coisas que consigo controlar. As minhas lágrimas eles não podem controlar. Minha dor eles não sentem, por isso, também não podem controlar.

******

Acordo sentindo um frio tremendo. Meu olhar vai em direção a janela e percebo que está nevando. Neve! Já disse que amo a Neve? Pois é, eu amo! Isso sim é uma das coisas que eu amaria registrar. Isso é uma expressão da terra. A chuva. O sol. O frio. A neve. Eu diria que a chuva é uma forma que a terra tem em mostrar sua dor. O sol eu diria ser seu momento mais radiante. O frio eu diria que quer mostrar sua parte mais obscura. E a neve, a neve deveria ser sua forma de mostrar que tudo o que ela quer possuir é a paz e a felicidade. E é exatamente o que eu quero.

Hoje seria um dia em que, normalmente, as pessoas diriam que as aulas seriam suspensas. Mas não está mais nevando e por incrível que pareça a neve não bloqueou as ruas. Então, haveremos aula sim.

- Tchau, Alfredo! - Me despeço do motorista e começo a andar em direção a entrada da escola.

O campus, que antes era coberto por sua grama verde, hoje está uma boa parte em branco. Confiro a hora no relógio e percebo que cheguei cedo demais então decido dar uma volta pela escola. Não sei porquê mas alguma força não conhecida por mim me leva em direção aos fundos da escola. E lá esta ele. Sentado ao chão, encostado na parede, com sua jaqueta preta, seu jeans rasgado e uma toca escondendo seus cabelos dourados.

- Olá! - Ele diz quando percebe minha presença.

- Hm , er .. oi! - Sorrio fraco. Ele sorri de canto e bate no canto ao seu lado. Me sento.

- Você adora me observar, né ? - Ele gargalha e eu o encaro sentindo minhas bochechas esquentaram.

- Você é misterioso.

- Misterioso ? - Pergunta e me encara com seus olhos sem brilho. Concordo com a cabeça. - É, talvez! Então, você é uma Campbell, ein?

- É , mas isso não importa! - Digo enquanto abaixo a cabeça. Ele nada diz. - Mora aqui? Na escola ? - Pergunto quebrando o silêncio.

- Moro.

- Mas e seus pais ? - Ele fecha os olhos e suspira. - Hum, desculpa.

- Não, tudo bem. Meu pai está na cadeia. - Diz sem mostrar nenhuma emoção.

- Eu sinto muito. - Ele balança a cabeça negativamente. - E sua mãe ?

- Está em casa! - Diz e seu semblante fica sério.

- E por que não mora com ela? - Não consigo entender.

- Não sou rico pra ganhar benefícios como você. Nem sei quem paga essa escola pra mim. E eu nem sei porquê estou contando isso pra você, você não se importa, afinal, você é rica, não precisa do sofrimento de ninguém. - Diz com raiva. E aquilo me destruíu. Eu não sou assim. Eu não sou fútil.

- E daí que sou rica ? O que isso traz pra mim? Você acha que eu não tenho problemas só porque sou rica ? Você acha que minha vida é umas 7 maravilhas? Você acha que sou feliz só porque sou rica?? - Grito e choro ao mesmo tempo. - Eu sou infeliz! Eu não tenho vida! Eu sou controlada! Eu.. eu.. - Não consigo falar mais nada. Ele fica em silêncio.

Levanto meu olhar que encontra o dele. Ele é o primeiro que me vê chorar. Ele é o primeiro que sabe um pouco de mim. Ele é o primeiro que sabe o que sinto de verdade. Ele é o primeiro e será o último.

*********

O que acham ?

Esse ficou bem chatinho, porém ficou bem grandinho. Mas espero que gostem.

A partir desse capítulo o Jubs vai começar a aparecer mais.

Devo continuar ?

Bye! Xoxo :)

Maybe ¥ J.B ¥Onde histórias criam vida. Descubra agora