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Ele não falou nada depois de tudo o que falei pra ele. Ele nem ao menos disse um 'sinto muito'. Ah, que raiva dele. É, ninguém se importa mesmo comigo, não entendo o porquê que eu achei que ele se importaria. Então decidi me levantar e caminhar até a biblioteca. Lá eu me sinto em paz. Os livros podem me entender.

Me sento na mesa do canto e abro um livro qualquer que me chamou muito a atenção. Começo a ler e me perco no mundo de fantasias. Mas logo sinto uma presença. Levanto meu olhar e lá está ele com as mãos enfiadas no bolso da jaqueta, seus dentes prendendo seu lábio inferior e um pouco de seu topete pra fora da touca. Tenho que admitir ele é muito lindo.

- O que você quer ? - Pergunto. Como se não tivesse me escutado, ele senta na cadeira ao lado e arranca o livro de minhas mãos. - Eii. - Protesto.

- Gosta de ler ? - Pergunta me devolvendo o livro.

- Sim, você gosta ? - Uma esperança em encontrar alguém que goste de ler nesse mundo de hoje em dia em que todos só se importam com a tecnologia.

- Hum, nada contra! Acho interessante. - Bom, já é um começo. Trim.. trim... o sinal toca indicando que as aulas vão começar. Arrumo minhas coisas rapidamente e quando estou pronta pra sair ele agarra meu braço. - Pra que essa pressa toda ?

- A aula vai começar. Não posso me atrasar! - Digo encarando - o fixamente.

- Você fala como se nunca tivesse se atrasado na vida. - Ele diz soltando uma risadinha.

- Mas nunca me atrasei! - Digo. E isso me fez se sentir uma idiota.

- Isso é sério ? - Pergunta não acreditando. Só aceno com a cabeça. - Bom, pra tudo há uma primeira vez, né?!

- O que quer dizer com isso ? - Franzo a testa. Ele gargalha.

- Descubra você sozinha. - Ele me manda uma piscadela e sai calmamente da biblioteca me deixando lá plantada sem entender nada. E só aí me dou conta. Ele me atrasou. Estou 5min atrasada. Até eu chegar a minha sala será 10min. Merda! Não acredito que fui tão estúpida. E então.. eu corro.

*****

Por pura sorte a professora não me deixou do lado de fora só porque era a primeira vez em que me atrasava. Meu único medo era que ela pudesse contar esse pequeno atraso aos meus pais. Eu mato aquele garoto se meus pais ficarem sabendo. Mas pra ser sincera eu adorei a adrenalina que senti enquanto corria pra chegar até a classe. Aquilo, de certa forma, me fez se sentir viva.

Na hora do intervalo, meus olhos percorrem todo o campus a procura dele. Não o encontro então vou procula- lo. Ele está sentado no banco perto de um lago. Vou em sua direção e me sento ao seu lado e, só então, percebo que ele está fumando.

- Você sabe que fumar na escola é contra as regras né ? - Ele sorri.

- É, eu sei. Mas você acha mesmo que eu cumpro regras ? - Ele me encara.

- É, acho que não! - Sorrio.

- O que te traz aqui ? - Pergunta.

- Você foi muito sagaz comigo hoje. - Digo e ele franze a testa.

- Sagaz, é ? - Ele pergunta divertido.

- Idiota. - Dou um soco em seu braço e ele gargalha gostosamente.

- Então, me fala mais de você, Campbell!

- Pra que você quer saber mais de mim? - Desconfio, afinal, ninguém nunca se importou de verdade comigo. - Não tem nada de interessante na minha vida.

- Ah claro que tem, sempre tem! - Ele dá mais uma tragada e joga o resto do cigarro fora.

- Não, é sério! Minha vida não é interessante. - Sorrio sem emoção.

- Se você diz.

- Mas e você? Você não visita sua mãe nos fins de semana? - Pergunto curiosa. Ele se mantém em silêncio por um tempo.

- Visito sim! Na verdade eu queria poder visitar ela todos os dias. Estou preocupado com ela. - Sinto tristeza em sua voz. Seus ombros caem e seu olhar se mantém perdido em um ponto qualquer no horizonte.

- O que ela tem ? - Acho que já estou me intrometendo demais. Ele me encara.

- Quer sair esse fim de semana ? - Ele ignora minha pergunta e eu arregalo os olhos.

- S..sair? - Gaguejo. Ele franze a testa.

- É ! Por quê ? Algum problema ? - Pergunta confuso.

- Não er .. é só que ninguém nunca me convidou pra sair. - Abaixo a cabeça.

_ Nem com seus amigos ? - Pergunta.

- Hum, eu não tenho amigos!

- Agora você tem ! - Me surpreendo.

- O quê ? - O encaro.

- Sou seu amigo agora. A gente pode se conhecer melhor e virarmos melhores amigos. - Diz dando de ombros.

- Por que eu ?

- Gosto de conversar com você.

- Gosta ? - Sinto minhas bochechas esquentaram.

- Não precisa ficar vermelha ! - Gargalha. - Você é uma garota incrível. Só que ninguém se da ao esforço de perceber isso. Mas, felizmente, tive a oportunidade de te conhecer. - Ele se levanta e vai embora.

- EII!! - O chamo. Ele para e se vira pra mim. - Obrigada! - Digo sincera. Ele acena com a cabeça e sorrir. E eu também sorrio. Um sorriso sincero. Eu não sei o que ele tem ou o que ele faz, só que.. ele consegue uma coisa que ninguém conseguiu. Ele consegue me fazer sorrir sem esforço algum.

*****


Então ?? O que acham ?

Eu adorei esse capítulo.. :D

Continuo ?

Bye! Xoxo..

Maybe ¥ J.B ¥Onde histórias criam vida. Descubra agora