Capítulo 6

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   Acho que eu nunca fiquei tão contente em ver uma pessoa. Sabe aquelas borboletas no estômago sempre que você está prestes a fazer alguma coisa super importante? Pois é, comigo foi assim. 

   Ao entrar naquele quarto com tons claro de azul, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo. Mas depois uma sentimento de pena me encheu:  Louis estava com uma touca na cabeça, pois metade de seus cabelos já haviam caído. Meu coração se apertou ao ver o pequeno ser deitado naquela cama de hospital, branco como um fantasma, e com os olhos vermelhos, por talvez ter passado a noite chorando.

   Johannah foi direto abraçar Louis, mas eu não me achei nesse direito. Por enquanto.

   -Olá Louis - Eu disse baixinho, mas o suficiente alto para ele escutar.

   -Olá Harry - Diz Louis alto, e o que mais me surpreendeu foi o fato de ele estar sorrindo, já que muito raramente ele sorria para mim. Tinha uma poltrona no quarto e eu me sentei lá. Ficava perto da porta e dava para escutar as pessoas que passavam pelo corredor. Observei Louis e Johannah conversarem por um tempo, até que escuto algo que jamais pensei escutar:

   -Harry, posso falar com você em particular? - Louis disse, olhando para mim e pra Johannah.

   -Acho que eu vou tomar uma café... Vai querer um Harry? - Ela diz.

   -Não, obrigado. - Após eu responder, ela saí do quarto, me deixando sozinho com Louis

   -Bom, acho que eu lhe devo um muito obrigado. - Louis disse olhando nos meus olhos...Ah esses olhos...

   -Acho que você faria o mesmo por mim - Digo.

   -Bom, eu acho que não... - Ele ri, envergonhado - Na verdade, agora eu faria, mas à um tempo atrás não. - Ele diz, e seu rosto fica ainda mais vermelho.

   -Por que? - Eu pergunto, a curiosidade que eu tenho agora é enorme.

   -Por que eu não preciso de sua pena, e acho que se fosse com você, talvez você entenderia.

   -Eu não tenho pena de você Louis, eu tenho admiração. Acredite!  - Falo, já que não entendi muito o que ele queria dizer.

   -O que eu quero dizer é que, se talvez nós tentarmos ser amigos, que você não faça isso por eu ter câncer e ter meus dias contados, faça isso por realmente querer ser meu amigo... É só isso que eu lhe peço.

   -Eu faço isso por você, Louis. E pelos seus olhos que são lindos. - Eu digo, tentando fazer graça.

   -Ah, cala a boca! Você tem olhos verdes, coisa que somente um por cento da população pode ter, e fica falando que os meus olhos azuis são lindos? Faltam espelhos na sua casa então! - Ele diz rindo, e então eu vejo como seus lindos olhos azuis ficam quando ele sorri: Eles ganham vida, e um brilho indescritível. 

   -Então ok né. - Eu sorrio para ele. - Amigos? - Eu estendo minha mão para cumprimentá-lo, e fechar para sempre o nosso laço.

   -Amigos. - Ele estende sua mão esquerda, que está com uma pulseirinha do hospital, e aperta a minha.

                                                                    ***

   São quase meio-dia e eu estou dirigindo para casa. Louis ganhou alta ainda enquanto eu estava lá, mas Johannah disse que ele precisaria de repouso, então eu decidi vir embora. Chego em casa e pela primeira vez, checo meu celular, que contém catorze chamadas e cinco mensagens de voz da Anne. Decido ligar para ela.

  -Harry? Ah meu Deus, me desculpe... Acho que não deveríamos ter começado assim, sinto muito... Estamos juntos né?

  -Bom dia para você também Anne. - Digo com uma pitada de ironia. - Eu também não queria que fosse assim, mas se cada vez que eu não quiser dançar nós brigarmos, a coisa vai ficar séria demais para palavras por telefone resolverem... Mas sim, estamos juntos.  - Digo, deixando a voz um pouco mais mansa no final.

  -Eu te amo Harry, não esqueça disso. Agora tenho que desligar, estou no trabalho e minha hora de almoço é só à uma. Beijos.

  -Beijos. - Eu digo, e ela desliga. Acho meio cedo demais pra dizer que a amo, e acho que ela entende o porquê... A última pessoa na qual eu disse isso, morreu esmagada por um carro.

  Como algo rápido para o almoço e vou correndo para o café. Meu chefe vai perguntar porque eu deixei seus clientes esperando, e eu espero que ele entenda. Uma pessoa qualquer temeria seu chefe, mas como o meu quase nunca está lá, o mais grave que vai acontecer comigo é ele me dar uma bronca por telefone. Ou seja, não tenho nada a temer.

Love me Harder ||L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora