Capítulo 9

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Duas semanas depois
A vida continua a mesma, mas algo que mudou bastante foi a convivência entre mim e Louis. A única coisa que eu espero, é que ele não seja tão legal comigo por eu o ter ajudado quando ele precisou. Não quero que ele ache que deve a sua simpatia a mim.
Eu me encontro neste momento sentado em meu sofá, assistindo um programa nada à ver, no meu maravilhoso dia de folga. Anne, minha namorada (não consigo me acostumar com o fato de ela ter o mesmo nome que minha mãe) está à uma semana sem falar comigo, pois diz que eu sou frio, insensível. Ela sabe o que aconteceu comigo, mas não é capaz de me entender. Está passando um programa de culinária, e quando está na parte da prova de qual comida está melhor, meu telefone toca.
-Alô? - Pergunto, mesmo sabendo que Anne é quem me ligou.
-Olá Harry. Eu tô chegando em sua casa, a gente precisa conversar. - A gente precisa conversar... Vai dar merda.
-OK... - Ela desliga depois.
Cerca de dez minutos depois, sabê-se lá como, ela chega em minha casa.
-Oi, como vai? Entra... - Digo, depois de abrir a porta para ela entrar.
-Oi, tudo bem comigo sim... E com vc? - Ela pergunta, enquanto entra e senta em uma cadeira da mesa.
-Bem. - Na verdade, tudo está normal, a única coisa que é diferente, é que quanto mais com Louis eu fico, menos pesadelos eu tenho, o que é estranho, mas me livra de várias horas sem sono.
-Posso te perguntar uma coisa? - Anne diz, com a voz calma e leve.
-Até duas. - Digo brincando, para aliviar a tensão palpável entre nós dois.
-Você me ama? - Ela diz, com a voz arrastada e magoada.
-Anne... - Tento responder, mas as palavras me faltam. Me dirijo de onde estava e pego uma cadeira e ponho em sua frente, logo me sentando.
-Por favor Harry, eu preciso que você me responda com toda a sinceridade que conseguir. - Ela diz isso olhando para as suas mãos, mexendo em suas unhas. Ela evita olhar em meus olhos, talvez pelo fato de que vá encontrar a verdade neles.
-Eu sinto muito Anne. - Digo, e vejo uma lágrima escorrer dos olhos agora fechados dela. Isso doeu, e eu sei disso.
-Por que? Tem alguma coisa em mim? Não sou boa o suficiente para você?
-Não Anne! - Digo, passando minhas mãos nas delas - Nunca diga isso! Você é perfeita... É que... - Um nó se forma em minha garganta, e quando dou por mim, sinto lágrimas molharem meu rosto. - Eu tenho medo, medo de te amar, de me apaixonar novamente. Eu tenho medo de você simplesmente sumir quando eu mais preciso de você. Uma pessoas já morreu por mim antes, não quero que aconteça isso novamente.
-Você diz isso, mas nem se dá conta que pelo fato de não amar, e não permitir que te amem, você mata um pouquinho de quem está com você, todos os dias. - Ela diz isso, e então eu me dou conta: a Anne alegre de antes, aquela que tinha os olhos com um brilho único, que ria por qualquer coisa; já não existe mais, porque eu a matei. Eu com a minha dor, com o meu sofrimento, me isolei e nem percebi, que eu estava a matando um pouco todos os dias sem nunca encostar em um único fio de cabelo dela. E eu finalmente entendo que as coisas que acontecem comigo não são culpa do mundo, e sim minha culpa... Eu sou responsável por tudo o que aconteceu até agora.
-Eu sou um idiota né? - Falo com uma risada trêmula e irônica, e mais lágrimas escorrem pelo meu rosto.
-Você não é um idiota Harry. Você é só uma pessoa machucada demais, que não permite que os médicos cuidem de você por medo de se curar e se machucar novamente. Está na hora de você procurar ajuda Harry.
-Eu sei. - Eu olho em seus olhos e então, pergunto: - Posso te abraçar?- Ela não diz nada, apenas levanta, e eu me levanto junto, e então nos abraçamos. Um abraço forte e mais cheio de sentimentos do que praticamente todos que compartilhamos em nossa curta relação. Agora a única Anne que existe em minha vida, é minha mãe.
****
-Mas que merda, hein cara? - Diz Louis enquanto limpa o balcão do café. Eu tinha desabafado tudo com ele.
-Eu sei. - Isso é a única coisa que me vem na cabeça, as palavras de Louis não foram muito inspiradoras.
-Você deveria ir beber. - Diz Louis, parando o serviço e olhando para mim, que estou sentado em uma das cadeiras que ficam de frente pra ele.
- Por que? - Pergunto, que conselho estranho.
-Ué, o que as pessoas fazem depois que terminam um namoro? Bebem. Então vai lá, se joga, nada que umas doses de vodca não resolva... Se eu não estivesse fazendo essa porcaria de tratamento, até bebia com você.
-Eu não bebo. Mas o que você aprontava quando era mais novo? - Com um conselho desses, boa coisa não era.
-Bom... - Ele literalmente abandona o pano no balcão e se senta na mesma mesa que eu. - Antes disso tudo, eu ia pra festas, bebia, fumava, transava e namorava uma garota que dizia que iríamos nos casar... E eu acreditei, fiquei noivo, até que... Bom, eu descobri que estava quase morrendo, e ela me abandou dizendo que não era forte o suficiente para isso. O pior é que eu nem pude beber para me recuperar da tristeza. - Ele diz como se isso fosse uma história infantil com um final feliz.
-Nossa, sinto muito.
-Não sinta. Eu não sinto, por que você deveria? As pessoas sentem tanto por tantas coisas que não são culpa delas.
-Você tem razão.
-Sabe o mais irônico? - Ele pergunta.
-O que?
-Ela me deu um pé na bunda por eu estar morrendo, e três meses depois morreu de pneumonia. O mundo é meio irônico, não é mesmo?
-Nossa! Eu sint... Sua vida é difícil. - Digo, pensando num mundo onde as coisas fossem diferentes.
-Sim é, mas ninguém falou que seria fácil. - Ele diz e se levanta, indo terminar o serviço e me deixando com meus pensamentos.

Tá uma bosta, eu sei. Mas olha pelo lado bom: 1000 PALAVRAS!! ou seja: não significa nada :p mas em breve tem mais xxx

Love me Harder ||L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora