Once

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Devido à discussão que eu e o Enzo tínhamos tido dentro do edifício onde a luta tinha ocorrido momentos antes, eu e ele acabámos por ser os últimos a sair de lá e por isso mesmo os outros quatro já se tinham ido embora quando nos dirigimos ao local onde eles tinham deixado os carros ou motas, no caso do Enzo. A confusão continuava no interior, gritos e salvas de palmas que me faziam imaginar que haveria outro combate a decorrer naquele momento.

Não estava uma noite muito fria mas comecei a ficar preocupada com o facto de irmos sair dali de mota por causa do vento e da roupa que eu trazia naquele momento. E claro, havia o facto de estar novamente sozinha com o Enzo.

- Podes subir. – ele já estava em cima da mota e com ela pronta para arrancar. Os olhos do Enzo percorriam o meu corpo com bastante intensidade enquanto ele sorria com aquele seu sorriso provocador habitual. Aquilo fez-me lembrar a primeira vez que o tinha visto no parque de estacionamento da universidade a única diferença naquele momento era que em vez de me querer passar por cima ele queria que eu subisse para ali – Já prometi não pensar mal de ti.

Revirei os olhos ao ouvi-lo e lancei um olhar rápido ao meu vestido antes de voltar a olhar para a mota que se encontrava à minha frente. Aquilo parecia-me uma péssima ideia mas o que é que era uma boa ideia quando o Enzo estava envolvido? Exato, nada. Respirei fundo, acabando mesmo por suspirar derrotada antes de acabar com a distância que havia entre mim e a mota e subir para a mesma, apoiando as mãos nos ombros do Enzo.

- Já andaste de mota antes. – constatou ele impressionado – Deixa-me adivinhar, um namorado rebelde? E eu que pensava que ia ser o primeiro.

Dei-lhe um empurrão devido à gracinha. Eu e o Enzo? Não, nunca, nem pensar. Eu queria manter-me o mais longe possível dele não queria pensar em saltar para a cama dele. Ou para uma cama qualquer, com ele. Não, claro que não. Mas agora estava a imaginar isso.

- O meu pai andava de mota. – respondi – Quando eu era mais nova costumava andar muito com ele.

- Ah então vou mesmo ser o primeiro namorado rebelde. – atirou ele de volta sabendo perfeitamente como me ia irritar com aquilo – Podes agarrar-te, não quero que caias e te magoes. – o Enzo olhava para mim por cima do seu ombro com aquele sorriso ainda nos lábios; só me apetecia bater-lhe até que deixasse de sorrir assim.

Estiquei as mãos para a frente, vendo o Enzo a sorrir enquanto levantava o casaco de cabedal que tinha vestido entretanto à espera que eu me agarrasse a ele por baixo do tecido. Sorri bastante por saber que ia conseguir tirar-lhe aquele sorriso da cara assim que em vez de me agarrar a ele como ele claramente tanto queria, me agarrei aos apoios da mota.

- Eu não caio, não te preocupes. – respondi ainda a sorrir.

- Muito bem, tu é que perdes. – disse ele voltando a ajeitar o casaco e preparando a mota para partir – Assim agarrada a mim até ficavas com menos frio mas tu é que sabes.

- Não temos capacetes? – perguntei assim que deixei de me dar por feliz por o ter apanhado desprevenido com aquilo que tinha acabado de fazer e voltei a ficar preocupada – Tu tinhas um capacete.

- Não precisamos deles. – foi a última coisa que disse antes de arrancar dali para fora a alta velocidade.

**

Desmontei da mota e a primeira coisa que fiz bater com força no braço do Enzo. Não é que isso o magoasse muito mas sempre dava para expressar a minha raiva por ele naquele momento e tentar que ela dissipasse. A distância da viagem não tinha sido nada por aí além mas aquele parvalhão tinha conduzido muito acima dos limites de velocidade, deixando-me aterrorizada lá atrás e ao mesmo tempo cheia de frio. Ainda estava gelada o que se podia comprovar pela pele dos meus braços e pernas, que estava completamente arrepiada.

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