Cinco

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Estava já a dançar com o Martin há sem exagero umas cinco músicas. A verdade é que tinha perdido a noção do tempo a passar à medida que íamos falando um com o outro e nos íamos conhecendo melhor. Já sabia em que curso é que ele estava, que tinha um irmão mais velho e que os pais eram os donos de um restaurante muito conhecido em Madrid e tanto eu como a Megan estávamos convidadas para lá ir.

A confusão aumentava à medida que o tempo passava, cada vez mais pessoas chegavam ao recinto, fazendo com que o pavilhão se tornasse cada vez mais abafado e insuportável, principalmente para quem, tal como eu, estava ali a dançar.

Estava prestes a dizer ao Martin que precisava de uma pausa quando ele encostou os lábios ao meu ouvido – Tenho que ir falar com uns amigos meus sobre a festa. – outra das coisas que tinha ficado a saber era que ele tinha sido um dos responsáveis pela organização daquilo – Já te volto a encontrar. – disse com um sorriso, baixando-se depois na minha direção para me beijar a bochecha antes de desaparecer pelo meio daquela multidão de corpos suados.

Fiquei alguns segundos ali parada, com um sorriso parvo nos lábios. Tinha praticamente acabado de o conhecer e não estava já a pensar em casar com ele amanhã mas a Meg tinha razão, o Martin era exatamente o tipo de rapaz de quem eu precisava de me aproximar, o tipo de rapaz que eu precisava. Estava na altura de contrariar o destino que parecia ter um gostinho especial em atirar-me para os braços dos rapazes de quem eu devia ficar longe.

Assim que interrompi finalmente a minha linha de pensamentos, voltei a fazer o caminho de volta até ao bar onde a Megan se mantinha, a dançar de forma quase imperceptível ao som da música e com um novo copo na mão. Sorriu assim que me viu e estendeu-mo.

Agradeci antes de beber um longe gole, sentindo imediatamente a bebida a queimar-me a garganta. Não podia abusar na bebida; nunca tinha sido daquelas de ficar bêbada com um copo mas a verdade é que a minha resistência ao álcool já não era a mesma de alguns anos atrás. Pousei o copo agora vazio no balcão e fiz uma careta ao sentir-me ainda com mais calor.

- Estou a morrer de calor. – queixei-me com um suspiro encostando-me à minha prima e deitando a cabeça no seu ombro, o que se tornou rapidamente visível que era uma má ideia porque ela tinha voltado à dança e não parava quieta.

- Ai aposto que estás. Fartaste-te de dançar com o Martin! E as conversas todas ao ouvido. – abanei a cabeça quando ela se pôr a mexer as sobrancelhas toda entusiasmada – Já me fizeste a noite. Não preciso de fazer mais nada porque já me sinto realizada.

- Devias deixar de ser tão casamenteira. Podia ser que assim arranjasses alguém para ti.

- Achas? Eu vivo através de ti. – respondeu ela com um ar muito sério que me fez rir.

- Porque é que algo me diz que nesta conversa não se aprende nada? – sorri ao ouvir a voz da Lola – Do que é que estamos a falar?

Tentei interromper a conversa de maneira a que aquilo acabasse por ali mas a Megan foi mais rápida do que eu – Da Sky e do Martin. Estiveram desde que chegámos até agora a dançar. Ainda bem que chegaste que assim tenho aqui alguém comigo para assistir ao início desta linda história de amor.

- Por favor. – resmunguei revirando os olhos – Esta rapariga era capaz de escrever livros. Vou um bocado lá fora, preciso de apanhar ar. – e antes que elas se oferecessem para vir comigo, o que implicaria continuar a discutir o assunto Martin, afastei-me e caminhei até à entrada do pavilhão.

Mal me consegui ver livre de toda aquela confusão, respirei fundo, sentindo o vento a bater-me na cara e a acalmar o calor que estava a sentir. Apesar de estarmos em Maio não estava uma noite muito fria ou então era eu que estava com o termóstato avariado depois de tanto tempo fechada no mesmo sítio cheio de gente.

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