Dieciseis

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Após aquela primeira aula desastrosa, passámos o resto da manhã da mesma forma a única diferença foi o facto de o Enzo não ter mais qualquer aula connosco o que era uma espécie de bênção já que ia ter de passar tempo com ele mais logo e dispensava passar também toda a manhã.

Felizmente a hora do almoço até chegou bastante rápido o que significa que as aulas daquele dia chegavam finalmente ao fim e por isso mesmo podíamos descontrair um pouco. Mesmo que fosse só um pouco sempre era melhor do que continuar a ter de prestar atenção a power-points e discursos monótonos.

- Nem acredito que a Chanfrada te obrigou a fazer o relatório da aula com o Enzo e ainda por cima para entregar amanhã. - comentou a Meg com uma careta antes de levar uma garfada de massa à boca - A mulher é mesmo passada da cabeça.

- Ela lá passada é mas tendo em conta que ela tem uma paixão maluca pelo Enzo, acho que o relatório é o castigo mais benesse que ela vos poderia dar. - foi a vez da Lola falar sobre aquele assunto.

- Espera, o quê? - perguntou a Meg com uma expressão confusa - O Enzo andou com a Chanfrada? - quando a Lola confirmou aquilo que eu já sabia, a Meg fez a mesma careta que eu desconfio ter feito quando o próprio Enzo me falou naquilo - Eu sei que ele é teu irmão mas acabou de descer mais um ponto na minha consideração. A sério, a Chanfrada? Ele estava bêbado ou assim?

Levei mais uma garfada de carne à boca e olhei para a minha prima - Mas quem é que anda a fazer uma lista das pessoas com quem o Enzo andou? De certeza que a Chanfrada é uma no meio de uma data delas. - acho que aquilo soou num tom demasiado julgador do que era suposto mas tinha a certeza que estava longe de ser alguma mentira; percebia-se a léguas que o Enzo se dava mais do que bem com o sexo feminino.

- Bem e isto quer dizer que vão conhecer a minha casa. - a Lola sorriu mas foi possível perceber automaticamente que era um sorriso um pouco forçado - Acredito que tu também vás? - perguntou dirigindo-se à Meg.

O olhar da minha prima caiu novamente em mim antes de ela encolher os ombros - Acho que sim. Não fico a fazer nada aqui na universidade sozinha e eu ia encontrar-me com o Tiago ao final da tarde.

Aquela relação ainda me dava má-disposição mas não podia fazer nada e por isso esforçava-me ao máximo para ignorar e apoiá-los, ou pelo menos tentar. O Santiago também não parecia gostar propriamente de mim por isso só o fingia por causa da minha prima.

Levámos os tabuleiros assim que acabámos de comer e depois disso dirigimo-nos até à biblioteca da universidade para passar uns rascunhos das aulas e para aproveitar também para estudar um pouco a matéria que já tinha sido dada. As aulas tinham começado há duas semanas mas nenhuma de nós queria desleixar os estudos e por isso mesmo tínhamos que nos esforçar todos os dias.

- Vamos? - perguntou a Lola quando viu que o ecrã do seu telemóvel marcava as cinco da tarde.

Arrumámos todas as nossas coisas e abandonámos o campus universitário. Fizemos o caminho até casa dos Suarez a pé, uma distância que demorou certa de quinze minutos e a qual passámos a falar sobre os mais variados temas, sendo o principal novamente o meu encontro com o Martin na noite anterior.

À medida que nos afastávamos do centro de Madrid e da zona principal da cidade, era mais do que fácil perceber que estávamos a entrar na zona de bairros e a zona mais pobre da cidade. Deixávamos de ver turistas ou espanhóis da classe média para ver montes de crianças com roupas pouco cuidadas a passear na rua, rapazes e homens com várias tatuagens e um ar assassino e raparigas e mulheres igualmente assustadoras. Digo isto porque desde sempre que fui habituada a manter-me longe deste tipo de zonas; nunca na minha vida tinha entrado num bairro pobre e a sensação era assustadora.

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