[OS] Megan Price I

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Quando a Sky voltou a desaparecer no meio daquela confusão, desta vez para ir dançar com o Martin, tornei a ficar sozinha com a Lola. Virei-me para trás, apoiando-me no balcão e assim que o rapaz que se encontrava atrás do mesmo notou a minha presença, pedi-lhe duas cervejas.

- Lola. - chamei arrastando o seu nome - Tens ali uma pessoa a olhar para ti. - disse com um sorriso.

- Ahm? Quem? - perguntou ela virando-se também para onde eu estava a olhar - És mesmo parva. - resmungou com um revirar de olhos assim que ela e o Diego que estava na outra ponta do balcão cruzaram os olhares.

- Ele continua a olhar para ti. - o meu sorriso manteve-se e levantei a mão para dizer adeus ao rapaz que retribuiu com um aceno de cabeça, agarrando de seguida na sua bebida e afastando-se - Juro que não percebo porque é que vocês andam numa de brincar ao gato e ao rato porque só um cego é que não percebe a tensão sexual que aqui vem. Bem, acho que até um cego era capaz de perceber.

- Obrigada. - agradeceu a Lola ao aceitar uma das cervejas que lhe estendia - E a Sky tem razão, tu davas uma escritora maravilhosa, só gostas de inventar romance em todo o lado. Eu e o Diego não temos nada nem vamos ter. Ele é amigo dos meus irmãos, andam metidos lá naquelas coisas estranhas deles e além do mais, ele tem as raparigas todas aos pés, eu estou longe de ser uma opção.

- Hm... - levei o copo aos lábios, dando um pequeno gole na minha bebida enquanto olhava para ela de sobrancelhas juntas - Sim, longe de ser uma opção. É exatamente isso que os olhares e os sorrisos dele transmitem. Última opção. Amiga, só não estás nos braços daquele porque não queres.

A Lola voltou a revirar os olhos enquanto abanava a cabeça - Podemos acabar com esta conversa? Não vai levar a lado nenhum. Ao contrário da Sky não me vais conseguir convencer a começar uma linda história de amor.

- É pena mas a esperança é a última a morrer. - encolhi os ombros e levei novamente a cerveja aos lábios.

Acabámos com a conversa por ali, continuando no mesmo sítio a bebericar as nossas bebidas à medida que dançávamos ao som da música que tinha começado entretanto a tocar. Virei-me para pousar o meu copo vazio no balcão quando o meu olhar se prendeu num rapaz que estava na outra ponta daquela zona do bar. Parecia-me estranhamente familiar mas não sabia de onde é que o conhecia. O mais provável era termos alguma aula juntos ou tê-lo visto pelos corredores da universidade.

Ele sorriu na minha direção levantando de seguida a bebida que tinha na mão antes de dar outro gole na mesma. Sorri-lhe de volta mas apontei para o meu copo vazio que continuava à minha frente em cima do balcão e de seguida a atenção dele desviou-se de mim para chamar o barman até si. Depois de alguns segundos a falar um com o outro, o barman aproximou-se do sítio onde eu me encontrava e reencheu o meu copo.

- Ele pergunta se não te queres ir juntar a ele. - disse-me o barman enquanto empurrava o copo cheio na minha direção, afastando-se de seguida para voltar ao trabalho.

- Ele quem? - perguntou a Lola que tinha parado de dançar e tinha voltado a aproximar-se de mim - Uhh! Arranjaste um admirador? - o sorriso dela aumentou e percebi naquele momento o que era ser eu e o que era estar no lado delas.

- Parece que sim. - respondi com um sorriso enquanto levantava o copo em forma de agradecimento ao rapaz que continuava com os olhos postos em mim - E um bem giro. - voltei a olhar para a Lola ainda a sorrir - Olha discretamente. Acho que já o vi mas não faço ideia de onde e nem sei o nome dele. É aquele que está sentado na outra ponta do bar de camisola preta.

Continuei de costas para ele, bebericando a minha cerveja enquanto a Lola tentava olhar discretamente por cima do meu ombro para o outro lado do bar.

- Oh meu deus.

Virei-me com enorme rapidez em direção ao rapaz ao ouvi-la, à espera que tivesse acontecido alguma coisa, que ele tivesse caído do banco em coma alcoólico, que estivesse a fazer-se também a outra rapariga, qualquer coisa, mas quando voltei a olhar parecia-me tudo absolutamente igual.

- O que se passa? - perguntei bastante confusa.

- Meg... é o meu irmão. O meu outro irmão. O Santiago. - a Lola olhava para mim com um ar sofrido - Não sei o que é que se passa com vocês mas a minha família não vos larga. - disse ela soltando de seguida um suspiro e dando um enorme gole na cerveja que ainda tinha no copo - Merda. Ele está a vir para cá.

- O quê?! - pousei rapidamente o copo no balcão e comecei a ajeitar o meu cabelo, sem saber o que estava a fazer ou o que devia fazer - Ele está a vir para aqui? - repeti em choque - E é o teu outro irmão? Tens a certeza? - acrescentei a pergunta num tom esperançoso. O irmão dela podia estar ao lado do rapaz a quem me tinha estado a atirar nos últimas minutos e isto ser uma enorme confusão.

- Claro que tenho a certeza que é o meu irmão. E não está lá mais ninguém de camisola preta para ser confundido pelo Tiago. Ele está quase aqui. - acrescentou ela mais baixo.

A Lola tinha razão, não sabia o que se passava mas parecia que tanto eu como a Sky tínhamos um íman qualquer para os rapazes da família Suarez. Primeiro tinha sido a Sky com o Enzo e aquele roubo de telemóvel e agora eu tinha estado a seduzir o outro irmão da Lola. Ou Espanha era muito pequena ou havia alguém lá em cima que estava mortinho por juntar as nossas famílias.

- Olá. - virei-me no preciso momento em que ele já estava mesmo ao nosso lado - Lola, não me apresentas a tua amiga?

Mantive o meu olhar na cara do Santiago. Ele era mais alto do que eu, agora que o via mais de perto dava para perceber que ele, a Lola e o Enzo eram familiares porque tinham todos várias parecenças físicas uns com os outros. Mordisquei o meu lábio inferior nervosamente enquanto o olhava, absorvendo todos os pormenores possíveis agora que o tinha ali mesmo à minha frente, permitindo-me constatar que se o tinha achado giro quando estava na outra ponta do bar agora podia dizer que ele era mesmo giro. E irmão da Lola. E irmão do Enzo, o ladrão de telemóveis. Relembrei a mim mesma tentando acalmar os meus pensamentos mas nada parecia ter resultado.

- Acho que vocês se podem apresentar sozinhos. - atirou a Lola e olhei por cima do meu ombro de sobrancelhas juntas com aquela súbita mudança de humor dela - Vou dançar, se precisares de alguma coisa grita. - disse-me ela antes de se afastar com um revirar de olhos.

Voltei a olhar para o Santiago que seguia agora a irmã com o olhar enquanto juntava as sobrancelhas - Não sei o que lhe deu mas ela costuma ser mais simpática. - o nosso olhar voltou a cruzar-se e tive que me controlar imenso para não sorrir quando o vi a fazer isso - Santiago. - apresentou-se ainda a sorrir - Mas podes chamar-me Tiago, é o que todos chamam.

- Megan. - tive de me esticar para que ele me conseguisse ouvir e consequentemente ficámos mais próximos - Mas podes chamar-me Meg, é o que toda a gente me chama. - disse também com um sorriso nos lábios.

- É um prazer conhecer-te, Meg.

Por mais que tentasse meter algum juízo no meu cérebro e dizer-lhe que a lista de motivos que faziam com que aquilo fosse errado era enorme, nada parecia dissuadir o meu cérebro a tomar as rédeas do meu corpo e fazer-me afasta do Santiago o mais depressa possível. A Sky ia passar-se tanto quando lhe contasse isto. Mas bem... ela não estava ali... ela podia não saber nunca que isto tinha acontecido...

- Sinto-me na obrigação de te pagar uma bebida agora. Para agradecer a tua generosidade.

- Era uma prenda, não tens de retribuir. - o sorriso voltou aos seus lábios antes de agarrar na minha mão - Mas já tratamos disso quando estivermos cansados e com sede.

- De fazer o quê? - perguntei de sobrancelhas juntas sem perceber do que é que ele estava a falar enquanto o deixava que me puxasse pela mão. Estava mesmo maluca da cabeça.

- De dançar. - respondeu ele rindo-se - Do que é que haveria de ser?

- Ah, claro. - disse rapidamente. De dançar, Megan! O que é que achaste que iam fazer para se cansarem e estarem com sede? Não sei, se calhar.... sexo? Controla as hormonas Megan Prince. Abanei a cabeça para tentar afastar os pensamentos que tinham acabado de encher a minha mente e segui-o para junto da multidão que dançava.

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