Catorce

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- Pensava que íamos falar com os teus pais. Martin, onde vamos? – perguntei olhando em volta à medida que ele me puxava para algum sítio longe daquele salão cheio de pessoas. Não fazia a mínima ideia de qual era o plano dele e isso só me fazia ficar nervosa. Era o Martin e eu sabia que ele nunca me varia mal mas mesmo assim... o passado tinha-me feito desconfiar à mínima mudança e aqueles sonhos que tinham decidido voltar não ajudavam.

- Espera, estamos quase. – disse-me ele enquanto agarrava numa garrafa de champanhe que se encontrava juntamente com muitas outras num carrinho parado perto da zona da cozinha.

Continuei a segui-lo, a ser puxada pela mão que não estava a agarrar na garrafa enquanto caminhávamos para o que parecia ser a zona lateral do edifício. O Martin virou a cara na minha direção quando chegámos a umas escadas e sorriu antes de me puxar para continuar a caminhar atrás dele.

As luzes daquela divisão foram acesas, revelando uma espécie de escritório uma vez que havia uma secretária e uma cadeira perto de uma das paredes mas era um espaço muito espaçoso e por isso havia mais alguma mobília espalhada. Uma delas era uma mesa baixa que estava cheia de comida que tinha um aspeto delicioso.

- Que tal? – o Martin colocou-se ao lado da mesa enquanto agarrava na garrafa de champanhe bastante perto da sua cara e sorria na minha direção – Por muito que gostasse passar a noite toda lá em baixo a ser interpelado por todos os amigos dos meus pais, prefiro passar a noite aqui contigo, só os dois. Espero que isto esteja bem para ti.

O meu olhar voltou a passear pela divisão antes de voltar à cara do Martin onde o sorriso rasgado tinha sido substituído por um mais pequeno e uma expressão ligeiramente preocupada. Sorri e acenei com a cabeça afirmativamente.

- Para mim está ótimo. Até porque quer dizer que posso fazer isto. – apoiei-me na secretária que não estava muito longe do sítio onde eu me encontrava e descalcei os meus sapatos, deixando os mesmos ali perto antes de caminhar até à mesa baixa – Isto está muito bonito. – constatei ainda a sorrir enquanto me sentava no chão – E parece que finalmente temos aquele encontro que combinamos; uma mesa entre nós é muito melhor do que uma porta. – brinquei relembrando aquele dia em que o Martin me tinha assustado enquanto treinava e tínhamos ficado a falar cada um de um lado da porta da academia da Kendra.

- Eu penso em tudo. – respondeu ele com um sorriso nos lábios enquanto abria a garrafa de champanhe e de seguida enchia os dois copos que já se encontravam em cima da mesa juntamente com toda aquela comida de aspeto delicioso – Confesso que estava com algum receio. – juntei as sobrancelhas enquanto tentava perceber do que é que ele estava a falar – Não sabia se te devia ou não convidar para sair, tinha medo que dissesses que não. E além do mais somos amigos, não quero estragar o que temos entre nós mas tu és diferente e quando estou contigo sinto-me uma pessoa melhor. – sorri com aquilo que ele tinha acabado de dizer e assenti com a cabeça.

Eu sentia exatamente o mesmo. Sabia que ainda era muito cedo para dizer que estava a morrer de amores pelo Martin mas tínhamos bastante em comum e sempre que estava com ele conseguia manter os pensamentos menos bons longe da minha cabeça, conseguia sorrir e o mais importante disso tudo é que adorava estar com ele e queria sempre vê-lo novamente.

- Então vamos fazer um brinde por eu ter aceitado o encontro. – soltei uma pequena gargalhada enquanto agarrava no meu copo cheio de champanhe e esticava o meu na direção do Martin que aproximou o seu copo do meu enquanto sorria.

De seguida o Martin contou-me como tinha preparado tudo aquilo; no início tinha mesmo ponderado passarmos a noite no andar de baixo com todos os convidados a fazer parte da festa de reabertura mas depois tinha percebido que aquilo não era um encontro decente e tinha tido esta ideia. Ao longo da noite, isto é antes de me ir buscar, tinha andado a recolher vários tabuleiros de comida basicamente tinha-os extraviado e em vez de estes irem para os convidados estavam ali à nossa disposição. O único pormenor que tinha ficado a faltar tinha sido a bebida mas ele tinha também conseguido dar a volta àquela situação.

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