Chegamos a ultima parte que ainda é entrelaçada ao primeiro livro. Ainda haverá uma cena que se passa no Doutor do Coração, mas é bem independente, as falas não aparecem no primeiro livro. A partir de agora o livro seguirá seu fluxo sozinho, sem estar tão entrelaçado ao primeiro Doutor.
Beijokas! E boa leitura!
Meu telefone tocou várias vezes durante esses últimos dias. Depois do enterro do meu irmão Matheus, eu não saí mais desse apartamento, e pedi ao José, o porteiro, para dizer a qualquer um que me procurasse que eu não estava, e que não sabia quando eu voltaria.
Já passava da hora do almoço e eu não conseguia sentir fome, não tinha vontade de fazer nada além de dormir, pois é a única coisa que amortece um pouco a minha dor. Eu tenho tantos arrependimentos, minha vida foi uma porcaria por tanto tempo, fiz tantas coisas erradas. Por mais que meu irmão já fosse doente antes de eu arrastá-lo pra toda a bagunça que era a minha vida, pra toda orgia, bebidas e drogas, eu sei que eu também contribuí. Não só quando o apresentei a toda essa merda, mas durante toda a vida, por nunca ter me importado o suficiente com o que acontecia a ele. Eu sou uma pessoa tão ruim por nunca ter conhecido o meu próprio irmão. Como não pude enxergar que ele tinha problemas? A verdade é que eu nunca me importei. Nunca me importei com meu irmão, nunca me importei com sua solidão, com seu isolamento. Eu nunca me importei com nada, nem ninguém, além de mim mesmo. Tive que aprender da maneira mais difícil. Perdendo-o.
Apesar de não querer fazer nada, além de passar dias e mais dias nessa cama, tenho que pelo menos sobreviver. Levanto-me e tomo um banho rápido, bebo refrigerante que é a única coisa que consigo colocar em meu estomago e me mantém de pé. Volto a me deitar na cama e pego meu celular, deslizando pelas ligações e mensagens perdidas. Há muitas. Dos meus pais, do meu chefe Marcos, da Paula... Ela deve ter pego meu número no R.H. Há muitas ligações da Roberta. Eu não quero que ela se apegue tanto a mim, eu sei quais são suas intenções e eu não posso correspondê-las. O celular vibra em minha mão e penso em rejeitar a ligação, mas quando vejo o número na tela... Eu conheço esse número. Fico pensando se atendo ou não. Não quero ver ninguém, quero me isolar. Mas é a Julia. Estou dividido em meus sentimentos sobre o que aconteceu, mas eu quero vê-la. Então atendo.
- Alô.
- Oi... é a Julia.
- Eu sei.
Caramba! É tão confuso. Eu sou apaixonado pela Julia. Ouvi-la me conforta, mas também trás de volta tudo o que aconteceu há alguns dias. E isso é muito doloroso.
- Eu liguei porque queria saber como estão as coisas. Como você está?
- Como poderia estar? Arrasado.
-Eu sinto muito. Eu não queria que terminasse desse jeito, eu...
- Você não tem que se sentir culpada Julia.
- Mas você me culpa. Não é? Uma parte de você me culpa.
Paro pra pensar, e eu não a culpo. Como eu poderia culpá-la depois de tudo que ela passou? Foi ele que fez mal a ela. Mas é difícil, porque ela traz tantos sentimentos à tona. Culpa, remorso, dor...
- Tudo bem. Eu também me culpo.
- Não é assim Julia. Eu não sei, eu... estou tão confuso.
Eu não quero que ela se sinta culpada, ela não precisa sofrer mais. Mas meus sentimentos ainda são tão conflitantes. Eu não sei o que sentir, nem o que dizer.
- Como seu pai está? Seus pais?
Ela já se sente culpada pela morte do Matheus, se souber tudo o que minha mãe disse. Eu sei que era num momento de raiva e dor, mas foi cruel.
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Corações precisando de cuidados
ChickLitConheceremos as histórias de Rita e Roberta. Mãe e filha, que encontraram o amor ao mesmo tempo. Rita a recepcionista do Hospital São Thomas, não consegue desviar o olhar toda a vez que certo lindo e arrogante filho de um paciente aparece em sua fre...