Capítulo 4 - Roberta

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Hoje é um dia feliz. A Julia está tendo alta. Ela está tão contente e eu sei que não é somente por estar indo para casa. É porque seu pesadelo finalmente acabou. Ela vivia na borda o tempo todo, eu sei que ela mantinha a calma porque queria tranquilizar a todos em sua volta, mas agora ela pode realmente relaxar.

Depois que saí do hospital eu estava bem aliviada, mas ainda tenho um peso em meu coração. Eu sei que o Maurício pediu que eu não o procurasse, mas estou tão preocupada. Eu ligo pra ele todos os dias, mando mensagens, mas ele não responde. Fui até seu apartamento duas vezes desde que eu soube o que aconteceu, mas o porteiro disse que ele não estava e não sabia quando voltaria. Eu pensei que ele poderia ter voltado pra sua cidade com os pais, mas a Julia me disse que ele queria deixar tudo para trás, que não havia nada para ele lá, e eu acabei descartando essa ideia. Acho que ele só não quer ver ninguém. Acho que ele está enfiado em seu apartamento, e isso me preocupa tanto. Será que ele está bem? Será que ele precisa de algo? De alguém?

Ele pode não querer, mas eu acho que ele realmente precisa de alguém, e eu não vou desistir dele. Não só porque eu o quero, mas porque eu me preocupo. Mais do que eu imaginei me preocupar.

O apartamento do Maurício não é tão longe do hospital, mas é uma boa caminhada, que é o que eu preciso para pensar no que dizer. Claro, se dessa vez ele quiser me atender.
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Estou frustrada. O porteiro me disse o mesmo das outras vezes, mas ele me olhou com pena. Eu liguei pra ele de outros telefones, pensei que talvez ele só não quisesse falar comigo, mas ele também não atendeu. Isso me deu um pouquinho de alívio, pelo menos o problema não é comigo.

Decidi que eu iria enviar uma ultima mensagem. Se ele quer ficar sozinho, mesmo que eu me preocupe, vai ser o que vou fazer.

Sei que você pediu para não te procurar, mas estou muito preocupada, por favor, diga alguma coisa. Eu vou te deixar em paz, só me diga que está bem, por favor.

Agora só posso esperar que ele me responda.

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É sábado, e eu não estou só frustrada, agora estou triste também. Pode ter sido idiota de minha parte, mas eu tinha esperanças de que ele me responderia. Achei que ele pelo menos me considerasse sua amiga. Eu estou tentando entender, ele está passando por um momento muito doloroso e eu vou respeitar.

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Já é de tarde quando ouço meu celular tocar. É a Julia.

- Julinha, tudo bem?

- Comigo tudo ótimo. Só acho que alguém tem algumas explicações a me dar, não é mesmo?

- Do que está falando?

- De um certo moreno bonito que você foi visitar no hospital.

- Ah! É que...

Ai droga! O que eu digo? Que eu tenho perseguido o Maurício? Não. Ela vai querer saber porque eu não falei nada pra ela.

- Não, não Robertinha. Nós vamos nos encontrar e você vai me contar essa história direitinho.

- É que eu não queria que você se preocupasse, você estava passando por coisas demais.

- Roberta, escolha agora, na minha casa ou na sua?

Acho que eu não tenho muitas alternativas. Na minha casa ou na dela? Na dela, com certeza. Mais chances de eu conseguir fugir se precisar.

- Eu vou até o seu apartamento.

- Não demore.

- Tudo bem. Eu já estou indo.
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Corações precisando de cuidadosOnde histórias criam vida. Descubra agora