Uma das minhas personagens preferidas. Espero que vcs gostem. Amanhã tem a parte do Marcelo.
Aproveitem! Bjokas!
A Julia falou tanto sobre esse paciente, o Manoel, que não tive como não visitá-lo. Ela disse o quanto ele se sentia sozinho e me compadeci de sua história, principalmente por saber como é a solidão.
Mas eu tive uma pessoa que cuidou de mim quando eu achei que mais ninguém faria. E o mais importante, cuidou da minha filha.
Tenho trinta e nove anos, tive minha filha aos dezessete, e ela é a única pessoa em minha vida.
Devem se perguntar, onde estão meus pais, meus primos, tios...
Bom, quando eu tinha dezesseis anos conheci o grande amor da minha vida e também minha maior decepção. Jonas, o pai da Roberta.
Nós vivíamos numa cidade não muito movimentada, meus pais eram bem rígidos e não me permitiam sair muito. Além de ir à escola, só me deixavam tomar um sorvete com minha amiga na sorveteria perto de casa, e às vezes.
Os pais da minha amiga Lúcia, eram bem mais liberais, ela sempre saía para algumas festas à noite que eu era louca para ir e não podia. Mas um dia ela apareceu em minha casa dizendo que teria uma festa na casa de seus tios que nem era muito longe de casa. E como sempre meus pais não permitiram. O que me irritou muito, pois eu nunca podia fazer nada. Nem a uma festa de família na casa dos tios da minha amiga eu podia. Me tranquei em meu quarto e quando todos já estavam dormindo eu fugi e fui a minha primeira festa de verdade. E foi lá que o conheci. O cara mais bonito da festa, que aliás, não era tão de família assim, já que os tios da Lúcia tinha viajado. Na verdade a festa era de seu primo Junior, e Jonas era um de seus amigos.
Sabe quando o cara mais bonito que você já viu em toda a sua vida e que todas as meninas babam por ele te olha? Pois é! Ele não só olhou para mim, mas me escolheu. Não só por uma noite, mas por toda a vida. Pelo menos era o que eu achava, até engravidar quatro meses depois e ele desaparecer da face da Terra.
Resumindo a história, meus pais que nem sabiam de meu namoro com Jonas me expulsaram de casa e me proibiram de me aproximar de qualquer um de minha família. Eu estava apavorada e abandonada por aqueles que eu achei que me amavam, desde o Jonas até os meus pais. Com dezesseis anos, grávida e sozinha. A minha sorte era que por meus pais não me deixarem sair eu não gastava minha mesada. Era pouco, mas juntei com o dinheiro que a Lúcia me deu escondido dos pais e tive que seguir minha vida longe de tudo e todos que conhecia.
Fui para São Paulo e encontrei uma pensão simples e baratinha, que seria minha casa. Pelo menos enquanto não encontrava um emprego.
Dona Marta, a dona da pensão não queria me aceitar por ser menor de idade. Mas quando contei minha história a ela com lágrimas nos olhos, ela acreditou em mim e me ajudou. Me deixou ficar na pensão e disse que eu poderia trabalhar ali para ganhar algum dinheiro. Já que ela estava velhinha e pensava mesmo em contratar alguém para ajudá-la. Sabia que no meu estado, grávida e menor de idade eu não conseguiria um emprego. Agradeci a Papai do Céu por ter colocado a Dona Marta em meu caminho. Um verdadeiro anjo. Tive minha bebezinha, terminei meus estudos e fiz um curso de recepcionista com a ajuda da Dona Marta, que cuidava da Roberta enquanto eu estudava. Ela conhecia o Administrador do Hospital São Thomas e foi assim que consegui seguir minha vida e cuidar da minha filha. Comprei minha casa e meu carro. O anjo que salvou a minha vida infelizmente já morreu. Mas depois de tudo o que fez por mim e minha filha, jamais irá morrer em meu coração.
Mas voltando a realidade. A Julia tinha razão em dizer que ele é um doce de pessoa. Mas sinceramente! Não achei que fosse encontrar um senhor tão animado quanto ele. Ela me disse algumas vezes que ele era carente e solitário. Mas não foi bem o que vi. Nós conversamos bastante, ele me fez rir pra caramba, mas eu não podia ficar mais tempo.
- Bom, eu tenho que voltar pra recepção, meu horário de almoço já acabou.
- É uma pena que você tenha que ir Rita. Mas eu sei que ainda nos veremos, e muito.
- E não se esqueça do jantar.
O jantar! Como eu poderia esquecer? Seu filho estaria presente. E caramba! Ele me deixa muito nervosa.
- Eu não esquecerei. Até amanhã!
Quando abri a porta ainda me despedia de Manoel, mas parei abruptamente quando o vi. O homem que me deixou sem fala, que me roubou o ar desde a primeira vez em que pus meus olhos nele. Nunca conversamos, mas a troca de olhares foi inevitável.
Meu corpo se retraiu, eu não conseguia me mover. Nenhuma palavra vinha a minha mente e quando ele sorriu de lado e arqueou a sobrancelha, minhas pernas tremeram. Caramba! Eu não sinto isso desde a minha adolescência. Desde... Jonas! E então me dei conta do porque de seu sorriso. Eu estava bloqueando a porta.
- Me desculpe, eu... Pode passar Senhor Marcelo.
Quando dou espaço ele entra no quarto, mas continua a me olhar com um sorriso moderado. Tenho que sair daqui, minhas pernas tremem mais que vara verde.
- Desculpe mais uma vez, com licença.
- Não precisa sair por que cheguei senhorita...?
- Rita. Eu sou a recepcionista.
- Eu sei quem você é.
Caramba! Estou me sentindo uma adolescente boba na frente do menino mais bonito da escola. Com certeza ele foi o garoto mais bonito da escola. Eu realmente estou parecendo uma adolescente. Divagando em pensamentos enquanto ele me olha com esse sorriso que... Ai meu Deus! Pare Rita!
- Eu vim ver como o Senhor Manoel estava, mas já estou de saída. O meu intervalo já acabou.
Ele continuou me olhando com "aquele" sorriso perfeito no rosto.
Eu nem me lembrava mais que estávamos no quarto do Manoel, até ouvir sua voz.
- Já disse para não me chamar de senhor, Rita. Eu não preciso me sentir mais velho do que eu já sou. Não é?
- Tem razão Manoel.
- Filho, a Rita também estará no jantar na casa do Roberto. Não é ótimo?
- É mais do que ótimo pai.
Nessa hora meu rosto todo pegou fogo, meus olhos se arregalaram e as palavras fugiram de minha mente, enquanto os dois olhavam pra mim sorrindo. Caramba! Caramba! Caramba! O que é isso? Eles se juntaram para me deixar totalmente constrangida?
- Realmente tenho que voltar ao trabalho.
Parei na porta e voltei o olhar para o Marcelo, que me olhava analisando-me.
- Nos vemos no jantar.
Nem posso acreditar que acabei de dizer isso. Nos vemos no jantar? Que droga! O que eu penso estar fazendo, flertando com esse homem na frente de seu pai?
Saí o mais rápido que pude daquele quarto. Sempre que ele vinha ver seu pai eu não conseguia disfarçar meu olhar, era como um ímã. Mas ele nunca demonstrou nada, até hoje. Aliás, seu pai também, parecia querer criar um clima entre nós dois. O que estava acontecendo?
Se o jantar do Manoel já me deixava nervosa antes, agora então, não sei o que esperar.
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Corações precisando de cuidados
Literatura FemininaConheceremos as histórias de Rita e Roberta. Mãe e filha, que encontraram o amor ao mesmo tempo. Rita a recepcionista do Hospital São Thomas, não consegue desviar o olhar toda a vez que certo lindo e arrogante filho de um paciente aparece em sua fre...