Capítulo 1 - Marcelo

642 80 6
                                    

Gatinhas e gatinhos,

Agora sim todos os personagens principais foram apresentados. E a história irá embalar.

Me digam o que estão achando da nova história.

Beijokas e Boa Leitura!

Ouço a batida na porta e reviro os olhos quando Vivian, minha secretária, entra em minha sala.

- Será que é tão difícil entender o que digo Vivian? Eu disse que não queria nenhuma interrupção.

Ela estava pálida e nervosa. Eu não preciso de problemas nesse momento, já estou atolado em trabalho.

- Desculpe doutor Marcelo, mas...

- O que for é melhor falar com o Marcos. Não tenho tempo pra nada agora.

- Doutor, o seu pai está no hospital. Ele sofreu um infarto.

Eu não esbocei nenhuma reação. Na verdade eu não sabia o que fazer. O meu pai está no hospital? Droga! Eu não sabia como agir, o que fazer.

- Em que hospital ele está?

- No São Thomas.

Eu me levantei rapidamente pegando somente minha carteira e deixando todo o resto para trás.

- Cancele tudo o que tenho pra hoje, estou indo para o hospital. Onde está o meu irmão?

- O doutor Marcos já está no hospital. Ele nem veio a empresa hoje.

- Porque não me avisaram antes?

- Tentaram ligar para o seu celular, mas está desligado.

Claro! Eu sempre desligo o celular quando estou trabalhando. Droga!

Assim que cheguei ao hospital, Beta, a agora governanta do meu pai, esperava na recepção e logo me encaminhou a sala de espera onde o Marcos estava.

- O que aconteceu?

- A Beta trouxe o papai para o hospital. Tivemos sorte que ela o encontrou antes que o pior acontecesse.

- Na verdade encontrei seu pai na sala. Ele disse que estava com um pouco de dor nas costas e não iria para o trabalho. Eu desconfiei que não fosse só um pouco de dor, ele nunca deixaria de ir ao trabalho por um "pouco" de dor. Quando ele tentou se levantar sentiu-se tonto e caiu no sofá. Ele estava suando muito e eu lembrei de uma matéria que li sobre infartos. Esses são alguns dos sintomas. Nem sempre há dor no peito de imediato. Eu o ajudei a andar até o carro e o trouxe pra cá.

- Obrigado Beta! Você salvou a vida do nosso pai.

O Marcos falou em um tom admirado.

- Não fiz mais do que qualquer um faria.

- Claro que fez. Eu também agradeço Beta.

Estou sentado na sala de espera junto com o meu irmão. A Beta foi para casa e disse que voltaria amanhã.

Depois de muitas horas um médico veio até nós. Ele apresentou-se como Ricardo Assis, o cardiologista responsável por meu pai. Marcos colocou-se de pé ao meu lado enquanto o doutor Ricardo falava.

- Primeiro eu queria dizer que o pai de vocês está bem, na medida do possível. Um infarto é algo sério demais, todo o cuidado é pouco. Além do atendimento rápido por ele ter sido trazido assim que os primeiros sintomas foram apresentados, evitando sequelas, o fato de suas artérias não estarem completamente obstruídas foi o principal.

Nós escutávamos quase sem piscar ao que nos era dito.

- O infarto do seu pai foi causado por estresse, e no caso dele foi uma coisa boa.

O olhei indeciso. Como assim?

- Não entendi. Como isso pode ter sido uma coisa boa?

- Há gordura acumulada nas paredes das coronárias, as artérias que irrigam o coração.Com o tempo placas se formam, impedindo que o sangue flua livremente. Assim, basta um espasmo provocado pelo estresse que o seu pai provavelmente passou para que a passagem da circulação se fechasse.

- E quer dizer que se passasse mais tempo...?

- Com certeza seria mais sério se as artérias se entupissem completamente.

- Nós já o medicamos e ele passará por uma angioplastia. Por enquanto é isso, uma enfermeira virá avisar quando puderem vê-lo.

Agradecemos ao doutor Ricardo e ficamos bem mais aliviados. Sentamos novamente e tudo o que eu conseguia pensar era em que meu pai estava na cama de um hospital agora, porque sofreu um infarto. Provavelmente causado por excesso de trabalho. E eu só conseguia me ver indo pelo mesmo caminho.

A minha vida se resumia ao meu trabalho, com saídas esporádicas para aliviar o estresse e outras coisas.

Durante muito tempo isso me completou. Mas agora eu olho pra minha vida e vejo que não tenho nada de real, além do meu emprego.

Somente o dinheiro, conforto e diversões esporádicas não me completam mais. Acho que eu preciso rever a minha vida.

Depois de mais uma hora esperando, meu irmão disse que iria até a lanchonete comer algo rapidamente e quando ele voltasse eu iria. Concordei, não queríamos deixar a sala de espera e perder notícias.

Quando ele voltou vinte minutos depois eu caminhei em direção a lanchonete. Quando passei pela recepção não pude deixar de vê-la. Morena, olhos escuros como a noite, mãos delicadas e um sorriso gentil no rosto. Ela parecia estar no início dos trinta anos e é linda! A recepcionista... Eu não a notei quando cheguei ao hospital. Mas quem poderia me culpar? Eu não via ninguém a minha frente, só queria notícias do meu pai.

Parei de divagar, percebendo que estava parado no corredor e voltei a caminhar em direção a lanchonete.

Eu realmente estava com fome. Saí de casa sem tomar café da manhã, já passa das três da tarde e estou até agora sem comer. Peço dois sanduíches de frango e um suco de melão. Depois que termino meu primeiro sanduíche, levanto minha cabeça e a vejo passar pela porta. Ela anda distraída conversando com uma enfermeira, que passa ao meu lado sem perceber o quanto eu a encarava. Mas pude ver de relance o seu nome no crachá.

Rita...

Ela sentou-se duas mesas a minha frente, mas a enfermeira não a acompanhou. Ela tomava suco e comia um sanduíche quando levantou seu rosto e me viu encarando-a. Ela pareceu assustar-se um pouco e baixou os olhos voltando a comer. Meus lábios se curvaram em um esboço de sorriso. Ela é um doce!

Lembrei do porque estava naquele hospital e voltei correndo para a sala de espera. Mas não sem antes lançar-lhe um último olhar quando passei ao seu lado.

Tenho coisas importantes para cuidar agora. Mas espere Rita, que logo iremos nos conhecer.

******

Corações precisando de cuidadosOnde histórias criam vida. Descubra agora