Capítulo XX

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Adam Levine

Saí do quarto vestindo o terno, e caminhei até a sala ouvindo uma voz tanto conhecida como irritante, seguida por uma risada feminina. O riso era de Amy, e a voz irritante só podia ser de Mark Hudson. O garoto imbecil, playboyzinho mimado que vivia dando em cima de Amy. Apressei os passos e entrei na sala com o cenho franzido

- Esqueça Chopin - falei entrando na sala a tempo de ouvir o convite de Mark. - A menos que cheguemos a um acordo sobre nossas negociações, ainda somos concorrentes no ramo. E vou considera hostil qualquer aproximação de qualquer um dos funcionários da empresa e de Amy que agora é minha assistente.

Embora eu sorrisse ao pronunciar as palavras, estava fervendo de irritação por dentro. Quem aquele sujeitinho pensava que era para convidar Amy, a MINHA Amy para sair?

Mark sorriu despreocupado estendeu a mão, que eu apertei a contragosto.

- Mais um incentivo para chegarmos a uma decisão sobre a venda da companhia. - Virou-se para Amy com olhar sugestivo eu achei a coisa mais nojenta que já vi. - Sempre tive uma queda por Chopin.

Nesse momento, me vi invadido pelo impulso de sugerir que, se Mark gostava tanto de música, devia voltar para casa, e ouvir Chopin, em vez de ficar ali, dando em cima de Amy. Porém, lembrei de que as negociações sobre a compra da Hudson ainda não estavam encerradas e isso era muito importante para Michael e para minha família. E, pior, já tinha irritado Amy o bastante com a discussão sobre Mylonis.

Assim, me limitei a sorrir.

- Essa reunião deveria acontecer na sexta-feira, quando Michael estaria disponível... Aconteceu alguma coisa?

- Isto é o que eu mais gosto em você, Levine - a voz de Rory Hudson soou atrás de nós - Vai direto ao ponto e não perde tempo.

Me virei para cumprimentar Rory Hudson, um homem baixo e atarracado, de cabelos grisalhos e ralos e olhos azuis enganosamente dóceis. Rory era um engenheiro brilhante, dono de excelente tino comercial. A Hudson Enterprises vinha enfrentando dificuldades nos últimos anos em resultado de mudanças na política econômica, não por erros de seu presidente. Michael e eu o respeitávamos e admirávamos com concorrente.

De repente o sorriso bondoso se desfez e os olhos azuis tornaram-se frios.

- Estudei sua última proposta e tenho algumas perguntas, Levine.

- Então, vamos conversar.

- Vou ser honesto. Nosso pessoal acha que deveríamos esperar para vender a Hudson Enterprises e pesquisar outras possíveis propostas. Eu mesmo tenho me perguntado se é só as nossas patentes que você quer. E se, depois de consegui-las, vai liquidar a companhia e vender os pedaços.

- Seu equipamento é obsoleto - Falei. - Vocês sobreviveram à custa dos contratos militares durante anos, mas com os corte no orçamento de defesa, estão a meio caminho da falência. Como nós dois sabemos disso, vamos ser objetivos. Suas patentes valem milhões e estou a pagar um preço justo por elas. Mas boa parte do que me interessa não tem preço estipulado: criatividade, genialidade. Quero as inteligências que atuam na pesquisa e planejamento, tudo o que sabem e podem fazer. Se a Hudson Enterprises falir, esse pessoal vai ficar na rua. Estou oferecendo um bom contrato àqueles que pudermos aproveitar e uma indenização justa aos que eventualmente dispensarmos. - Dei um sorriso e continuei: - Sim, pretendo vender tudo que não nos interessa: equipamento obsoleto, tecnologia superada, prédios. Mas o que fez a Hudson Enterprises ser o que é permanecerá intacto.

Rory olhou para mim por um longo momento, antes de balançar a cabeça em concordância.

- Tem razão. Não posso competir com o mercado atual. As coisas estão mudando depressa demais. E, se tenho de vender minha companhia, que seja para você. Afinal, você construiu em dez anos o que eu demorei quase trinta para conseguir. E fez isso sem trapacear, nem perder a integridade. O que é raro nos dias de hoje.

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