Capítulo XXIV

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Adam Levine

Desconsolado, observei Amy afastar-se, concluindo que talvez eu tivesse ido longe demais, desta vez.

Praguejando baixinho, terminei o café e levantei. Também enxerguei na provocação a Mark Hudson. Afinal, ainda não havíamos concluído as negociações e, se eu não conseguisse me controlar, acabaria perdendo o maior negócio da vida de Michael.

Tentei compreender o que se passava com minhas emoções. Cheguei a pensar que estava com ciúmes, mas não fazia sentido. Por que eu teria ciúmes dos homens na vida de Amy? Queria que ela fosse feliz, não queria?

Quanto mais pensava na questão, mais confuso eu ficava. Devia ser mesmo só consequência do divórcio. Voltaria ao normal dentro de uma ou duas semanas. Mas, se eu não tivesse cuidado, perderia Amy antes disso.

Três reuniões em um só dia. Havíamos chegado a um acordo quanto aos benefícios para os funcionários que fossem transferidos da Hudson para a Levine Electronics. E iniciaram as discussões sobre as indenizações para os demais.

Era incrível o que doze pessoas conseguiam realizar, uma vez afastadas das pressões do dia-a-dia, pensei a caminho de minha suíte. Mais um ou dois dias como aquele, e teriam a compra da Hudson decidida. E poderiamos voltar para casa.

Não sabia onde estava Amy.

Cansado. Eu me sentia exausto!

Massageei nuca e o pescoço doloridos. Rory e eu haviamos passado a maior parte do dia fechados em um dos chalés luxuosos à margem do lago. Provavelmente, isso resultaria em uma noite inteira de trabalho para mim, decidindo a estratégia para o dia seguinte, com base nos resultados obtidos até então.

Fechei a porta da suíte atrás de mim, fui até o frigobar e apanhei um punhado de pedras de gelo. Depois de colocá-las no copo, me servi de uma generosa dose de uísque. Então, fui para o banheiro.

Levei a bebida para o chuveiro e saboreei o líquido dourado, enquanto a água quente deslizava por meu corpo, levando consigo parte da tensão. Mais alguns dias e a Livine Eletronics seria a maior empresa do mercado e todos os nosso sonhos, meus e de Michael estariam realizados.

Ou melhor, quase todos. Ainda faltava um.

Pensei em Jessie Daniells. Fazia anos que não falava com ela, Depois da separação razoavelmente amigável, havíamos mantido contato por algum tempo. Mas, então, ocupados cada um com sua vida, havíamos seguido rumos diferentes: eu com Behati, ela com o marido e, conforme soube recentemente, e os três filhos.

A o divórcio com Behati fora bem menos amigável. Nós dois haviamos nos casado com altas expectativas e nos sentimos traídos ao verem nossos sonhos caírem por terra.

Bebi mais um gole de uísque e sorri com amargura diante da ironia da vida. Fui capa da Times duas vezes, tive minha história publicada em todas as revistas e jornais do país e era o vocalista de uma banda que rendia mais de um bilhão de dólares por disco, sem contar a minha sociedade com a Levine Eletronics.

E, apesar da genialidade musical e empresarial, eu parecia incapaz de escolher a mulher certa, ou de fazer um casamento durar.

Amy. Era uma pena que eu não pudesse casar com ela. Nos entendiamos com perfeição, ela adorava a Maroon 5 tanto quanto eu, e me conhecia melhor que qualquer pessoa. Provavelmente, contávamos com uma alta probabilidade de sermos felizes, juntos.

Até tudo terminar. Então, eu perderia a melhor amiga que alguém poderia ter. E, certamente, terminaria, como sempre.

Saí do chuveiro, me enxuguei e vesti uma calça jeans velha e um blusão dos tempos de faculdade. Embora estivesse desbotado, sempre funcionara como um amuleto da sorte.

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