Dona do seu Coração

Capítulo XXX

Amy Adams

Acordei duas ou três vezes, mas permaneci imóvel, sonolenta e feliz, observando Adam dormir.

Seria fácil me convencer de que poderia ser assim para sempre, que a partir daquele dia, acordaria todas as manhãs nos braços de Adam.

Fácil demais. Sorri. Eu sabia que nada daquilo era real, que dentro em breve teríamos de pensar num jeito de voltar à pousada. E Rory chegaria de Seattle e as negociações reiniciariam. E aquele interlúdio mágico teria um fim.

Adam e eu trocaríamos sorrisos secretos por um dia ou dois, além de promessas de voltarmos a nos encontrar daquela maneira, o que nunca aconteceria. De volta ao laboratório, a magia morreria e eu voltaria a ser Amy Adams, a bioquímica melhor amiga. O clima entre nós ficaria um pouco constrangedor, durante alguns dias, enquanto tentaríamos encaixar aquela tarde de paixão no mundo real. Não conseguiríamos, é claro, e acabaríamos desistindo e nos contentando em viver com as lembranças doces.

Mas tudo teria um fim. Adam não me amava e nós não tínhamos qualquer possibilidade de futuro juntos. Eu não aceitaria ter um caso com ele, concordando com o sexo fácil e nenhum compromisso. Ainda me restava algum orgulho. E doeria demais, estar com ele, sabendo que era apenas uma questão de tempo, até ele encontrar outra mulher que pensasse amar e se casar de novo.

Sorrindo, acariciei sua face, sentindo-me cheia de amor. Queria tanto, que chegava a me sentir vazia.

Nada de ilusões, disse a mim mesma, e fechei os olhos para conter as lágrimas. E nada de arrependimentos.

Já escurecia, quando acordei de novo. Sentei na cama, sonolenta, e vi Adam de pé diante da janela. Ele ainda estava nu e eu fiquei em silêncio, observando os contornos do corpo atlético, iluminados pelo fogo.

Só então percebi que tudo estava quieto demais.

- O temporal terminou?

Adam virou-se com um leve sorriso.

- Não exatamente. Venha até aqui e veja por si mesma.

- O que aconteceu? - Intrigada, sai da cama e me embrulhei no cobertor. - Nossa, está frio aqui dentro!

- Espero que não esteja com pressa de voltar à pousada.

Sorriu e me aproximei.

- Não, não estou. Mas deveríamos começar a pensar em como vamos voltar. É uma longa caminhada.

- Bem, de uma coisa tenho certeza. Não vamos a lugar nenhum esta noite.

- Por quê? - cheguei à janela e olhei para fora. - Ah, meu Deus!

Neve. O mundo desaparecera debaixo de uma espessa camada de neve. E continuava a nevar. Milhares de flocos desciam do céu em espirais.

- A temperatura deve ter caído enquanto dormíamos - Adam falou.

- O que vamos fazer? - olhei para ele, não aparentando medo, mas um certo embaraço.

- Vamos ficar na cama - ele falou com tranquilidade, fitando-me com olhar intenso, - Tem idéia melhor?

- Bem, não poderemos ficar aqui para sempre.

- Alguém vai nos procurar, mas nem o helicóptero pode nos alcançar com este tempo. - Adam me envolveu num forte abraço. - Temos comida; fogo e sexo, querida. Do que mais precisamos? - Beijou-me na boca, antes de continuar: - Se tivermos sorte, vai nevar por uma semana.

- E Hudson?

- Que Hudson?

Adam mordiscou o lóbulo da minha orelha e deslizou a mão por debaixo do cobertor, acariciando meus seios com intimidade.

Sorri e relaxei de encontro ao corpo forte, sentindo meu corpo reagir de imediato ao contato. A mão de Adam deslizou mais para baixo... e mais... até que eu teve de conter um gemido de prazer.

No vidro da janela, vi o reflexo da lareira, da cama desfeita e de mim mesma. Ao perceber que eu estudava o reflexo, Adam me despiu do cobertor e continuou a me acariciar. Vi meu sorriso refletido em meio às chamas.

- Quer voltar para a cama? - ele convidou com voz rouca.

Fechei os olhos, tão excitada que mal conseguia respirar. Como era possível me sentir assim, tão depressa? Deveria estar exausta, sem querer sequer pensar em sexo por algum tempo.

- Sim... Ah, sim, vamos para a cama... Por favor.

- Nossa. Querida eu mal comecei!

- Eu sei. Isto não pode estar acontecendo. É impossível!

Pouco tempo depois, ouvia a minha própria voz quebrar o silêncio com gritos do mais puro prazer, enquanto Adam mergulhava em meu corpo, e descobri que não era absolutamente impossível.

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