Capítulo XXIII

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Amy Adams

Entrei no restaurante assobiando baixinho, pela manhã.
Como a pousada se encontrava quase vazia, os funcionários haviam interditado parte do salão, servindo apenas as mesas mais próximas às paredes envidraçadas, que proporcionavam uma vista maravilhosa do lado, das montanhas e do céu azul. O sol banhava o aposento e a brisa fresca trazia o inigualável aroma dos pinheiros.

Alguns funcionários de Rory Hudson encontravam-se sentados em torno de uma mesa redonda e me fitaram com ar de dúvida, talvez pensando se deveriam me convidar para sentar, por cortesia, ou evitavam a presença de uma concorrente em suas conversas. Com muito tato, os cumprimentei com entusiasmo e me afastei, olhando em volta procurando o rosto de Adam.

Para meu alívio, ele estava sentado a uma mesa mais reservada, parcialmente escondida por um imenso vaso com plantas tropicais.

- Olá! - eu o cumprimentei. - Posso me sentar?

Quando ele ergueu o rosto, eu o fitei alarmada.

- O que aconteceu com você? Está com aspecto horrível!

- Não dormi muito bem - ele resmungou.

- Pois eu dormi como uma pedra - repliquei e sentei. - Eu lhe disse que não devia tomar tanto café. Se trabalharmos até tarde, hoje, vou preparar um chá de ervas.

- Não vou beber aquela água perfumada! - ele retrucou de mau humor. - Posso saber de onde vem toda a sua energia?

- Deve ser o ar puro da montanha. Mark e eu fizemos uma caminhada até Wolf Ridge, bem cedo. E...

- Caminhada? - Adam estreitou os olhos. - Você e Mark? Caminhada?

Eu simplesmente o olhei.

- Sim, Adam. Caminhada. É simples: você coloca um pé na frente do outro e, então, repete a operação. E acho que você deveria fazer o mesmo. Ia se sentir melhor.

- Prefiro uma boa dose de uísque.

O estudei com atenção.

- Está de ressaca?

- Só se for de café.

- Achei que poderia ter passado o resto da noite comemorando o seu divórcio de novo.

Adam sorriu sem vontade.

- Acredite, uma ressaca para cada ex é suficiente.

Um garçom se aproximou do lado da mesa e me entregou um cardápio. Eu esperei que Adam enchesse sua xícara de café e me devolveu o cardápio sem tê-lo aberto.

- Vou querer só café, suco de laranja e torradas. - falei.

- Comendo só isso, não vai ficar de pé até a hora do almoço - Adam comentou, assim que o garçom se afastou.

Hesitei por um instante. Não havia motivo para esconder a verdade dele, exceto pelo fato de que Adam se mostrava estranho, cada vez que eu mencionava Mark.

- Eu... tomei o café da manhã com Mark.

Adam me fitou por sobre o copo de suco de laranja.

- Café... no quarto dele.

- Na suíte dele - eu o corrigiu. - Algum problema?

- Problema nenhum.

- Certo.

- Não tenho nada a ver com isso - ele falou, tentando sem sucesso disfarçar a irritação. - Acho que o tal Nikitos não sei de que é quem deveria estar preocupado.

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