Amy Adams.
Ficar ali, arrumar a mesa, preparar torradas francesas e suco de laranja foram as tarefas mais difíceis da minha vida. Meus instintos me diziam para fugir dali, me esconder, me trancar em meu apartamento, puxar as cobertas sobre a cabeça e permanecer assim até morrer.
Bastara um simples toque para que eu me derretesse nos braços de Adam. Jamais saberia dizer onde encontrara forças para afastá-lo, pois tudo o que desejei naquele momento foi que ele me despisse e me amasse, como se não existisse nada mais em suas vidas.
Afastei os cabelos do rosto, fechei os olhos e respirei fundo. Estava tudo bem. Recuperaria o controle, como sempre. Só precisava ficar calma e fingir que aquele momento não significara nada.
Embora não estivesse embriagado, Adam havia bebido um pouco mais que de costume. Estava magoado, vulnerável, desequilibrado. E as emoções que sentia não eram nada familiares a um homem que se orgulhava de seu pragmatismo e objetividade diante da vida. E eu estive bem ao seu alcance, quente e feminina, um porto seguro em meio à tempestade. Era a melhor amiga, a confidente, provavelmente a pessoa que mais o conhecia. Nada mais natural do que buscar o conforto que eu oferecia que tentar recuperar a ordem da vida através dos rituais do ato de amor.
Certamente, ele nem se lembraria do incidente um ou dois dias depois. Portanto, nenhum mal fora feito.
Desde que eu não me esquecesse, que não me iludisse imaginando que Adam, depois de doze anos de cegueira completa, perceberia de súbito que eu era a mulher de sua vida.
Sentindo-me mais controlada, me se concentrei no preparo do café da manhã. Estava na hora, refleti calmamente. Dali a três semanas completaria trinta anos. Velha demais para ainda acreditar em milagres. Estava na hora de esquecer Adam e seguir com minha vida adiante. Não me transformaria numa daquelas mulheres tolas que esperam uma eternidade para, então, descobrir que a vida passou e que todos os seus sonhos se transformaram em poeira.
As torradas ficaram prontas quando eu ouvi o chuveiro ser desligado. Poucos minutos depois, Adam entrou na cozinha, envolto numa nuvem de perfume, vestindo apenas uma bermuda velha. Eu notei que ele continuava bonito e em plena forma. Os ombros ainda eram largos e sólidos, a barriga lisa e firme. E ele ainda era capaz de fazer o meu coração disparar aos saltos, com um simples sorriso.
Sorriu, ignorando os efeitos da presença dele.
- Você já está parecendo quase humano. Sente-se melhor?
- Para falar a verdade, sinto-me um grande cretino - ele resmungou, atravessou a cozinha e foi me dar um casto beijo no rosto. - Desculpe Amy. Não sei o que me deu para agarrar você daquele jeito. Não foi minha intenção.
Eu sabia disso muito bem, pensei...
- Esqueça, Adam - falei com indiferença. - Você é homem e os homens fazem tolices o tempo todo. É isso o que os torna tão adoráveis. - Recusando-me a pensar no assunto, o servi de torradas. - Coma isto. Ainda não está de volta ao seu estado normal.
Adam aceitou o prato com um sorriso e sentou-se.
- Ainda não posso acreditar que tirei você da cama no meio da noite e a fiz vir até aqui, só porque estava com pena de mim mesmo.
- Está perdoado - repliquei, me sentando à frente dele. - Na maior parte do tempo, você é um cantor competente e inteligente, que mantém um domínio perfeito de seu mundo. Acredito que tenha direito a uma noite de burrice generalizada, de vez em quando. Só não faça disso um hábito.
- Mensagem recebida. Ainda somos amigos?
- Sempre seremos.
- Você não estava mesmo com alguém, quando telefonei, estava? - perguntou preocupado.
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Dona do seu Coração
RomansaHISTÓRIA COMPLETA. ELE TINHA PAVOR DE CASAMENTO... Conquistador inveterado, o cantor Adam Levine adorava mulheres sensuais e independentes que não envolviam a menor idéia de compromisso. No entanto... "De uma hora para outra, não consigo manter a...