Cap II: De volta ao desespero - Parte 1

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Novo dia, novo mês, nova escola. Puff! Escola, o último lugar do mundo que eu gostaria de ir... Muita coisa aconteceu comigo ultimamente: voltei para Inglaterra, lugar das piores lembranças; minha Tia morreu; meu "vôdrasto" era um tarado; e por fim, vou estudar no lugar que mais me assusta, o lugar onde tudo na minha vida começou a dar errado. Chega! Sem drama, Melanie. Ao me levantar tomei um banho gelado, mesmo com o frio que estava fazendo, banhos gelados sempre me faziam bem, pus o uniforme, que minha avó havia deixado pronto na noite passada, penteei meu longo cabelo loiro e coloquei uma tiara, não passei nada no rosto. Peguei minhas últimas coisas, olhei bem para todo o meu quarto, queria guardar cada pedaço daquele lugar, desci e preferi não comer nada. 

Todos daquela casa decidiram não desjejuar. Sendo assim, minha avó mandou a Sr.ª Maldaner arrumar a cozinha, e chamou o Jerry, seu motorista, para nos levar. Primeiro iríamos à minha escola e depois eles seguiriam direto ao aeroporto. Pegamos nossas malas e fomos em direção ao carro, entrei logo, não queria mais drama naquele momento, já a Vovó Margaret ficou lá observando sua casa, dando seu último "adeus", até que Jerry buzinou, chamando sua atenção e ela entrou no carro.

Observei atenciosamente todo o caminho durante a viagem, que foi mais longa do que esperava. Tudo, tudo não, quase tudo estava exatamente como me lembrava: neve branca acumulada; árvores sem folhas; o tempo parecia estar sempre fechado; e lá no "fim", como se fosse no limite, estava meu "ex-castelo" favorito, o Westminster High School. Continuava lindo, tinha um estilo medieval, mais especificamente gótico, o que fazia dele um pouco sombrio... À medida que nos aproximávamos meu coração batia mais forte, não sei se por ansiedade, por medo ou até mesmo por dor. Enfim, sem perceber o motorista havia parado e minha avó me apressou em descer. Ao colocar os pés sobre aquele lugar, senti um arrepio sobre todo meu corpo, estava gelada, não apenas pelo frio, estava fazendo em torno de 3ºc... Comecei a ter alguns flashbacks de tudo que havia acontecido ali "Eu me via pequena, feliz com meus pais, e de repente veio uma névoa e os levou, não sabia o que fazer, era apenas uma criança. A vovó me ajudou na hora, tentou me consolar, mas nada adiantou, pois a única coisa que eu queria era meus pais, saber onde eles estavam. Dor, tristeza, mágoa, era uma confusão de sentimentos em meu olhar...".

- Melanie? - Disse Margaret, num tom elevado, acho que já havia me chamado, mas como sempre me perco em pensamentos.

- Oi, desculpe estava distraída.

- Tudo bem, pegue suas malas e vá em direção àquela ali de azul. É a Sr.ª. Gunderfill, a diretora, irá guiá-la... Comporte-se e lembre do que conversamos. - Disse da forma mais rude possível.

Concordei com o que ela tinha dito, e respirei fundo, eu apenas queria entender como tudo havia chegado a este ponto. Por fim, peguei minhas malas, um rapaz me ajudou. Quando cheguei perto da porta, olhei para trás e acenei, como um adeus, ela retribuiu e entrou no carro. Sinceramente, esperava mais, até porque minha avó sempre dizia "Não é porque fazemos uma coisa ruim na vida, que todas as coisas boas se apagam".

A Sr.ª Gunderfill me cumprimentou, tentando ser gentil, porém tinha uma expressão áspera. Era bonita, de certa forma. Tinha cabelos negros, um pouco acima do ombro; olhos num tom de avelã, que demonstravam uma expressão perigosa; usava um uniforme azul, perfeitamente engomado e salto alto preto, estou olhando detalhes? Parece que sim... Ela disse que uma aluna, chamada Emma Miller, iria ajudar-me a encontrar meu quarto, então eu deveria esperar ali.

Oh céus! Odeio gente atrasada, toda minha família é organizada em relação a horário, sendo assim, eu não podia ser diferente... Essa aluna deve estar perdida, só pode! Esperei uns vinte minutos, nem é tanto tempo, mas todo mundo estava olhando para mim, odeio isso, tinha que sair dali. Então, entrei sozinha e fui tentar achar meu quarto, provavelmente iria me perder. Cada passo que dava, era um olhado diferente, as pessoas me viam, cochichavam e algumas até riam. Até que uma menina alta, de cabelos castanhos com ondas impecáveis, e um salto vermelho scarlet, não deu para não notar, veio em minha direção.

Woofline - Primavera sem cor (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora