Cap XIX: Alianças Inesperadas

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A luz se apagou, minha vida acabou naquele momento. À medida que eu via sua vida sendo sugada, a minha ia junto. Aquilo não podia ser verdade. Henry estava morto. Eu havia vencido a guerra. Por que? Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Ele estava em meus braços, seus olhos ainda estavam abertos, nunca tinha visto eles com aquele tom de azul tão decadentes, tão escuros, tão sem vida. Suas mãos já estavam gélidas, a palidez começara a lhe dominar, seu coração não palpitava mais. Tudo minha culpa. Lágrimas não eram o suficiente para expressar minha dor, então eu gritava na expectativa de que o alívio chegaria, porém a sensação de perda e culpa crescia internamente e me consumia.

- Volta pra mim, por favor. Não me deixe sozinha, você prometeu que não ia embora. – Chorei desesperadamente. – Eu preciso de você, Henry, meu amor... – Enormes soluços saiam de mim.

Estava agarrada com ele, sangue estava por toda parte, o que fazia com que minha culpa aumentasse. O céu escureceu com uma camada de nuvens, raios passaram a cair, trovões faziam uma melodia junto ao vento batendo nas árvores. Era como um aviso, de que aquilo era o fim da guerra...

- Parabéns! – Uma voz animada soou atrás de mim.

- O que? – Disse sem voz.

- Você venceu! Parabéns, querida! – Era impossível não reconhecer seu tom de voz.

- Eu não ligo para isso, preferia estar morta.

- Mas, não está. – Aproximou-se de mim. - E só pra não esquecer, você o matou! – Valkmentinsk sussurrou em meu ouvido e deu uma enorme gargalhada, aquilo estava me atormentando, mas era verdade, eu era um monstro. Fiquei um instante paralisada. Não conseguia piscar, movimentar algum músculo, até mesmo respirar, estava tomada pela culpa.

- Eu não mereço estar viva. – Disse, olhando fixamente para um ponto qualquer.

- Você não pode se matar, infelizmente. Isso resolveria parte dos meus problemas, mas parte de mim precisa de você... viva. – Ele disse andando em círculos, como de costume.

- O que irei fazer? Não consigo sobreviver sem ele. – Olhei para baixo, Henry estava sem vida, minhas mãos estavam meladas de sangue, ao qual eu tirei, eu fui responsável. Nunca me perdoaria por aquilo. – Eu não me importo... – Levantei-me dali e peguei a espada mais próxima, sem nem pensar duas vezes perfurei meu peito, ou ao menos tentei.

- Por que tão teimosa? Já disse que você não vai morrer, querida. – Valkmentinks havia a transformado em pó. – É divertido vê-la sofrendo, mas não ponha minha paciência a prova.

Um som forte e estrondoso ecoou, o que me fez despertar de meu tormento. A pedra siegreich havia se desprendido, ela tinha um tom ametista, e seu brilho era fascinante. O céu ainda estava escuro, a forte ventania balançava as árvores e carregava consigo alguns objetos leves. Trovões entravam em rima com esse musical. A pedra veio em direção a mim, eu queria correr e fugir daquilo, não estava pronta para assumir o posto, era como se aquilo consolidasse a morte de Henry.

Valkmentinsk tinha ido embora, estávamos apenas eu e o herdeiro, ou o que sobrou dele. Era como se toda a guerra não tivesse acontecido. Siegreich, aproximou-se o suficiente, e uma voz saiu dali.

"Melanie Schiefelben West, a herdeira da lua, hoje, vitoriosa. Através dessa pedra, terás muito poder, e esse poder concedido lhe trará domínio sobre todos os dois reinos. Então, só caberá a você escolher destruir o reino de SoleiLine, e o que fazer com todo o povo. Use da sabedoria para tomar qualquer escolha."

Woofline - Primavera sem cor (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora