Cap III: Drásticas descobertas - Parte 2

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Tentei voltar para o quarto, mas me perdi no caminho, estava tão desorientada que passei a vagar pela escola. Depois de tanto andar, já estava cansada, sentei e me escorei em uma parede. Passei as mãos por volta dos meus joelhos e fiquei lá, paralisada. Aos poucos lágrima por lágrima caía sobre meu rosto.

- Melanie?

- Eu estou bem. - Respondi, sem nem mesmo saber com quem estava falando.

- Não, não está. - A pessoa disse, sentando-se ao meu lado.

- Quero ficar só! - Disse num tom rude, levantei-me e comecei a dar alguns passos. Até que um braço me puxou para um espaço apertado e escuro. Tentei protestar algo, mas taparam minha boca... Estávamos tão próximos que podia sentir sua respiração. Ficamos lá uns dois minutos em silêncio, como se estivéssemos esperando algo.

- Não está me reconhecendo? - Falou tom baixo, tirando as mãos de minha boca e olhando no fundo dos meus olhos. Mesmo com todo aquele escuro, não dava pra não notar aquele par de esmeraldas e aquele sotaque...

- Charlie! - Bufei. - O que diabos te deu na cabeça? Você tá doido?

- Tem certeza que eu sou o doido por aqui? - Revirei os olhos e não disse nada - Melanie, são mais de nove e meia, e não sei se você sabe aqui é a ala dos meninos. - Por isso não fazia ideia de onde estava, nunca tinha ido ali. - Por isso te trouxe pra cá, senão iam te pegar mocinha. - Disse tirando sarro de mim.

- Ok, ok... - Me rendi, não estava com cabeça pra fazer birra. - Obrigada. - Disse num tom baixo.

- O que você disse?

- Não vou repetir, idiota. - Rimos. Charlie olhou em nossa volta, fez sinal para esperar e depois me puxou pra fora.

- Pronto. Agora podemos conversar melhor.

- Eu nunca disse que queria conversar com você. - Disse, cruzando os braços.

- Então tá! Boa noite Melanie, cuidado com... - Ele disse, porém foi interrompido, pois ouvimos alguns passos. Aproximei-me dele e segurei sua mão, bem forte. Ele, se aproveitando da situação, abraçou-me. O som foi ficando cada vez mais alto, e conseguimos vê duas sombras. "Droga" foi o que Charlie sussurrou. Mas, para nossa sorte, ou não, eram apenas a Grace e o Ryan. Ela me encarou, como se dissesse "Depois me conte tudo!". Eles passaram rápido, mas nós não nos afastamos.

- Parece que alguém gostou do meu abraço... - Ele disse, dando um sorriso amarelo.

- Não seja por isso! - Arfei e o empurrei pra longe. - Charlie, eu tenho que ir.

- Não quer conversar? - Na verdade, eu queria, mas querer e poder são coisas bem distintas.

- Não... Preciso ir. - Falei e antes que pudesse sair, ele segurou uma das minhas mãos.

- Quando quiser "não conversar", estarei aqui. - Com isso ele arrancou um sorrido de mim. Desejei boa noite e segui.

***

Havia perdido a hora, e pelo visto, as meninas também. Já passavam das sete e meia, e nossas aulas começavam de oito horas. Foi aquela correria! Tomei um banho rápido, pus o uniforme e fui pentear meus cabelos. Enquanto isso Emma colocava os sapatos e Grace escovava os dentes.

- Meninas, parem tudo! - Exclamou Emma. - Hoje é dia de treino e eles só começam às nove horas.

- Por que você só avisou agora? - Perguntou Grace.

- Eu esqueci também - Ela respondeu. - Estou com a cabeça em outro lugar... - Completou, seu tom era de alguém apaixonado.

- Então, agora não é só um talvez? - Perguntei disfarçando meu desapontamento.

Woofline - Primavera sem cor (Em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora