Cap 6. Aonde eu fui me meter?

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Acredito que a pior incerteza do mundo, é de não acreditar poder amar alguém outra vez... Por seu estúpido coração ainda pertencer a quem o destruiu.

Ainda sou um turbilhão de sentimentos confusos. Dia após dia, tento organizá-los novamente em minha mente cansada, pra tentar dissipar, quem sabe, o caos que se formou em mim. A questão não era apenas por ter sido eu uma rejeitada. A questão não era apenas por ser mais um sonho meu delicado de menina que cultivei, ou por muito menos não ter tido a chance de realizá-lo... Mas sim, a esperança tola que depositei nele.

A culpa disso tudo é somente minha.

Hoje vejo o que antes era cego aos olhos. Como dizem por aí, "Antes tarde do que nunca", pensei sarcasticamente. Sei qual foi o meu maior erro. Erro da qual tenho medo de nunca mais me recuperar. E esse erro foi me doar por inteiro a outro alguém. Sem me dar conta das consequências, eu simplesmente embarquei nessa. E eu apenas amei. E amei de mais...
Agora, pensando cá com meus botões, quem eu acabei me tornando por conta dos meus erros? Eu já nem sabia mais quem eu era agora sem o Richard... Estar de volta ao lugar onde cresci, onde finquei minhas raízes, me pôs em total conflito com meus próprios sentimentos. E pra ser bem honesta, eu não sei o que devo fazer... Parece que falta algum pedaço de mim. Algo está errado, incompleto. É muito estranho. Me sinto como uma peça de um quebra cabeça que não encaixa, que não pertence a essa imagem.

Bom... Mas, agora isso não importa mais. Eu já estava embaralhada no meio dessas peças e já não podia voltar atrás.

Passaram-se dois dias, e eu já era a mais nova gerente da Pousada. Tristemente, passei a acordar cedo em minhas férias pra checar tudo por lá. Vovô Otávio tinha partido em uma viagem pra Minas Gerais deixando tudo por minha conta. E eu não pretendia decepcioná-lo.
Fazia dois dias que eu não via o caipira metido e nem Seu Marcos, mas, em compensação via Débora todos os dias. E ela fazia questão de me parar pra conversar e fofocar toda vez que nos víamos. Ela, como sempre, deixando-me louca das idéias.

— Aí, amiga, vamos! Você precisa conhecer o Dário! Vai ser legal, o pessoal todo do trabalho vai estar lá... — ela fez biquinho na tentativa de me convencer por chantagem emocional, vindo mais uma vez pra cima de mim com aquele papo.

— Débora, não sei se é uma boa ideia deixar assim o trabalho, é que... — ela me cortou.

— Ah não, Heleninha! Você está de férias, pelo amor de Deus! — ela colocou as mãos na cintura me olhando seriamente.

— É, eu estou de férias, mas trabalhando. — retruquei, suspirando em seguida. — Não posso deixar vovô na mão.

— Tá, mas você é a chefona. Se quiser, você só vem quando tiver vontade. A única coisa que precisa fazer é checar as coisas e pronto. Não precisa se preocupar tanto assim, está tudo bem por aqui. E você não faz muita coisa aqui não, tá meu bem? Olha pra mim! Quem trabalha de verdade aqui sou eu, e igual a uma escrava condenada sem carta de alforria. — disse fazendo o maior drama. — Anda Helena, vamos, aceita? Vai ser legal! — insistiu mais uma vez fazendo uma carinha de anjo.

— Ai, Debi... — eu Suspirei me rendendo. — Tá bom, tá bom. Você venceu. Amanhã nós saímos.

— Uhuul! — ela comemorou gritando e levando as mãos pro alto. — É isso aí amiga! Você vai adorar o barzinho, lá é super de mais e tem música ao vivo toda sexta à noite. — disse empolgada.

— Parece bem divertido. — comentei sem muito ânimo organizando as pastas da recepção.

— E é, com certeza. Você vai né Betão? — perguntou Débora passando os olhos de mim pra Roberto, que estava sentado na cadeira da recepção ao meu lado trabalhando, só escutando a conversa.

Um caipira em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora