Cap 19. Agora somos fora da lei?

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Pisei fundo no acelerador, ligando o rádio e aumentando no último volume. Dessa vez Felipe não se incomodou.

Ele me guiou pela estrada até chegarmos na cidade. Passamos entre as casas simples e lojinhas, os restaurantes e pracinhas procurando uma vaga pra estacionar. Não foi difícil para achá-la. Quando paramos a caminhonete no acostamento do meio fio, descemos para começar a caminhar. Surpresa, olhei em volta por toda aquela estrutura singular que há anos eu não via. Pode parecer muita besteira, mas vibrei por dentro quando avistei um orelhão em forma de pássaro Tuiuiú na calçada, recordando instantaneamente a minha infância querida. Tudo aqui era tão diferente dos EUA. Era tão mais simples, tranquilo e fácil de se viver.

Nos bancos das praças serenas podiam-se ver senhoras tricotando e conversando umas com as outras calmamente. Pra todo lado se via árvores e mais árvores projetando grandes sombras e promovendo o ar mais limpo que eu já respirei em toda a vida. Na frente de cada casa passeando pela vizinhança, reparei no capricho que eram feitas as placas de numeração dos lotes, uma mais delicada que a outra. Os quintais floridos bem cuidados chamavam a atenção. Havia muitas flores nas árvores e eu podia sentir o perfume doce sendo exalado por todo o ar envolta de nós. O clima agora era quente, então decidi me apressar com Felipe para acharmos uma sombra fresca enquanto procurávamos por uma lojinha de decoração.

Pra todo lugar que eu olhava, havia vendedores artesões de vasos para flores. Tinha vasos dos mais variados tamanhos, desde os pequenos até os enormes. Fiquei tentada a levar um para vovó Margaret afim de enfeitar mais o seu tão bem cuidado jardim, mas pensei que na volta pra casa seria melhor.

Encontramos uma loja de decoração. Ela já estava cheia de objetos com tema natalino. Fiquei super empolgada. Entramos na loja e comecei a procurar por coisas fofas de natal. Eram tantas opções legais que comecei a ficar na dúvida. Minha cabeça ficou a mil tentando imaginar as várias formas de decoração que eu poderia usar no espaço que tínhamos na pousada e andei mais. Cogitei a ideia de passar em outras lojas pra ver se havia mais coisas legais e diferentes pra encontrar, mas Felipe reclamou e bufou se queixando: "Ah, meu Deus. Talvez ter ficado e fazer alguns trabalhos na Fazenda não seria de todo ruim". Arrastei ele comigo e passamos em mais umas três lojas. Sabe, só pra garantir.

Depois de um tempo, finalmente decidi levar uma árvore linda de natal de 2m em uma loja chamada "Canto do Noel". Fiquei louca com tanta variedade dessa loja, comecei a explorar. Como arquiteta e Design de interiores, essa era minha tarefa favorita de todas. Com toda certeza no que depender de mim, esse seria o melhor natal em família.

Comprei visgos, pisca-pisca para enfeitar a árvore, e bolas das mais variadas com a ajuda do Cowboy que a propósito, não levava o menor jeito pra diferenciar as cores e tamanho. Pra ele tudo estava bom e bonito. No fim, acho que me excedi um pouco de mais e acabei levando decorações para a pousada inteira, até pra área da piscina.

Enquanto escolia mais coisas, Felipe levava o carrinho cheio de compras pelos corredores. Ele estava totalmente entediado. Eu não consigo entender por que homens não acham isso divertido. Fazer compras é tudo na vida! Então, pra tentar animá-lo e acabar com aquele tédio todo, comecei a fazer graça de propósito. Ele estava distraído quando o surpreendi jogando um urso de pelúcia bem na sua cara.

— Ué?... — Ele ficou atordoado e surpreso sem entender de onde havia surgido aquele urso. Então, me viu dando risada.

Muito infantil, eu sei. Mas, não pensei em outra coisa se não em brincar de "arremesse o urso ou morra" com ele. Vi a faísca de vingança se ascender em seu rosto. Lancei-lhe um sorriso frouxo. O plano havia funcionado. Só pra variar, ele havia levado pro lado pessoal quando o vi pegar o ursinho no carrinho e o mirá-lo em mim. Ele lançou e eu esquivei. Pronto. Foi o que bastou pra ele ficar maluco. O Cowboy ficou tão louco pra me acertar que pegou vários ursinhos da prateleira e começou a correr atrás de mim me atirando ursinhos indefesos.

Um caipira em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora