Cap 21. Um Cowboy atrapalhado.

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Felipe e eu nos enroscávamos nos braços um do outro. Embora o tempo começasse a esfriar e a noite começasse a cair, eu estava mais do que aquecida em seu abraço.

Nadamos um pouco mais no riacho da nossa infância, aproveitando o momento o máximo que podíamos estando totalmente a sós, nos divertindo e nos beijando. Felipe gargalhava com o meu nado desengonçado. E quando eu já não aguentava mais sua gozação e ficava emburrada, ele vinha rápido e me abraçava forte me enchendo de beijos. Gostava de fazer uma trilha deles em meu pescoço adorando me provocar quando me deixava irritada. Quando nossos beijos se intensificavam e o calor abrasador acendia nossos corpos, eu o detinha com cautela. Ele não falava nada quando rejeitava suas investidas e se esforçava para me respeitar como um cavalheiro, embora estando os dois meio loucos e descontrolados um pelo outro.

Suas mãos me acariciavam com gentileza e seus lábios quentes se esfregavam de leve contra a minha boca quando ficávamos em silêncio, apenas levando os pingos da queda d'água nas costas nadando vez ou outra para dentro da gruta afim de ficarmos mais envoltos e escondidos. Não que alguém fosse nos ver. Mas a sensação que a gruta trazia era de paz, de que podíamos fazer qualquer coisa, de total aconchego. Sua acústica fazia com que ouvíssemos apenas um som suave da correnteza e os pingos que caíam do teto irregular de pedras ao tocar a superfície da água. E claro, o eco dos nossos sussurros.

Quando percebemos que já estava escurecendo, tomamos a dura decisão de ir embora. Relutante, Felipe me puxou pela cintura em um ultimo beijo urgente, como se temesse pelo o que viesse em seguida. Como se não quisesse perder nenhum minuto.

E eu me sentia da mesma forma.

Não sabia o que aconteceria depois quando voltássemos para casa. As coisas com certeza já não seriam mais as mesmas e eu estava apavorada. De forma alguma iria querer que alguém descobrisse o que fizemos. Principalmente os meus avós. O que iriam pensar de mim? Até aonde sabem, eu sou uma mulher comprometida com outro homem e também não quero que se sintam envergonhados se descobrirem que eu estou saindo com o empregado da fazenda, um rapaz que aparentemente aos seus olhos não era ninguém. Eu não quero nem imaginar. Principalmente o pai de Felipe. Ele já me detesta. Já me priva de ver o seu filho. O que faria conosco se descobrisse?

Não. Eu não quero mais pensar nisso.

Saímos da água e recolhemos nossas roupas no chão. Não havia nenhuma toalha para nos secar, portanto tivemos que vestir a roupa assim mesmo. E logo nós dois estávamos molhados com a roupa grudando no corpo e congelando com o frio da noite que havia chegado e nos castigava sem dó enquanto subíamos a trilha de volta para a caminhonete.

Tentávamos nos aquecer dentro do carro. Deixei que Felipe dirigisse de volta pra casa e foi melhor assim. Mas, nós nunca ficamos tanto tempo calados antes. O pensamento dos dois vagava perdido em algum lugar do espaço enquanto seguíamos a estrada e eu apenas repousava a cabeça em seu ombro e me aproximava mais dele para me esquentar fazendo um carinho de leve em sua coxa.

Não demoramos muito e logo estávamos de volta em casa. Felipe parou em frente ao casarão como de costume para me deixar primeiro em segurança. Tive que me desprender dele ainda muito relutante, sentindo o frio que me percorreu ao me afastar dele.

Eu então lhe direcionei um olhar entristecido.

Não podia arriscar beijá-lo agora. Alguém poderia nos ver e isso seria perigoso. Felipe poderia ser demitido se o pegassem beijando a neta do dono da fazenda e seria terrível. E ele sabia que eu estava pensando nisso.

Retribuiu o olhar cúmplice, tentando não fazer com que aquele momento fosse o fim de nós dois e sim provando que era só o começo ao segurar minha mão com delicadeza. Eu me senti instantaneamente melhor e tive coragem para lhe dar um beijo no canto da boca antes de abrir a porta do carro e sair um tanto apressada, esperando que essa ousadia não fosse vista.

Um caipira em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora