Capítulo 4 - Sério?

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Filipe

Escola é bem legal quando você sabe aproveitar as vantagens que ela oferece. Não é só um bando de professores repassando ensinamentos, mas uma oportunidade perfeita para nós evoluirmos como pessoa.

Eu não quero acabar no mundo sem deixar nenhum legado. Eu quero me sentir um cara importante. Mas... É impossível dar cem por cento de si. Pelo menos eu não aguento. O resto da porcentagem vai para os amigos, as festas e tudo mais. As coisas que não deixam a gente morrer de ódio algumas vezes pelo colégio.

O meu colégio nessa cidade é um pouquinho longe de casa, mas eu gosto de caminhar de manhã. É como um ritual sabe? Para aquecer as veias e esticar os músculos. Já que eu não durmo, não preciso me preocupar em espantar o sono ou sei lá. Eu não sou um portador do vampirismo completo, mas como sabem, tenho alguma coisa dele. Não gosto muito de ficar exposto ao sol, é meio neura mas eu me sinto meio, enjoado. Vivo melhor a noite, ou até mesmo uma sombra é mil vezes melhor. Por via das dúvidas, sempre estou com um dos meus casacos anti raios UVA. Eles se parecem com corta ventos.

Catei uma camiseta com estampa genérica , coloquei o meu casaco novo e coloquei uma bermuda mesmo.
- Bom dia. - Falei com meu pai que estava na cozinha tomando uma xicada de café preto. O cheiro do café tomava conta da casa pela manhã.
- Bom dia. Já está saindo Filipe?
- Uhum. Te vejo mais tarde.
Eu não gosto de usar a velocidade vampírica nas minhas corridas matinais, corro como uma pessoa normal. Meu corpo já foi mais atlético, mas ainda não estou tão diferente. Passava horas na academia uns meses atrás, todos os dias, mas cansei. Eu até estou procurando uma boa academia por aqui, não sei se achei alguma ainda. Vou voltar.

Cheguei na entrada da escola e vi o enorme campus frontal com gramado verde e alguns canteiros de flor. Tinha até uma mini fonte. Alguns alunos estavam sentados em pequenos grupos conversando, esperando a primeira aula começar. Algumas pessoas me olhavam. Um garoto de bermuda e jaqueta andando pelos tijolos naquele frio da manhã.

- Olá. Você deve ser o Filipe Treveli? Seu pai ligou avisando que você ia chegar por agora.
- Ligou é?
- Sim. Meu nome é Dayanna, sou a diretora. Gostaria de me acompanhar? Vou lhe entregar seus horários, e o material desse ano.
- Ah, claro.
Os corredores eram largos e cercados por armários de cor branca encardida. Andamos alguns metros até adentrar em uma pequena salinha a direita.
- Então, você deve ter trazido os seus documentos que faltam para confirmar a matrícula. Certo?
- Sim, estão todos aqui.
Quando eu fui entregar minha mão enconstou na dela, sem querer.
- Filipe! Você está se sentindo bem? Sua mão está muito gelada!
- Estou ótimo, deve ter sido um engano. - Falei olhando em seus olhos e ela consentiu.
- Está tudo aqui. A sua primeira aula começa as oito e meia, horário de almoço ao meio dia e saída as duas e quarenta.
- Tudo bem. Mais alguma coisa? -Falei já me levantando.
- Ah, não. Mas só te contando, minha sobrinha está passando uma temporada aqui, ela é da Austrália, e também é nova. Talvez você queria conhecê-la. Vocês tem essa primeira aula juntos. O nome dela é Riley.
- Ah, Ok. - Eu devia imaginar o quanto essa tal de Riley ficaria envergonhada pelo que a sua tia acabara de fazer. Eu tentei não rir, nem sei se eu consegui.
Sai da sala e fui para minha primeira aula. Eu reparei na tal Riley, ela era bem australiana, pela aparência, até meio bonita. Mas não falei nada com ela.

Conheci alguns garotos do time de futebol. Eu amo jogar futebol. Eu já fui quaterback no meu colégio antigo. Eu gosto muito de jogar, porque me divirto, mas não acompanho tanto os campeonatos na televisão.

- Não sei se ainda temos vagas no time, mas você bem que podia tentar cara. Se você é bom como diz.
- Ué, se tiver alguma vaga eu gostaria sim. Seria legal ter a chance de me enturmar um pouco...
- Beleza. Como é seu nome mesmo?
- Filipe. E você são...?
- Eu sou o Hugh, e esses são Matt e Carter.
Comprimentei todos. Pareciam ser caras legais. Eu tinha algumas aulas junto com eles, então pelo menos sem "amigos" eu não estava mais. Eu só não sentei com eles no almoço porque fui até o zelador para ganhar um novo armário, ele é quem cuida disso. Na hora da saída cruzei com Hugh, Matt e Carter.
- Hey, Filipe não é?
- Beleza?
- Eu falei com o treinador e ele disse que você pode fazer um teste. Estamos precisando de alguém na reserva.
- Topo! Que horas? - falei entusiasmado.
- Mas tem que ser agora.- Carter acrescentou.
- Agora?
- É cara, o treinador já está esperando você lá.
- Tá, vamos então. - Falei meio desconfiado.
- Você não vai Matt? - Hugh perguntou.
- Não, vou chegar um pouco na minha mina. Depois vejo vocês. "Té" mais. - Ele saiu andando rapidamente.
O campo era atrás das escola, andávamos vários corredores para se chegar lá. Eu vi o treinador esperando de longe. Era um cara alto, de cabelos crespos e aparentava ter uns cinquenta anos por aí.
- Você é o tal Filipe que se diz jogador?
- É, sou eu.
- Então vamos ver . Hugh, Carter, Billy em posição.
O jogo de teste tinha começado, e lá estava eu de casaco no meio do campo preparado para jogar. Os passes estavam todos fáceis e na hora de correr eu nem se quer trapaceie e consegui cruzar as linhas do campo.
- Então, o que achou? - Perguntei, tomando um pouco de fôlego.
- Cara, muito bom. Você tá dentro, no banco de reserva. Pelo menos por enquanto. Você tem muito potencial.
- Obrigado. Você não vai se arrepender.
- Parabéns Cara! - Hugh levantou a mão para um toque.
- Valeu aí.
- Sabe, eu estou dando uma festa esse sábado. Vai uma galera muito legal. Só algumas pessoas selecionadas. Você topa?
- Demais. Depois você me envia o endereço por mensagem.
- Beleza. Então até mais.
- Até.

Peguei minha mochila no vestiário e fui embora andando. Para um primeiro dia de aula, foi até bastante agitado. Provávelmente o mais agitado primeiro dia de aula que eu já tive, e entrar no time de futebol já no primeiro dia... Chegando em casa eu vejo meu pai fazendo um ensopado de Legumes.
- Ensopado?
- Sim.
- Você sabe que eu não gosto.
- Não é para você. É pra Lúcia.
- Ela já está chegando?
- Ela já tá aí.
De repente vejo Lúcia, descendo as escadas com aquele cabelo loiro imenso dela. Faz muito tempo que eu só me comunico por internet com ela.
- Oi Lúcia. Caramba... Que surpresa.
- Oi Filipe. Quanto tempo hein?

AscensãoOnde histórias criam vida. Descubra agora