Capítulo 23 - Mentirosa

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POV: Ana Campbell

- Tem que ter um jeito de sairmos daqui - Filipe falou.
- Eu já tentei de tudo. Uma vez, consegui fazer uma rachadura bem pequena na parede. Até que eu acordei algemada. - Disse Sofia. 
  Filipe e a tal Samanta foram até a rachadura e começaram a cochichar alguma coisa, enquanto Elisa olhava ao redor e, às vezes, falava pro "nada". Fiquei parada por uns instantes até que ouvi Treveli dando um murro na parede.
- O que está fazendo? - perguntei.
- Tentando nos tirar daqui - ele respondeu e continuou socando.
- É impossível. Pelo menos sem magia - rebati.
- Não estamos sem magia. - Samanta falou.
- O quê? - perguntei.
- Agora Filipe - a garota me ignorou e falou para Filipe.
  E antes que os dois partissem numa nuvem de fumaça, ele falou:
- Eu voltarei por vocês, eu prometo.
- Treveli! - gritei em vão. Num piscar de olhos os dois já haviam desaparecido.
- Argh!!! Eu sabia que não poderia contar com esses sobrenaturais ridículos - falei. Me sentei num canto da "sala" e coloquei a mãos na cabeça.
- Calma - Sofia falou -Ele disse que vai voltar - "Iludida. Eles nunca vão voltar", pensei, mas mantive silêncio.
- Ei! Silêncio, tô tentando ouvir o Jorge! - disse Elisa.
- Quem é Jorge? - perguntei, me levantando. Estava com um pé atrás em relação à Elisa.
- Shh! - ela colocou o dedo indicador na frente de sua boca, como sinal de silêncio - Ele me disse que sabe como podemos sair daqui. Eu só preciso... Fazer isso! - Elisa colocou a mão em frente a parede e fez um movimento com os dedos, fazendo uma porta aparecer.
- Como você fez isso? - Eu e Sofia falamos quase que ao mesmo tempo.
- Não temos tempo pra isso - Elisa abriu a porta e nós fomos atrás. Antes de seguí-las peguei as duas correntes que algemavam Sofia. As duas me olharam com caras de desentendidas.
- Ué, o que foi? Nunca se sabe quando vamos precisar de uma dessas – falei.
  Entramos em uma sala totalmente branca e praticamente vazia. Treveli e Samanta estavam no chão, gritando de dor. Vi um homem alto e forte com a mão direcionada aos dois, como se ele tivesse provocando aquilo. Sem pensar duas vezes, atirei uma das correntes em sua direção. "Hugh" estava em um dos cantos do lugar apenas observando tudo, com olhar de fúria. Logo me toquei que estávamos na agência, em uma parte dela que eu ainda não havia conhecido.
- Não temos muito tempo. Vamos logo! - Elisa gritou.   
- Se subirmos até um determinando andar, talvez eu saiba como sair - falei. Elisa tocou na parede e fez um desenho com seus dedos, fazendo mais uma porta se abrir. Entramos em um elevador e, rapidamente, eu apertei o botão "39". Em poucos segundos já havíamos chegado ao corredor da minha sala. Fui andando rápido, guiando o grupo, e parei assim que cheguei até ela.
  Todos os caçadores que lá estavam encararam com silêncio cada um dos que me acompanhavam, enquanto seus colares brilhavam intensamente. Cameron se levantou e, antes que ele fizesse qualquer movimento, eu coloquei a mão em sua frente, e disse "Não!". Olhei, de relance para Chris e percebi que ele estava com um pequeno sorriso na cara.
- Subam as escadas e virem à esquerda, na porta de vidro. Preciso resolver algo antes - falei aos sobrenaturais que fizeram o que eu disse.
- Mas que diabos é isto que está acontecendo? – Cameron perguntou furioso, enquanto eu entrei e me sentei numa cadeira ao lado de Christopher.
- Eu posso explicar! – falei. E assim fiz. Contei a eles tudo que eu sabia sobre os "puladores", inclusive aquilo que Elisa me contou sobre a minha avó. A princípio ninguém falou nada, mas depois foram surgindo questionamentos.
- Isso é ridículo! Como você pôde acreditar em uma palavra que esses seres dizem? – Cameron se levantou furioso e começou a andar de um lado pro outro.
- Não acha que se fosse verdade mesmo, pelo menos um de nós saberia? – Kira perguntou.
- Não faz muito sentido! – Christopher falou, tirando minha última esperança de que alguém ali pudesse acreditar em mim. Simplesmente olhei para ele com cara de desapontada e saí sem dizer nada.
- Aonde você pensa que vai? – ouvi Cameron dizer, mas nem fiz questão de olhar para trás. Apressei o passo e fui até o elevador. Um segundo antes que a porta se fechasse, alguém colocou a mão, impedindo que isso acontecesse, e entrou no elevador. Temi que fosse Cameron, mas não era ele.
- Eu acredito em você – Chris falou, assim que eu olhei para ele.
- Que? Porque não falou isso antes? Porque deixou parecer que eu sou uma mentirosa?
- Por que... Eu não posso te contar.
- Você nunca pode – assim que falei, o elevador se abriu e eu saí apressadamente dele, mas Christopher continuou me seguindo.
- Espera! Eu quero ajudar vocês nisso!
- O quê? Por quê? – perguntei, parando de andar e olhando fixamente para ele.
- Por que VOCÊ está os ajudando?
- Eu perguntei primeiro! – falei aquilo porque simplesmente não sabia a resposta. Era como se eu precisasse fazer aquilo, mas o motivo eu não sabia.
- Por favor, me deixa entrar nessa – ele pediu colando as duas mãos juntas, suplicando.
- Tudo bem. Mas antes, você vai ter que me contar esse bendito segredinho que você tanto esconde.
- Tá bom! Mas aqui não.
  Ele nos levou de carro até seu apartamento. Era um lugar organizado e bonito, mas pequeno demais para uma família morar.
- Você mora aqui sozinho? – perguntei.
- Não.
- Então, com...
- Você não quer saber do meu bendito segredo? – ele perguntou nervoso, me cortando.
- Foi mal! - falei.
- Não, eu que fui grosso. Me desculpa. É só que eu nunca contei isso pra ninguém antes – ele foi até sua bolsa e pegou alguma coisa. Era sua identidade. Ele estendeu o braço, me entregando-a. Fiquei uns segundos procurando algo de anormal naquilo. Quando já ia perguntar, percebi uma coisa.
- Ah não!

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