Capítulo 8 - Pressa

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Ana

Fui correndo até a Sociedade desesperada. Quando cheguei entrei o mais rápido que pude no elevador e dei de cara com Christopher. Preferi ficar calada até ele se pronunciar:

- Porque a pressa?
- Nada! Eu só... Esquece! - as portas se abriram e corri até a sala.

- Vocês estão atrasados! - Cameron disse e nos lançou um olhar furioso. Todos já estavam sentados à mesa e havia uma projeção sendo lançada numa tela logo em frente à eles. Simplesmente olhei para Christopher e ele olhou de volta. Me sentei numa cadeira entre ele e Kira.
- Estamos falando sobre os mais novos seres sobrenaturais que estão sujando nossa cidade. Nós vamos tomar conta deles... - Kira me disse e apontou para a tela.

Tomei um susto ao ver que um deles era o garoto na qual eu tinha acabado de trombar, uma hora atrás. E se ele tiver visto o colar? Eu tava ferrada.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa? Você parece...
- Não. Não aconteceu nada! - falei e tentei parecer mais natural.
- Continuando. Precisamos descobrir o máximo de informação possível sobre eles, antes de fazer qualquer coisa. A outra tarefa da qual vocês fizeram parte foi mais fácil. Aqueles lobisomens não eram tão poderosos quanto esses bruxos. Só sei que esse garoto - Cameron disse enquanto apontou para a fotografia do menino - tem algo a mais do que simplesmente bruxaria. E ele está mais perto de vocês do que imaginam.
Pensei em falar do que aconteceu, mas não sei se Cameron receberia isso muito bem.
- O trabalho de vocês agora é se aproximarem deles, como quem não quer nada. E não sejam tolos a ponto de deixá-los ver suas pedras. A sociedade não é mais segredo absoluto, e talvez eles tenham conhecimento dela. - "Ops", pensei - Estão liberados.
Kira e Shane saíram, mas eu continuei lá, olhando pro nada. Cameron acabou saindo depois deles, restando apenas eu e Christopher.
- Você vai ficar aqui? - ele perguntou enquanto se levantava. Não respondi - Tudo bem...
- Eu não quero fazer parte disso. - falei, quase gritando.
- Do que você tá falando? Não seja ridícula. Você já se comprometeu com isso. Não tem como sair. Ou você acha que eu adoro fazer esse trabalho? - ficamos em silêncio por um tempo - Não gosto de sair por aí matando gente que eu nem conheço direito só porque eles não são "normais". Mas, fazer o que? Está no meu sangue. - ele falou e foi embora. Saí correndo para o alcançar, mas ele foi mais rápido e já tinha ido. O que será que ele queria dizer com aquilo?

***
Acordei com Julie brigando com nosso pais. Ela provavelmente falou ou fez algo que eles não gostaram.

- Ai, porque vocês estão discutindo essa hora da manhã? - falei enquanto descia as escadas, ainda sonolenta.
- Argh, lá vem ela pra piorar as coisas! - Julie falou e cruzou os braços.
- Deixe sua irmã em paz, você já fez muito por hoje. Ana, volte pro seu quarto e vá se aprontar pra escola - mamãe falou e me acompanhou até a porta do quarto - depois a gente conversa com você sobre isso. Não demore se não vai se atrasar.
- Sim, senhora!

***
O tempo estava meio fechado. O professor de história estava explicando a matéria enquanto eu ficava olhando pela janela para me distrair com alguma coisa. Até que senti Britney me cutucando por trás.

- Você já decidiu sua fantasia? - ela perguntou. As pessoas estavam tão empolgadas com essa festa boba que às vezes me irritava. Simplesmente fiz que não com a cabeça.
- Depois te mando umas fotos para você se inspirar.
- Claro! - falei e dei um sorrisinho falso. Nesse exato momento recebi uma mensagem de Matt:

<Matt: Já sei do que podemos nos vestir! Me encontre na saída.>

Pelo menos agora esse peso de ter que decidir fantasia tinha saído das minhas costas.
Na saída encontrei com Matt. Ele estava com Hugh e os outros garotos do time. Ele me falou da fantasia e fingi estar empolgada para essa festa.

- Ótimo! Então está decidido! Os meninos decidiram treinar agora depois da aula. Não quer assistir? - perguntou.
- Claro, não tenho nada melhor pra fazer - mas na verdade, resolvi assistir o treino deles porque o garoto em que esbarrei agora fazia parte do time. Talvez eu conseguisse perceber alguma coisa anormal.
Antes de irmos. Vi uma garota ruiva e branca como neve, falando sozinha. Como ela estava com fones imaginei que ela estivesse ouvindo música e cantando baixo, mas parecia mesmo que ela estava "falando" com alguém.
- Vamos! - Matt me puxou pelo braço.
Na verdade não vi nada de mais. Comecei a observar e só percebi que ele parecia um pouco mais rápido e forte que os outros garotos, mas qualquer um pode ser mais ágil e forte com muito treino. Não é algo tão sobrenatural assim.
Fiquei a maior parte do tempo procurando no celular algum lugar para alugar a fantasia. Me distrai por um segundo e quando voltei meus olhos pro treino um dos garotos do time estava no chão, queixando de dor. Fui correndo até a quadra.
- O que aconteceu? - perguntei pro Matt.
- Não sei. Parece que ele torceu o pé ou coisa pior - Matt falou e depois cochichou no meu ouvido: - Acho que aquele Filipe tem alguma coisa a ver com isso.
- Quem é Filipe? - cochichei de volta.
- Aquele... Ué! Ele estava bem ali. Enfim. Galera é melhor alguém levá-lo pro hospital.
- Eu posso. Estou com meu carro - Hugh falou e Matt o ajudou a levar o garoto pro carro.
Enquanto isso saí da quadra pra procurar o tal Filipe que tinha sumido, mas não achei ninguém. Saí do colégio e fui pra casa. Aliás, o clima lá não estava muito bom.
Julie estava discutindo com nossos pais de novo e parecia que a coisa estava ainda pior. No exato momento em que entrei ela disse:

- Então eu vou embora dessa casa!
Simplesmente ignorei a situação e fui andando normalmente até as escadas. Sabia que ela estava falando aquilo da boca pra fora e que ela morria de medo de fugir de casa.
- Ana, onde a senhorita estava? - mamãe perguntou furiosa.
- Na escola, vendo o treino dos meninos. Por que? Algum problema com eu estar fora?
- Agora tem! Vocês duas passaram dos limites. Temos sido muito liberais com vocês e olha no que deu! Julie largou a faculdade, você chegando tarde em casa...
- O quê?! Você largou a faculdade? - perguntei incrédula.
- Argh! Vai começar tudo de novo... - Julie falou e sentou no sofá colocando a mão na cabeça.
- Chega! Vocês duas estão de castigo!
- O QUÊ?! Você só pode estar brincando.

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