Capítulo 12 - R.I.P

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Elisa

- Muito obrigada por me emprestar esse dinheiro. Mas eu juro que vou te pagar, e com juros - prometi para o fantasma, para ter a consciência limpa.
-Eu já falei que não precisa. Eu não vou precisar dele.
- Mas sua família deve precisar.
- Eles não vão precisar - respondeu ele, acho que lembrando que sua mãe vendera a casa que seu pai construiu, por dinheiro - Mas mudando de assunto, a festa é particular. Como você pretende entrar?
- Usando meu charme, é obvio! - Fiz uma expressão no rosto forçada, imitando as que as meninas fazem na hora de tirar uma foto. Nós rimos - Além disso, a festa vai estar cheia, ele nem vai perceber.
- Essa fantasia ficou boa em você. E esse cabelo preto também.
- Noiva cadáver é a melhor escolha para mim, que sou tão branca que quase fico pálida. Vamos para casa antes que meus pais se preocupem pelo meu sumiço.

Chegando em casa, minha mãe percebeu a sacola com as roupas que eu comprei.
- Oi, filha, tudo bem? - Ela me deu um abraço, mas depois se afastou e franziu a testa, mas ainda sorrindo - Que sacolas são essas?
- É pra um trabalho do colégio. Eu vou subir e trocar porque estou muito cansada - respondi, sem hesitar.
- Espera, filha. Você ainda não falou o que você achou do seu colégio.
- Eu achei muito legal. Sem querer ofender; mas é mais legal que estudar em casa. Os alunos são divertidos, eu estou gostando das matérias que eu tenho. E a escola é enorme!
- É verdade. Eu acho bom que você esteja assim, mais feliz do que você já era.

A noite, na sala de jantar, Caio veio até mim, o que era incomum, já que ele só ficava na sala de estar. Ele começou a falar e eu continuei comendo, fingindo estar prestando atenção na conversa do meu pai.

- Elisa, tem algo que eu preciso falar com você - disse Caio, mas sem estar preocupado - Tem uma menina no colégio. Eu percebi, algumas vezes, que ela tem um colar roxo brilhante. Você também deve ter percebido, por que eu vi você olhando pra ele um dia. Mas acho que você não notou nas outras vezes em que você passou por ela. Sempre que você chega perto dela o colar dela brilha. Acho que isso pode significar alguma coisa.

Estendi a mão estrategicamente.
- Você quer que eu passe a salada? - perguntou meu irmão.
- Sim. - respondi para os dois - Obrigada.

Quando o jantar acabou, eu tinha que ir a festa, mas sem que meus pais percebessem. Como eu tinha costume de trancar a porta, ninguém perceberia minha saída. Falei que ia tomar um banho e dormir mais cedo,subi para o meu quarto e me arrumei o mais rápido possível. Todos os quartos da casa tem uma escada para emergências, já que depois da morte de meus verdadeiros pais, minha família ficou mais atenta. Peguei um dinheirinho que meus avós me deram de aniversário, que dava para pagar o Uber, mas não a fantasia, e desci pela escada, quando as luzes da casa já estavam quase todas apagadas. Ninguém percebeu minha saída. Andei um pouco rápido para longe de casa e chamei um táxi.

Chegando na casa do menino que estava dando a festa, fiquei maravilhada. A casa estava toda decorada pelo lado de fora. Tinha luzes coloridas, enfeites de Halloween, tudo muito bem feito.
Como havia chegado cedo, a festa não estava muito cheia. O próprio Hugh me recebeu.
- Oi! Quem é você, não estou te reconhecendo.
Levantei um pouco a peruca preta, mostrando meus cabelos ruivos, na tentativa de ele pensar que me conhecia.
- Ah, sim. Você é a novata. Elisa, né?
- Você lembrou meu nome? - perguntei, mais surpresa do que ele jamais acharia que eu estivesse.
- É claro. Você é inesquecível - respondeu ele, de uma forma não muito comum.
Deve ter sido difícil não reparar na única cor no meu rosto aparecendo.
- Eh, obrigada - eu disse, ruborizada.
- Espero que você se divirta.
Sai bem rápido e agradeci muito o Caio não ter vindo na festa. Eu insisti para ele vir, para me ajudar, mas o argumento dele foi bom. "O que eu faria numa festa, se ninguém pode me ver?"
Entrei na casa, observando cada detalhe, cada fantasia. Assim que vi a comida, a ataquei. Quando fico nervosa, eu fico com fome.
Depois que me acalmei, voltei a reparar na pessoas. Vi uma menina que parecia mais deslocada que eu, o que, para mim, era impossível. Fui até ela.
- OI! QUAL É O SEU NOME? - perguntei gritando, já que a festa já estava bem cheia.
- RILEY!
- O MEU É ELISA! O QUE VOCÊ ESTÁ ACHANDO DA FESTA?
Ela fez uma expressão que dizia tudo.
- GOSTEI DA SUA FANTASIA! É UMA ACIDENTADA, CERTO?
- VOCÊ PERCEBEU? MEU AMIGO FEZ ISSO DE ÚLTIMA HORA! EU NÃO VIRIA AQUI!
- SIM, PERCEBI. EU ENTENDO DESSE ASSUNTO.
Ela fez uma cara estranha.
- MEU PAI É MÉDICO! - menti.
- AH! - ela respondeu, mas depois se virou.
- OLHA, VOCÊ NÃO ESTÁ SE SENTINDO BEM, NÉ? EU TAMBÉM NÃO ESTOU MUITO. EU NÃO VOU MUITO EM FESTAS. POR QUE NÃO VAI EMBORA? NÃO TEM RAZÃO INSISTIR NISSO. - Falei.
- ACHO QUE VOCÊ TEM RAZÃO! E VOCÊ?
- ACHO QUE VIU FICAR MAIS UM POUCO! PROMETI PARA UM AMIGO!
- MAS O PROBLEMA É QUE EU VIM DE CARONA, ENTÃO ESTOU SEM DINHEIRO! - Ela disse.
- EU TENHO SOBRANDO, PARA O CASO DE EMERGÊNCIA! SE QUISER... - menti de novo.
- OBRIGADA POR ME AJUDAR! TCHAU!
- TCHAU! QUAM SABE NÃO NOS VEMOS NO COLÉGIO?
- SIM!

Depois de um tempo sozinha novamente, as luzes se apagaram. Quando voltaram ouvi um grito horrorizado.

- AHHHHHHHHH! Ela está morta!
Fui para o canto da porta de saída quando percebi a multidão correndo, desesperada.Quando começou a diminuir o número de pessoas, comecei a procurar o lugar do início da confusão. Antes de encontrar, achei uma menina assustada.
- Tudo bem com você? Por que você não saiu da casa?
Quando cheguei mais perto, percebi que ela era uma fantasma, provavelmente confirmando que alguém tinha acabado de morrer mesmo. Ela estava ensaguentado e tinha um corte no pescoço.
- Como você pode me ver?
-Eu não sei, mas nasci assim. Eu vou te ajudar. Qual é o seu nome?
- Marisa.
- O meu é Elisa.
No mesmo segundo, escutamos algo que parecia uma briga. Fui em direção a briga e vi duas pessoas discutindo. Aquela do colar roxo e o "menino-meio-morto".
- Assassino!
Uma menina passou por nós, calma, sem nos notar. Achei muito estranho.
- Você que é assassina!
- Você matou aquela garota!
- Não! Eu não mato humanos!
Humanos?!
- Não foram eles quem me matou! Foi uma outra pessoa. Não sei quem, mas não foram eles! - A fantasma gritou.
- Isso não pode me ferir.
- Tem certeza?
Corremos até lá.
Chegando la
- PAREM OS DOIS! Não foi ele que matou a garota.
Expliquei tudo a eles e ainda tive que provar que via Marisa.
- 4381. É a senha do meu celular.
- 4381 - respondi.
- Funcionou! Ela está realmente aí? - Perguntou o menino, que estava vestido de Dracula, acho.
- Sim! E nós devíamos parar de brigar, já que nenhum de nós realmente a matou.
- É, talvez... - A garota, que estava vestindo uma roupa parecida com os das que as mulheres vestiam na idade média, concordou
- Meu nome é Elisa. E o de vocês?
- Filipe. - Respondeu o menino.
- Ana.
Ouvimos siremos e saimos correndo para não sermos pegos.

- Eu preciso sair daqui - pensei em voz alta.
- Você ainda está aqui? - perguntou um menino que eu havia conhecido no começo da festa.
- Sim, mas eu preciso sair daqui... Aff! Eu estou sem dinheiro pro Uber.
- Você mora longe? Vamos, eu te levo. Mas preciso voltar logo, já que o crime aconteceu na minha casa.
- Eu moro perto.
Marisa estava perto e disse:
- Muito obrigada. Mesmo.
- Tudo bem - respondi olhando para ela e depois para Hugh.
Entramos em seu carro e, olhando para trás, vi Marisa desaparecer.
Em um minuto estava em casa. As luzes estavam apagadas, então ninguém descobriu minha saída. Agradeci ao Hugh e entrei em casa. Deitei na cama e pensei no meu dia. Apenas um dia incomum, mas não para mim. Que Marisa esteja descansando em paz.

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