POV: Ana
- Ah não! - falei assim que reconheci seu sobrenome, Half - Você e Cameron são...
- Irmãos - Christopher completou.
- Porque você esconde isso de todo mundo?
- Porque Cameron não quer que ninguém saiba disso, mas nunca me disse por quê. Só sei que eu não posso desobedecê-lo.
- E os seus pais? - perguntei.
- Bom, eles... Estão mortos!
- Me desculpa, e-eu não sabia.
- Tudo bem - ele falou dando uma pequena risada.
- Mas isso complica tudo. Como você vai querer me ajudar com seu irmão na sua cola?
- A gente vai ter que bolar um plano...
- Depois de tudo que eu falei eles nunca vão me deixar entrar lá de novo. Você vai ter que fingir que está do lado deles. Até que a gente consiga provar que os puladores existem e...
- Você acha que nós vamos conseguir acabar com eles sozinhos? - ele perguntou com cara de espanto.
- Não sei! Eu não confio totalmente naqueles sobrenaturais.
- Está na hora de confiar! Não dá pra acabar com esses puladores sem a ajuda deles.
Permanecemos em silêncio por um tempo.
- É melhor eu ir embora...
- Ah, claro! - ele abriu a porta e acenou com a mão. Fiz o mesmo.
- Espera, você precisa de carona ou alguma coisa?
- Não, eu posso ir andando... Er, então Tchau!
- Tchau!***
Eu poderia ter aceitado a carona. Estava cansada de tudo que havia acontecido e o caminho não era tão pequeno. Cheguei em casa e tentei entrar sem que ninguém percebesse. Pelo visto não tinha ninguém em casa, menos mal. Subi as escadas pisando com as pontas dos pés para não fazer barulho, estava no último degrau quando...
- Filha! - "Ah, não". Era minha mãe - Finalmente você resolveu sair daquele quarto. Tá tudo bem? - Nem tinha me lembrado do feitiço que Lúcia havia colocado.
- Claro, mãe! Eu só tô com umas dores de cabeça, só isso! - continuei de costas para que ela não visse o estado das minhas roupas.
- Você precisa de alguma coisa? - percebi que ela estava andando em minha direção.
- NÃO! Não, eu tô bem, obrigada - continuei andando e rapidamente entrei no meu quarto.***
Acordei exausta e realmente com dor de cabeça. Chequei meu celular e tinham algumas mensagens, mas fui fazer outras coisas e nem me lembrei de ler.
- Ana! Aonde você vai? - minha mãe perguntou assim que coloquei a mão na maçaneta.
- Pra escola, oras! - respondi.
- Eu pensei que... Esquece! Que bom que está indo. Te vejo mais tarde.
Enquanto estava andando, recebi mais algumas mensagens e finalmente olhei meu celular.
[ 07:45 Elisa: Cadê você?
07:48 Elisa: Desistiu de estudar?
07:52 Elisa: Se não for vir pelo menos me responde!
07:52 Elisa: E se vier, é melhor vir rápido]
Apressei o passo e num instante cheguei na escola.
- O que foi isso, Elisa? Pra quê esse monte de mensagem? - falei assim que a encontrei.
- Olha! - ela apontou para umas pessoas.
- Que que tem... Espera! Aquele ali é o "Hugh"? - falei fazendo sinal de aspas.
- Não sei se eu colocaria essas aspas. Acho que é realmente ele - ela falou enquanto o encarava conversando com algumas pessoas.
- Não, não. Isso é impossível, o Filipe falou que...
- Eu sei o que ele falou, mas eu escutei um pouco da conversa de Hugh. Ele tá dizendo que não se lembra de quase nada que aconteceu com ele.
- Calma - falei enquanto discava um número - Atende logo!
- Alô - "finalmente", pensei.
- Filipe?
- Sou eu. O que quer?
- Você tem que vir para a escola agora!
- Eu? Escola? Eu não perco meu tempo mais com isso. Minha vida deixou de ser normal há muito tempo... Vocês deveriam fazer o mesmo.
- Escuta. Hugh, ele apareceu aqui.
- Hugh? Não acho que ele apareceria. E além disso, você é uma caçadora. Você da conta não é? Ou não?
- Ele está aqui sim. Tem muita gente falando com ele.
- Sério? Talvez ele tenha voltado ao normal. - Falei sarcasticamente - Sabemos que quando um pulador se apossa de um corpo, o "morador original" morre.
- Será? Espera ele está vindo em nossa direção - guardei o telefone no bolso, antes que ele visse - Oi Hugh, como está? - falei, era possível "ver" o nervosismo em mim voz.
- Vocês. Vocês sabem o que eu ouve? Eu tenho lembrado. Alguns flashes de memória... E vocês estavam lá. Antes dois pontos de luz, e agora eu vejo vocês...
- Não sei do que você está falando. - Elisa respondeu
- Não sabem? E quanto ao Treveli? Vocês sabem sobre ele não? Tem alguma coisa errada e eu vou descobrir - eu e Elisa nos entreolhamos.
- Não tem nada de errado, você deve ter batido a cabeça ou.... - tentei supor.
- EU NÃO BATI A CABEÇA! - Ele gritou. - Eu não sei o que aconteceu comigo.
- Calma! - falei, até que o telefone de Elisa começou a tocar.
- Filipe? - ela falou e logo em seguida passou o telefone para Hugh.
- Treveli?... Que? Espera! Ele desligou. Er... Foi bom falar com vocês, mas eu preciso resolver uma parada. Fui! - ele simplesmente falou e foi em direção à entrada da escola.
- A gente não deveria fazer alguma coisa? - Elisa falou.
- Tipo o quê?
- Sei lá segui-lo, ou falar com alguém?
- Falar com quem? E não é uma boa ideia segui-lo agora, você viu como ele estava nervoso e... - fui interrompida pelo sinal - Afff!
- Espera um pouco - ela recebeu uma notificação e pegou o celular - O quê? Olha isso!
[ 08:02 Filipe: Vocês devem sair da cidade agora.]
- Como assim? Ele não disse mais nada? - perguntei.
- Não só recebi isso. Olha se ele te mandou alguma coisa.
- Nada! E agora?
- Será que a gente simplesmente deve fazer o que ele falou?
Ficamos em silêncio por um tempo.
- O que vocês duas estão fazendo aqui até agora?
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Ascensão
FantasíaVocê não é o único por perto que esconde segredos. Uma vantagem pode se tornar uma fraqueza a qualquer momento. Ninguém é o que parece, nada é o que parece, e nem você é o que pensa que é. Qualquer coisa pode acontecer, ainda mais se tudo envolve br...